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Prefeito teria recebido até 20% de propina em obra de passarela em Guriri, diz PF

Prefeito teria recebido até 20% de propina em obra de passarela em Guriri, diz PF

Obra foi orçada em R$ 493 mil e foi realizada pela empresa de um dos presos na Operação Minucius, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (28)

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 18:55

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Prefeito de São Mateus foi preso em sua casa em São Mateus
Prefeito de São Mateus, Daniel da Açaí, foi preso em operação da Polícia Federal. (Divulgação)

Em um dos contratos investigados pela Operação Minucius – que prendeu na manhã desta terça-feira (28) o prefeito de São MateusDaniel da Açaí (sem partido) – a Polícia Federal apontou que o chefe do Executivo municipal teria recebido entre 10% e 20% de propina na construção das passarelas no balneário de Guriri. A obra recebeu recursos do Ministério do Turismo.

A empresa contratada para a construção dos 385 metros de passarelas de madeira foi a Multiface Serviços e Produções Ltda, do empresário Caio Faria Donatelli, que recebeu R$ 493,4 mil pela empreitada. Caio Donatelli também foi preso pela Polícia Federal nesta terça-feira.

De acordo com a investigação da PF e do Ministério Público Federal (MPF), os valores orçados eram, aparentemente, superiores aos que são praticados no mercado. A Polícia Federal também chamou a atenção para o valor elevado de pagamentos feitos pela Prefeitura de São Mateus à Multiface, que correspondem, atualmente, a R$ 26,6 milhões.

Prefeito de São Mateus e empresários são presos em operação da PF(Polícia Federal)

A investigação da PF apontou que houve movimentação atípica de dinheiro em espécie na empresa. Entre março de 2019 e novembro de 2020, a Multiface recebeu R$ 360,8 mil em depósitos em espécie, sendo que R$ 310,8 mil foram depositados pelo próprio administrador, Caio Donatelli.

A Multiface também é investigada pela Câmara de Vereadores de São Mateus, em uma CPI que apura o suposto envolvimento da empresa em fraudes no município.

EMPRESÁRIO PRESO COMPROU VOTOS EM ELEIÇÃO DA MESA DA CÂMARA DE LINHARES

Ainda segundo a investigação da Polícia Federal, Caio Donatelli também teria agido para fazer com que o pai, o vereador de Linhares Juarez Donatelli (PV), fosse eleito presidente da Câmara municipal em 2020. Caio foi flagrado, de acordo com a PF, articulando a compra de votos de outros vereadores. Juarez acabou não sendo escolhido para a Mesa Diretora.

O empresário conseguiu eleger, através da articulação com outras lideranças empresariais e partidárias, o vereador de São Mateus Kácio Mendes (PSDB), que foi escolhido pelos demais parlamentares como vice-presidente da Câmara. Kácio foi funcionário da Multiface. Em uma ligação telefônica interceptada pela PF, Kácio confirma a Caio que poderá interferir nas nomeações disponíveis na Câmara de São Mateus.

OUTRO LADO

A Gazeta entrou em contato com o pai de Caio, o vereador de Linhares Juarez Donatelli (PV). Ele disse que o filho foi prestar depoimento na Polícia Federal, mas que não recebeu voz de prisão. A decisão do TRF2, no entanto, determina prisão temporária, de cinco dias, de Caio Faria Donatelli.

Sobre a citação dele na investigação, o parlamentar disse que não vai se manifestar.

O advogado de Caio, Jayme Henrique, informou que o empresário está na Polícia Federal aguardando a audiência de custódia e deve se pronunciar após o resultado judicial.

O vereador de São Mateus Kácio Mendes (PSDB) confirmou que conhece Caio e que atuou por quatro meses em sua empresa, mas nega que o empresário tenha feito articulações em seu nome.

A Prefeitura de São Mateus disse que vai se manifestar quando tiver acesso aos autos do processo.

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