Menos de um mês após o início do mandato, o prefeito de São Gabriel da Palha, Thiago Rocha (PSL), já exonerou três secretários municipais. A saída do então titular da pasta de Saúde, Fabiano Marily, foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (3), justificada como "a pedido". O decreto tem efeito retroativo ao dia 28 de janeiro, mesma data em que foram publicadas as exonerações de Marcela Rossoni, ex-secretária de Assistência Social e esposa do prefeito, e João Carlos Peixinho, ex-titular da pasta de Obras.
Rossoni e Peixinho perderam os cargos após uma recomendação do Ministério Público Estadual. No texto, o promotor de Justiça Hudson Colodetti Beiriz apontou falta de capacidade técnica, no caso da primeira-dama e falta de idoneidade moral de Peixinho, que foi condenado à prisão, inicialmente em regime semiaberto, por crime contra a ordem tributária.
No mesmo texto, Beiriz cita a possibilidade de ausência de idoneidade moral também de Fabiano Marily. O promotor destaca que o agora ex-secretário responde a "processos de improbidade administrativa e uma ação penal por crime de licitação, além de um inquérito policial para apurar crime de organização criminosa, este sob sigilo de justiça". Diferentemente dos outros dois citados, no entanto, a promotoria não recomendou a exoneração de Marily.
A prefeitura respondeu, para o MPES, que o ex-titular da Saúde possui "conduta ilibada diante da ausência de trânsito em julgado das ações civis públicas por ato de improbidade administrativa", ou seja, argumentou que o ex-secretário não sofreu condenação judicial da qual não possa recorrer. Por uma busca no site da Justiça estadual, é possível encontrar 18 processos ativos envolvendo Marily, sendo dez de ações civis por improbidade.
A exoneração foi registrada como a pedido, ou seja, o comunicado oficial é o de que o próprio secretário decidiu sair. Apesar de estar fora do cargo desde o dia 28, a publicação foi feita no dia 3, também com a nomeação do substituto. Fabiano Ost é secretário interino e, de acordo com o decreto, assumiu a pasta no dia 29 de janeiro.
Fabiano Marily, que deixou o cargo de secretário de Saúde, disse que pediu ao prefeito para ser exonerado a fim de evitar desgaste à atual administração. Ele alega que os 18 processos citados pelo Ministério Público têm o mesmo objeto: a prestação de contas do Hospital Roberto Silvares de 2009, quando foi diretor da unidade.
"O processo foi dividido em vários itens, mas são sobre o mesmo assunto. Não tenho nenhuma condenação. Eu tenho consciência dos atos que pratiquei ao longo da minha vida. Peguei um hospital com depesas com seis meses de atraso. As medidas que tomei foram para salvar vidas, tive que tomar algumas decisões e agora estou pagando por isso. Mas, para evitar esse tiroteio na cidade, decidi me afastar da secretaria até o final do julgamento desses processos", explicou.
A reportagem procurou a prefeitura para questionar a demora para a publicação da exoneração, mas até a publicação não teve respostas.
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