O presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Erick Musso (Republicanos), cobrou, nesta quarta-feira (9), "explicações plausíveis" do governo do Estado sobre as suspeitas que pesam sobre a compra de álcool gel levantas na Operação Volátil, da Polícia Federal. Em publicação no Twitter, Erick deu até prazo, "até domingo".
E ainda registrou que, do contrário, vai debater com os demais deputados "para que a Ales possa chamar os responsáveis a prestar os devidos esclarecimentos à sociedade capixaba".
Erick Musso, recentemente, já esteve mais próximo do Palácio Anchieta. Em janeiro, pouco antes de ser reeleito para comandar o Legislativo com o apoio do governador Renato Casagrande (PSB), declarou publicamente que o socialista poderia contar com ele para "carregar o piano".
De lá pra cá, no entanto, as coisas mudaram. Erick Musso passou a adotar um discurso diferente do governista em relação às medidas de combate à Covid-19, por exemplo, alinhando-se a comerciantes e empresários pela flexibilização de normas.
O vice-presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos), no entanto, posicionou-se de forma contrária a Erick Musso. Aliado de Casagrande, Marcelo também foi ao Twitter falar da Operação Volátil, mas disse ser contra a convocação de integrantes do governo neste momento.
"A Polícia Federal, que conta com a confiança da maioria da nossa população, já está investigando as empresas envolvidas e o Estado sequer foi citado. Além disso, qualquer ação precipitada pode, inclusive, atrapalhar toda uma apuração tocada pelas autoridades competentes", escreveu.
A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a assessoria de Erick Musso para saber como se daria a convocação e quem seria convocado a se explicar aos deputados, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
A Secretaria de Estado da Saúde e a Casa Civil do governo do Estado também foram procurados, mas não houve retorno.
A Operação Volátil, deflagrada na segunda-feira (7), cumpriu mandados de busca e apreensão no Espírito Santo e apura suspeitas de superfaturamento e fraude na compra de 400 mil frascos de álcool gel, de 500 ml cada um, por parte da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) com verbas enviadas pelo governo federal em meio à pandemia de Covid-19.
A contratação da empresa Tantum para o fornecimento do produto também foi alvo do Tribunal de Contas da União (TCU), que não identificou sobrepreço, considerando que, na época, em 2020, o preço do álcool gel, devido à escassez, oscilava muito. Para a PF, no entanto, o governo poderia ter economizado. Além disso, aponta que houve fraude no documento de comprovação da capacidade técnica da empresa para fornecer a quantidade de álcool gel pretendida pelo governo.
Os frascos de álcool gel foram, no entanto, entregues pela Tantum. A um custo de R$ 6, 3 milhões.
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, ressaltou que a compra foi feita em momento de escassez e afirmou que "recursos públicos são sagrados". A Secretaria de Estado de Controle e Transparência também abriu procedimento para apurar a compra.
A Polícia Federal não indicou, até o momento, a participação de agentes públicos em eventuais irregularidades, o que pode ser descortinado pela continuidade das apurações.
Mesmo sem ser citado, no entanto, Casagrande tem consequências políticas com a operação. Antes da manifestação de Erick Musso, outros deputados já tinham criticado o governo na sessão da Assembleia Legislativa na terça-feira (8), um dia após a operação. Assim como fez Marcelo Santos no Twitter, parlamentares governistas defenderam o Executivo estadual na ocasião.
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