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Primeiro voto: jovens buscam renovação não só de candidatos, mas de ideias

Primeiro voto: jovens buscam renovação não só de candidatos, mas de ideias

Estreantes, eles querem inovação nas propostas para saúde e educação, áreas consideradas prioritárias também pelas gerações anteriores

Publicado em 25 de julho de 2020 às 06:00

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Thalita Vitória Goulart, moradora de Rio Marinho, em Cariacica, foi fotografada na rua do seu bairro, com o título de eleitor em mãos
Thalita Vitória Goulart, moradora de Rio Marinho, em Cariacica, votará pela primeira vez neste ano . (Fernando Madeira)

A estudante do ensino médio Thalita Henrique Goulart mal acabou de completar 17 anos e já possui o título de eleitor. Ela não seria obrigada a votar neste ano – o voto é obrigatório apenas aos 18 – mas a pressa reflete o valor que ela deposita nesse direito. "É a forma de exercer a minha cidadania e tentar trazer algum tipo de mudança direta ou indireta para onde eu moro", afirma a moradora de Rio Marinho, Cariacica.

Thalita faz parte dos 55.440 jovens, entre 16 e 19 anos, que vão às urnas pela primeira vez em 2020 no Espírito Santo. A quantidade é superior ao eleitorado de um dos municípios da Região Metropolitana de Vitória. Em Viana, o número total de pessoas aptas a votar é de 48.798, de acordo com a última atualização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES).

A eleição para esses novos eleitores é atípica. Além da crise econômica e sanitária vivida em todo o país, o primeiro turno do pleito foi adiado para 15 de novembro nos municípios devido à pandemia do novo coronavírus. Antes estava marcado para o dia 4 de outubro, primeiro domingo do mês, como estabelece a Constituição Federal. Os jovens confessam que o momento atual traz certo desânimo e incertezas na política, mas afirmam ter bem definido o que querem dos candidatos: ideias novas.

Do grupo de jovens entrevistados por A Gazeta, a renovação foi citada por quase todos como algo essencial e que vai ser priorizado nas eleições municipais. Eles se mostraram, de certo modo, engajados com a política, apesar da inexperiência nas urnas.

Um deles é o estudante de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Breno Basseti Alexandre, 19 anos. Apesar de morar em Vitória, ele é de Linhares, município do Norte do Estado. É lá que Breno vai votar pela primeira vez. O objetivo é encontrar candidatos tanto para prefeito quanto para vereador que sejam contra o que ele cresceu vendo nas eleições na cidade: a velha política, afirma o jovem.

"Muita gente aqui vota por afinidade, amizade com o candidato ou troca de favores. As pessoas visam os interesses próprios e eu pretendo fugir totalmente disso. Acho importante ter pessoas novas na Câmara, candidatos mais próximos ideologicamente da minha geração e que não façam parte desse jogo de interesse", diz o estudante.

Breno mora em Vitória, mas vota em Linhares, onde nasceu
Breno Basseti Alexandre, 19 anos, vai votar pela primeira vez nas eleições municipais em Linhares. (Arquivo Pessoal)

Renovação, contudo, não é sinônimo de idade. Breno avalia que há candidatos jovens que dão continuidade a políticas velhas e conservadoras. "Há muitos jovens eleitos com ideias e práticas ultrapassadas e isso acaba não representando meus ideais. Então, para mim, a renovação parte dos valores e da visão que o candidato apresenta e não da idade que ele tem. É assim que eu pretendo votar", destaca.

A mesma lógica deve ser seguida pelo jovem de 18 anos Celso Almeida de Bezerra Júnior. Morador da Serra, maior colégio eleitoral do Estado, não lhe faltará opções na hora de votar. Ele diz não ter problemas em escolher um candidato mais experiente, desde que mostre, por meio de propostas e atitudes, que é adepto a práticas que ele concorda, entre elas, o combate à corrupção.

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O voto é uma arma importante para combater a corrupção. Não podemos aceitar que isso seja algo comum na política. A sociedade está mudando e, com ela, as necessidades das pessoas. Os candidatos, sejam novos ou mais velhos, precisam acompanhar essas mudanças

Celso Almeida de Bezerra Junior
Estudante
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Com essa ideia de inovação em mente, Thiago José Dias Pianissola, 18 anos, pretende buscar um representante com um olhar mais voltado para a diversidade. Ele acredita que mudanças efetivas só acontecem aumentando a representatividade das minorias nos espaços políticos. "Pretendo priorizar ideias de candidatos jovens, mulheres, negros e LGBTs. Essas pessoas podem trazer olhares diferenciados e projetos inovadores", comenta o jovem que mora em Vila Velha.

EDUCAÇÃO E SAÚDE COMO PRIORIDADE

Se na escolha por candidatos um dos anseios desses jovens eleitores é o diferente, o novo, na busca por propostas as áreas consideradas como prioritárias não diferem muito das de outras gerações. Investimentos em saúde e em educação sempre estiveram na lista de principais demandas da população. Com a pandemia, a importância desses serviços ficou ainda mais clara para os jovens.

"Saúde e educação são setores básicos que precisam de atenção. Um deles salva vidas e o outro muda vidas. Se uma criança não tem acesso ao ensino, isso vai impactar em diversos setores da vida dela", opina Letícia da Nóbrega, 18 anos, moradora da Praia do Canto, em Vitória.

Para ela, há falhas na forma como os que ocupam cargos no poder público têm visto as necessidades da população nessas áreas. E, sobretudo, como tentam resolver os problemas.

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Investir em educação não é construir escola. Da mesma forma de investir em saúde não é fazer pronto-atendimento. A necessidade nem sempre é de estrutura física

Letícia da Nóbrega
Estudante
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Celso concorda: "Eu realmente espero ver propostas que vão além de construções de quadras para entretenimento na Serra, que haja formulação de algum sistema que possa auxiliar as pessoas mais afetadas pela sociedade, como mulheres e crianças".

Celso de Almeida Bezerra Junior, Morador de Colina de Laranjeiras na Serra, foi fotografada na rua do seu bairro, com o título de eleitor em mãos
Celso de Almeida Bezerra Junior espera propostas que vão além de construções de estruturas físicas na Serra. (Ricardo Medeiros)

Para quem vive nas áreas mais periféricas, como é o caso do estudante João Guilherme Nascimento Nossa, de 17 anos, a busca é também por propostas que tragam mais segurança para os moradores. Ele vive na Serra, município que, por muitos anos, deteve os maiores índices de violência do Estado.

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Eu quero poder sair na rua sem ter medo de morrer, quero ter segurança. Mas segurança não é sinônimo de polícia na rua e isso, às vezes, acaba trazendo mais medo para quem vive na periferia

João Guilherme Nossa
Estudante
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"Vou buscar um candidato que tenha uma vivência social ampla, que tenha propostas na área social e que saiba que o tráfico de drogas é perigoso e que a violência policial existe. Sei que não é um trabalho rápido, mas enquanto a gente continuar apostando o nosso voto em quem faz o mesmo sempre e tem uma visão preconceituosa sobre o assunto, essa realidade não vai mudar", completa.

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