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Preso, assassino de Camata recebeu conselho espiritual de ex-pastor que matou crianças

Preso, assassino de Camata recebeu conselho espiritual de ex-pastor que matou crianças

O assassino confesso do ex-senador Gerson Camata, Marcos Venicio Moreira Andrade, informou que divide cela com Georgeval Alves Gonçalves, que vai sentar no banco dos réus pelo assassinato do filho e do enteado

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 10:03

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Marcos Venicio Moreira Andrade e George Alves
Marcos Venicio Moreira Andrade, assassino confesso do ex-governador Gerson Camata, e Georgeval Alves, ex-pastor que matou filho e enteado, dividem a mesma cela. (Sesp/Fernando Madeira)

Durante depoimento no final da noite desta terça-feira (3), Marcos Venicio Moreira Andrade, assassino confesso do ex-governador e ex-senador Gerson Camata, relatou que recebeu “orientação espiritual” do ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves, com quem divide uma cela no Centro de Detenção Provisória de Viana (CDP) de Viana ll.

O ex-pastor está preso desde 2018. Ele já foi pronunciado – decisão que o encaminha para enfrentar o Tribunal do Júri popular –, por homicídio duplamente qualificado, estupro de vulneráveis e tortura praticada contra o filho Joaquim, de 3 anos, e o enteado Kauã, de 6. O crime ocorreu em Linhares e o julgamento ainda não ocorreu em decorrência de recursos impetrados.

Durante os questionamentos dos promotores e aos assistentes de acusação, Marcos Venicio relatou: “Não sei por que Deus não interveio”, disse, ao se referir ao momento em que atirou contra o ex-senador. Informou ainda que teve várias conversas sobre o assunto com o ex-pastor, depois que se tornaram companheiros de cela.

Ao ser interrogado pelo advogado de defesa, Homero Mafra, o assassino de Camata contou ainda sobre o que sentiu após o crime: “Não sei se sentia uma tranquilidade aparente ou se estava apavorado”.

Neste momento o réu foi questionado pelo assistente de acusação, Renan Salles, que perguntou quem seria o pastor com quem conversa, e ele revelou ser Georgeval. Houve até um pequeno debate, com Mafra destacando que o ex-pastor não estava em julgamento àquela hora.

Marcos Venicio não chegou a relatar quais exatamente foram os conselhos espirituais que recebeu de Georgeval.

Marcos Venicio reafirmou que não sabia que tinha matado Camata quando foi conduzido para a delegacia, após ter sido preso em flagrante. “Como ele passou ao meu lado, após eu ter atirado, não sabia se tinha sido atingido. Não ouvi nenhum barulho”, disse, ao se referir ao disparo, acrescentando: “Nunca imaginei tirar a vida de alguém”, disse.

O interrogatório do réu foi interrompido algumas vezes, enquanto Marcos Venicio chorava ao relatar os fatos do dia do crime e como era a sua vida quando trabalhava para o ex-senador.

“Achava que ia viver eternamente com esta família. Eu os considerava a minha família. Fiquei 20 anos sem ver o meu irmão”, contou.

Ao ser questionado por Mafra sobre o que o levou a efetuar o disparo contra Camata, disse que ainda se faz essa pergunta. “Sinceramente, eu não sei. Fico imaginando se não foram todos os xingamentos, se não foi a ingratidão, o abandono. Não acreditei que, realmente, tinha acontecido aquilo”.

SEGUNDO DIA DO JULGAMENTO

Rita Camata chega com a família e o assistente de acusação Ludgero Liberato(Rodrigo Gavini)

O julgamento de Marcos Venicio começou por volta das 9h40 de terça e seguiu, com breves intervalos, até aproximadamente 23h. O júri popular foi retomado nesta quarta (4).

De acordo com o promotor de Justiça Rodrigo Monteiro, pela manhã começam os debates. A acusação vai poder falar por 1h30. O mesmo tempo vai ser destinado à defesa. E pode haver ainda 1 hora de réplica para cada uma das partes.

O dia deve contar com um intervalo para almoço e a expectativa do promotor é que o julgamento chegue ao fim por volta das 17h.

O CRIME

O crime ocorreu no dia seguinte ao Natal, em 26 de dezembro de 2018. Gerson Camata havia acabado de comprar um livro e cumprimentava conhecidos em uma calçada na Praia do Canto, em Vitória, quando foi abordado por Marcos Venicio, ex-assessor dele. Aos 77 anos, o ex-governador foi morto com um tiro, um crime que chocou o Espírito Santo.

Marcos Venicio foi detido em flagrante horas depois do assassinato e, no dia seguinte, a prisão foi convertida em preventiva. Ele é mantido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II.

Em 2019, o ex-assessor confessou o crime em interrogatório prestado ao juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Na ocasião, afirmou que não premeditou o crime e que saber que tirou a vida do ex-chefe é uma “tortura diária”.

"O presídio é muito duro, mas mais duro ainda é saber que tirei a vida dele", disse Marcos Venicio, de acordo com a transcrição das declarações prestadas por ele em juízo, na época. Assessor de Camata por 20 anos, Marquinhos foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPES) pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.

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