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Presidente Kennedy: uma cidade à mercê da política dos Quinta

Presidente Kennedy: uma cidade à mercê da política dos Quinta

Anos após prisão do tio, em 2012, prefeita e companheiro são alvos da Operação Rubi

Publicado em 11 de maio de 2019 às 02:15

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Reginaldo Quinta é ex-prefeito de Presidente Kennedy e já foi preso; José Augusto, secretário, e a prefeita Amanda Quinta, sobrinha de Reginaldo. (Montagem | Gazeta Online)

Ao longo dos três últimos mandatos, o sobrenome Quinta impera na rica cidade de Presidente Kennedy, campeã na arrecadação de royalties de petróleo no Espírito Santo. Mas foi justamente nesse período que o comando do município, passado do tio Reginaldo Quinta (DEM) para a sobrinha Amanda Quinta (PSDB), tornou-se o centro de escândalos políticos, que incluem rombos milionários aos cofres públicos.

Em meio aos problemas de gestão e aos conflitos protagonizados por membros do próprio clã familiar, a cidade segue sobrecarregada por problemas, que afetam os serviços básicos prestados à população.

Presidente Kennedy voltou aos holofotes esta semana após a atual prefeita, Amanda, ter sido presa em flagrante durante a Operação Rubi, deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MPES). Ela estava em casa no momento em que uma mochila com dinheiro, supostamente propina, foi deixada por um empresário. Mas a trajetória de escândalos na pequena cidade tem início em 2012, quando o tio de Amanda e então prefeito, Reginaldo Quinta, foi preso pela Polícia Federal acusado de chefiar uma quadrilha que desviou R$ 55 milhões dos cofres do município.

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Reginaldo teve o mandato cassado. Na reta final das eleições daquele mesmo ano, desistiu de sua candidatura, encampando o nome da sobrinha para substituí-lo no pleito. No entanto, a união familiar que alçou Amanda à chefia do Executivo com 57,65% dos votos não durou muito. 

ROMPIMENTO

Nas eleições de 2016, Reginaldo e Amanda tornaram-se rivais declarados na disputa pela Prefeitura de Kennedy. Críticas públicas de um para o outro tornaram-se comuns, ao ponto de Reginaldo pedir “desculpas” por tê-la indicado ao cargo.

Mas o conflito começou antes e teve como pivô José Augusto de Paiva, o companheiro de Amanda. É o que sustenta o ex-vereador Bruno das Neves Silva (PHS), o Brunão do Povo.

“O Reginaldo levou José Augusto para Kennedy para fazer parte do primeiro escalão dele. Mas José Augusto se envolveu com Amanda e passou a controlar as ações dela depois que ela assumiu a cidade”, relembra.

Segundo Bruno, por influência de José Augusto, Amanda deixou a casa na qual morava com o tio logo após tornar-se prefeita. À medida que não seguia mais as vontades de Reginaldo, a relação familiar se estremecia. Em entrevista concedida para A GAZETA em 2016, o próprio Reginaldo afirmou que a sobrinha se afastou em função do companheiro.

José Augusto, que era secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, também está preso. “Amanda é fantoche. O prefeito mesmo é José Augusto”, enfatiza o ex-vereador Bruno. Mas ele não é o único. Um aliado da prefeita, que não quis se identificar, afirmou o mesmo.

O presidente da Câmara de Presidente Kennedy, Thiago Viana (PTN), que faz oposição a Amanda, diz que tentou trabalhar junto com a prefeita no início do mandato, mas as tentativas não foram à frente pela interferência de José Augusto. “No começo eu procurei a Amanda várias vezes, mas quem falava comigo era ele. Mas ele também não queria nos atender, então viramos oposição. Algumas pessoas na rua estão felizes com a saída dele. Ele era metido, intransigente”, avalia.

Já a vereadora Tania Fontana (PRP) elegeu-se no palanque de Amanda, mas também se afastou por motivo semelhante. “O marido dela tomava conta de tudo. Começamos a ter problemas aí, com programas que precisávamos desenvolver, votar, e ele sempre foi muito imperativo, tinha que ser do jeito dele”, conta.

Tania critica a falta de avanços. “Com tanto dinheiro, deveríamos estar num patamar melhor de saúde, educação. Mas as obras começam e não terminam. A prefeitura não tem sede, crianças estudam em casas alugadas porque falta escola”, reclama.

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A defesa de Amanda alega que não houve crime e que o dinheiro encontrado na casa da prefeita nada tem a ver com o objeto da investigação da Rubi.

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