A polêmica fala do senador Magno Malta (PL-ES) sobre o caso de racismo contra o jogador Vinícius Junior do Real Madri causou revolta em alguns partidos, que prometem entrar com representação no Conselho de Ética do Senado e com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF). O fato aconteceu na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), na tarde da última terça-feira (23).
Líder do PT no Senado, o parlamentar pelo Espírito Santo Fabiano Contarato afirmou em nota divulgada à imprensa que vai apresentar ao Supremo a abertura de inquérito por injúria racial, chamando as declarações de Malta de racistas.
"Durante seu comentário, Malta fez diversas declarações injuriosas, incluindo uma pergunta sobre 'onde estariam os defensores da causa animal que não defendem o macaco?", fazendo uma comparação notoriamente utilizada em falas racistas', disse em Contarato, em nota, ao acrescentar ainda:
Psol afirmou, na tarde desta segunda-feira (23), que entrará com uma representação contra o senador Magno Malta (PL-ES) no Conselho de Ética do Senado e também com uma notícia-crime junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Pelas redes sociais, o líder do Psol na Câmara, Guilherme Boulos, confirmou que vai representar contra o senador. "É uma vergonha que um sujeito desse represente o povo brasileiro. Uma amostra do nível da oposição bolsonarista que o Psol enfrenta todos os dias no Congresso."
No plenário do Senado, durante a sessão conduzida horas depois da reunião na CAE, Magno Malta se defendeu das acusações de racismo e falou que estavam interpretando a fala dele de forma equivocada. "Racismo é nefasto, é criminoso. Essa é a minha posição."
Na reunião do CAE, o senador fez um contraponto às manifestações de apoio ao jogador e questionou a ausência de defensores dos macacos, a quem o atacante brasileiro foi comparado pela torcida do time adversário, o Valencia.
Segundo o parlamentar, as matérias de repercussão do fato estão "revitimizando" o atleta, porque o assunto "dá Ibope pra ganhar mais patrocinador". Vini Jr seria um "instrumento para esses vagabundos fazerem dinheiro", disse Magno, referindo-se à imprensa.
Na última partida pelo Valencia, no domingo (21), Vinícius Jr. foi chamado de "mono" (macaco, em espanhol) por torcedores do time, desde antes de entrar no gramado. Sobre a comparação com o animal, Magno minimizou:
“Você só pode matar alguma coisa com o próprio veneno de alguma coisa, está bem? Então, é o seguinte: cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Vejam quanta hipocrisia! E o macaco é inteligente, está bem pertinho do homem - a única diferença é o rabo. É ágil, valente, alegre; tudo o que você possa imaginar ele tem”, disse o senador.
Ele acrescentou que, no lugar de Vini Jr, entraria em campo “com uma leitoinha branca nos braços” e beijaria o animal para provar que não tem nada contra os brancos. Em seguida, afirmou que Vinicius Júnior está sendo “revitimizado”. Não é a primeira vez que o atleta sofre ataques racistas na Espanha.
Malta concluiu classificando como “uma barbaridade” o que fizeram contra o jogador e relativizou o componente racial das ofensas. “Naquilo que fizeram com ele, a gente leva tudo para a cor da pele, mas tem muita coisa envolvida ali: tem inveja, queria ser ele e não é queria driblar igual a ele e nunca conseguiu; é pai que queria ver os filhos jogarem, botou na escolinha de futebol, mas não deu em nada, zero... Aí tem inveja”.
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