O PSB foi a sigla que registrou o maior número de candidatos para as Eleições 2024 no Espírito Santo entre postulantes aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, totalizando 907. Levando apenas o número de candidatos a vereador, a legenda também lidera o ranking no Estado, com 844. Já em quantidade de candidatos a prefeito, o primeiro posto é ocupado pelo PL, que lançou 50 nomes.
Completam o pódio dos partidos por total de candidatos o Podemos, com 890 (entre 26 candidatos a prefeito, 22 a vice-prefeito e 842 a vereador); e o Progressistas, com 860 (sendo 27 candidatos a prefeito, 23 a vice-prefeito e 810 a vereador).
O levantamento foi feito por A Gazeta com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, 25 dos 29 partidos existentes no Brasil lançaram candidaturas no Estado. Ficaram de fora apenas as siglas de esquerda: PSTU, PCB, PCO e UP.
Em conversa com A Gazeta, o professor de História Filipe Savelli, pesquisador e membro do Laboratório de História das Interações Políticas Institucionais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), ressalta que o PSB é o partido do governador Renato Casagrande e tem especial destaque nos pleitos estaduais pelo menos desde 2006, quando Casagrande foi eleito senador.
“Além de ser o partido do governador, é um partido que detém a máquina do Governo do Estado. Então é um partido de grande penetração estadual, principalmente no interior. Como o governador se elege, se reelege? Com seus cabos eleitorais, que são também vereadores, prefeitos e vice-prefeitos", comenta Savelli.
"São pessoas que, na próxima eleição, se Casagrande decidir alçar outros voos, vão encampar sua campanha dentro das máquinas públicas. Então a presença de Casagrande influencia muito nesse alto número de candidatos”, acrescenta.
O PL, por sua vez, lançou o maior número de candidatos a prefeito e lidera também em número de vices nas chapas majoritárias. Em julho, em entrevista à coluna de Letícia Gonçalves em A Gazeta, o presidente estadual da legenda, senador Magno Malta, afirmou que a sigla pretendia lançar “um pouco mais de 50” candidatos ao Executivo. O número acabou ficando em exatamente 50.
"Guardadas as devidas proporções, a Capital vale tanto quanto uma cidade de 20 mil habitantes. Vou dar prioridade, com a mesma intensidade, a todos os candidatos", declarou o senador, na ocasião.
Questionado sobre quantos prefeitos o PL deveria eleger no Estado ou se haveria uma meta numérica, Malta disse que o objetivo do partido não está em 2024. “Nós estamos fazendo a campanha nos preparando para 2026. Vamos trabalhar muito em 2024, mas com foco em 2026. Não tenho ideia de quantos vamos eleger. Queremos, em 2024, formar um grande exército para a volta do presidente Jair Bolsonaro em 2026”.
Savelli, porém, questiona essa estratégia. “O PL, mesmo com o Magno Malta, o grande líder, pessoa de experiência política, atua às vezes parecendo ser um partido novo na política, no sentido de não compreender essas ações no interior. Acreditam fielmente que seu candidato nacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro, será capaz de inflar suas candidaturas no futuro. Acreditam nessa estratégia. Eu não acredito nela totalmente, porque entendo que a regionalidade vai alterar o jogo político ao longo dos anos”, pondera o pesquisador.
No ranking dos que lançaram mais candidatos a prefeito, o PSB aparece em segundo lugar, com 37, e o Progressistas em terceiro, com 27. O presidente estadual dos socialistas, Alberto Gavini, foi procurado para comentar os dados, mas não retornou o contato da reportagem.
Já na lanterna, o Cidadania foi o partido que lançou menos candidatos em todo o Estado, apenas 21, sendo 20 candidatos a vereador e apenas um candidato a prefeito, sem nenhum postulante a vice-prefeito.
A legenda, porém, está em federação com o PSDB, que é o oitavo partido da lista em total de candidatos (556), 11º em número de candidatos a prefeito (8, empatado com Democracia Cristã e Psol), sexto em candidatos a vice-prefeito (19, empatado com Republicanos) e oitavo em candidatos a vereador (529).
O ano de 2024 marca a estreia das federações partidárias nas eleições municipais. Na prática, as federações atuam como um único partido no país todo, por um prazo de ao menos quatro anos, e apresentam seus candidatos em conjunto - os partidos precisam dividir entre si a chapa de candidatos a vereador, por exemplo.
Em nota à reportagem de A Gazeta, o deputado estadual e presidente estadual do PSDB, Vandinho Leite, avaliou os números da sigla como positivos. “O PSDB é um partido consolidado nacionalmente, conhecido e reconhecido pela sociedade. E, apesar dos desafios, principalmente após as eleições presidenciais, onde perdemos espaço, nos posicionamos bem aqui no Estado, com um número relevante de candidaturas para prefeitos, vices e vereadores”, disse ele.
E complementou: “Em relação ao Cidadania, entendo que a troca de direção após o prazo final de filiações para candidaturas impossibilitou que o novo presidente, Luciano Rezende, realizasse um trabalho mais amplo e se posicionasse melhor no ranking de candidaturas”. Procurado, o ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania) não retornou o contato da reportagem.
Filipe Savelli avalia que a sigla passa por um processo de esvaziamento no Espírito Santo. “É um esvaziamento de quadros partidários e o enfraquecimento de alguns, como o ex-prefeito Luciano Rezende e o ex-prefeito [de Cariacica] Juninho, que saíram dos holofotes políticos e não deixaram sucessores. O Cidadania tem o esvaziamento político desses quadros capazes de capilarizar, conectar, e por isso está com tão poucas candidaturas”.
Entre os que lançaram menos candidatos no Espírito Santo, aparecem na sequência o PCdoB, com 58 (um para prefeito, cinco para vice-prefeito e 52 para vereador) e o Avante, com 64 (três para prefeito, três para vice-prefeito e 58 para vereador).
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