A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (29) a Operação Circus Maximus que investiga esquema de pagamento de propinas a diretores e ex-diretores do Banco Regional de Brasília (BRB), em troca de investimentos em projetos como o do extinto Trump Hotel, no Rio de Janeiro, hoje LSH Lifestyle. Entre os mandados de prisão em curso está o de Vasco Cunha Gonçalves, recém nomeado presidente do Banestes e presidente licenciado do BRB. As informações são da Folha de São Paulo e do Estadão.
A operação deflagrada nesta terça (29), acontece um dia depois de Vasco Cunha Gonçalves assumir o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). A posse do mais novo presidente aconteceu nesta segunda-feira (28).
A operação visa a desarticular uma organização criminosa instalada no Banco de Brasília (BRB) que, desde 2014, vem praticando, junto com empresários e agentes financeiros autônomos, crimes contra o sistema financeiro, corrupção, lavagem de dinheiro, gestão temerária, entre outros, afirma a Procuradoria.
MANDADOS NO ES
De acordo com o Ministério Público Federal em Brasília, são "executados mandados de prisão temporária e preventiva, além de busca e apreensão de documentos, aparelhos eletrônicos e telefones celulares em endereços comerciais e residenciais no Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo".
Segundo informações do jornal, dirigentes do BRB receberam pelo menos R$ 16,5 milhões em subornos para que liberassem recursos de fundos de pensão de estatais e de órgãos públicos, administrados pelo banco, e da própria instituição financeira para os projetos que davam prejuízo e não passavam por análise técnica adequada, entre eles o do hotel.
FILHO E NORA DE ATOR
A PF cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão contra dirigentes atuais e já afastados do BRB, expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Além do presidente do Banestes, há mandados de prisão contra os diretores Financeiro e de Relações com Investidores do BRB, Nilban de Melo Júnior, e de Serviços e Produtos, Marco Aurélio Monteiro de Castro.
Também são investigados no caso Diogo Cuoco e Adriana Cuoco, respectivamente filho e nora do ator de telenovelas Francisco Cuoco, e Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do general João Baptista Figueiredo, último presidente brasileiro na ditadura militar (1979-1985).
CONVITE PARA CAMAROTE DO ROCK IN RIO
Até o começo de janeiro, Vasco Cunha Gonçalves era o diretor-presidente do Banco de Brasília (BRB), função que desempenhou nos últimos quatro anos. Funcionário de carreira, ele ocupou diversos cargos na instituição financeira, como o de diretor do Fundo de Pensão, superintendente financeiro, de governo e de recuperação de crédito, e superintendente de controladoria.
Segundo informações da Folha de São Paulo, as investigações sustentam que Vasco chegou a receber propina até por meio de um convite para curtir o camarote do Rock in Rio 2015. A própria atração, cujo custo para acesso ao camarote VIP certamente possui valor econômico acima de qualquer patamar que possa ser considerado um valor irrelevante, constitui vantagem indevida, diz relatório da investigação ao qual a Folha teve acesso.
Vasco Cunha Gonçalves tem 49 anos, é formado pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) em Administração, com habilitação em Comércio Exterior e é pós-graduado em Finanças, pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC).
O OUTRO LADO
Por nota, a assessoria de imprensa do Banestes informou que foi pega de surpresa com a operação e que será escolhido um novo nome para o cargo de presidente do banco.
"1-O nome de Vasco Cunha Gonçalves foi aprovado pelo Banco Central, que promove rigorosa análise dos currículos dos indicados para bancos públicos.
2-A operação estava em segredo de Justiça e o Governo foi, assim, surpreendido pelos fatos.
3-Como determina o estatuto do Banestes, seu Conselho Administrativo se reunirá hoje, até o final da tarde, para escolher, entre os atuais diretores, quem assumirá interinamente a presidência, até que o novo presidente seja escolhido e nomeado", esclarece a nota.
O Gazeta Online também procurou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal em Brasília para mais detalhes sobre a operação, mas ainda não teve retorno.
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