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Psol cresce e União encolhe em 4 anos no ES; veja filiados por partido

Psol cresce e União encolhe em 4 anos no ES; veja filiados por partido

Levantamento feito por A Gazeta com dados do Tribunal Superior Eleitoral mostra as legendas que mais ganharam e as que mais perderam filiados entre 2020 e 2024

Publicado em 19 de julho de 2024 às 11:05

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Psol foi o partido que mais cresceu, enquanto o União Brasil foi o que mais perdeu filiados em quatro anos no Espírito Santo
Psol foi o partido que mais cresceu, enquanto o União Brasil foi o que mais perdeu filiados em quatro anos no Espírito Santo. (Arte A Gazeta)

Partido Socialismo e Liberdade (Psol) foi o que mais cresceu no Espírito Santo em quatro anos, enquanto o União Brasil, surgido da fusão entre o Partido Social Liberal (PSL) e o Democratas (DEM), em 2021, foi o que mais encolheu em território capixaba. Esse resultado faz parte de levantamento de A Gazeta a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O que você vai ver abaixo:

A reportagem cruzou informações do painel de filiação partidária mensal, de junho de 2020 e de 2024, o último mês com informações disponibilizadas pelo TSE. Durante o processo de comparação, foi considerado que algumas legendas trocaram de nome e outras se fundiram nos últimos anos, sendo necessário somar a quantidade de filiados que tinham há quatro anos. No infográfico a seguir, essas siglas aparecem com um asterisco.

Em 2020, o Psol contava com 1.663 filiados no Espírito Santo, e agora está com 2.476, um aumento de 48,89%. Na sequência aparecem Novo, PL e o Partido da Causa Operária (PCO). Por ser considerado partido nanico, o PCO também figurou no topo da lista ao registrar 44 novas filiações, o equivalente a mais de 26% de todos os seus filiados. Em quinto lugar aparece o Partido dos Trabalhadores (PT) entre as legendas com os maiores crescimentos. 

Em conversa com A Gazeta, o professor de História Felipe Savelli , pesquisador e membro do Laboratório de História das Interações Políticas Institucionais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que Psol, Novo, PL e PT são as únicas siglas que conseguem hoje unir duas dimensões políticas: ideologia partidária forte e líderes carismáticos, aquela pessoa norteadora que “encarna” o que é defendida na legenda na qual está filiada.

“O PL de Jair Bolsonaro e o PT de Lula são isso, partidos com posições definidas e com líderes evidentes, já o Psol e o Novo são partidos ideológicos, que servem como linha auxiliar ao outros dois, sendo o Psol ao PT e o Novo ao PL, que podem realizar críticas, mas na hora da eleição se unem”, contextualiza.

Savelli ressalta, no entanto, que durante os períodos entre as eleições o Psol e Novo preferem manter uma certa distância de suas lideranças, entendendo as rejeições que cada uma delas têm.

União Brasil é o partido que mais encolheu

Fundado em 2021 a partir da fundação do PSL, partido em que Jair Bolsonaro se filiou em 2018 para disputar as eleições presidenciais, e o DEM, que tinha como um de seus expoentes o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Maia (RJ), o União Brasil perdeu quase 35% dos seus membros entre 2020 e 2024.

Em 2019, como noticiado por A Gazeta, já havia o temor de que a desfiliação de Bolsonaro do PSL poderia implodir a sigla no Espírito Santo, inclusive com políticos capixabas, como Capitão Assumção, Danilo Bahiense, Carlos Manato e Torino Marques já sinalizando que iriam seguir os passos do ex-mandatário. 

Na avaliação de Felipe Savalli, a presença de Bolsonaro e Maia fez com que esses partidos agregassem grande número de filiados. O DEM, por exemplo, contava com 14.876, enquanto o PSL tinha 9.307 em 2020. Somados, reuniam 24.193 filiações, número que caiu para 15.825 em 2024.

“Em 2019, Bolsonaro sai do PSL para criar um novo partido, o Aliança pelo Brasil, e não consegue. Já o DEM era o partido de Rodrigo Maia, visto como um traidor pelos bolsonaristas, pois quando veio a fusão partidária, permitiu que mandatários saíssem da sigla. Então, o União Brasil ficou descaracterizado ideologicamente por um tempo. Com a saída do Rodrigo Maia e sua ala, ACM Neto (ex-prefeito de Salvador e secretário-geral do União Brasil) e Ronaldo Caiado (governador de Goiás) ditaram as regras”, explica o historiador.

No entendimento de Savelli, os bolsonaristas que estavam nesses partidos no Espírito Santo acabaram migrando para o PL e para o Republicanos, com medo da rejeição do eleitorado e carregaram a militância consigo. Atrás do União Brasil, aparecem o Cidadania (-11.34%), o Mobiliza (-10.06%), chamado Partido da Mobilização Nacional (PMN) até 2021, além de PSTU (-9,59%) e PCdoB (-6,33%), com as maiores quedas de filiações. 

Os candidatos à Presidência Lula (PT) e Jair  Bolsonaro (PL) participam do debate na Band neste domingo (16)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) chamam a atenção dos interessados em se filiar a partidos políticos no Brasi. (Renato Gizzi/ Photo Premium/ Folhapress)

PT cresce e se torna segundo maior partido

Em número total de filiados, o PT aparecia na quinta colocação em 2020, com 24.317 filiações, mas passou a ocupar o segundo lugar em 2024, com 29.110. Esse crescimento pode ser explicado pela eleição de Lula para o terceiro mandato como presidente, mas também pelo fenômeno do bolsonarismo, segundo o historiador ouvido pela reportagem.

“O PT sempre teve grande número de simpatizantes, mas que não eram filiados. Muitos petistas se sentiram na ‘obrigação’ de se filiar para ajudar nesta disputa. A polarização levou esse espírito de disputada ao maior nível, e como disse simpatizantes se sentindo na obrigação de entrar no partido”, destaca.

Na frente do PT aparece o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que tanto em 2020 como em 2024 continua sendo o partido com maior número de filiados no Estado.

“Vale ressaltar que o MDB, herdeiro do PMDB que veio do outro MDB do período de 64, dominou a política capixaba nos anos 80 com Gerson Camata e Max Mauro, e depois ainda teve Paulo Hartung, como governadores, e inúmeros senadores como Camata, João Calmon e Rose de Freitas. O partido também sempre teve boa adesão no interior, dominando as eleições municipais por anos, portanto não é de assustar, pois no auge político do partido os caciques políticos brigavam pelo controle do partido em suas estâncias municipais e estaduais”, ressalta o historiador.

Savelli alerta, no entanto, que para vencer disputas internas no partido, é necessário contar com apoio de filiados nas assembleias partidárias. Com isso, segundo o pesquisador, filiavam-se até pessoas sem ligação direta com a legenda. “Mandatários pegavam e filiavam todos os seus parentes, e muitas pessoas não sabem que estão filiadas, porque esse número de filiados não está se transformando em resultados eleitorais, logo não sabemos se de fato são números ativos reais”.

Surgimento de novo partido de extrema-esquerda

Em um cenário de mudanças de sigla e junções de partidos, surgiu o Unidade Popular pelo Socialismo (UP), fundado em 2016 e registrado oficialmente em 2019. Até 2020, a sigla não contava com filiados no Estado, mas em 2024, já conta com 20 nomes.

“O UP surge na deriva de vários movimentos sociais que entenderam que os partidos de esquerda não estavam a serviço da revolução, eram partidos burgueses. O UP vem nessa linha revolucionária, mas acima de tudo trouxe juventude já organizada, como o Movimento Correnteza”, alega Savelli.

O historiador reforça que sempre surgem novos partidos, que podem acabar não tendo grande êxito caso não entrem na lógica partidária.

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