Das candidaturas ao Senado Federal já registradas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Espírito Santo, a do Psol foi apresentada em uma configuração coletiva. A chapa é liderada pelo auditor fiscal aposentado Gilberto Campos, mas terá a professora Rafaella Machado dividindo espaço com ele durante a campanha nas Eleições 2022.
No registro, Rafaella aparece como primeira suplente, mas a ideia, segundo Gilberto Campos, é trabalhar a candidatura em outra perspectiva.
"Logicamente, se o titular se ausentar, o suplente assume. Mas quem conhece os suplentes? Muitas vezes não têm nada a ver com o Estado, com a ideologia do partido, com as propostas. Na cocandidatura, poderemos nos expressar, dividir tarefas de agendas, discutir ideias", pontua Gilberto.
Questionado se vai assumir determinadas pautas, enquanto Rafaella cuida de outras durante a campanha, Gilberto Campos falou que uma comissão está sendo montada para discutir e definir como será o processo. De todo modo, a proposta é inovar para poder apresentar melhor os projetos.
"Fazer uma coisa diferente para poder dialogar o mais intensamente possível com o eleitor. A eleição deste ano vai nos exigir isso com essa polarização nas disputas de narrativas", avalia.
A candidatura coletiva encabeçada por Gilberto Campos faz parte da Federação Psol-Rede, criada em âmbito nacional, mas que, no Espírito Santo, os partidos não encontram afinidades. Assim, apesar de o candidato ao governo Audifax Barcelos (Rede) não poder lançar outro nome ao Senado na composição de sua chapa, a chapa do Psol não tem seu apoio.
A adversidade, entretanto, não é motivo para a desistência dos candidatos do Psol. "É uma situação delicada, mas não somos apenas nós que estamos enfrentando. Seria muito difícil para nós caminharmos com partidos (aliados à candidatura de Audifax) que defendem o projeto que está colocado hoje e acabando com o país. Defendemos outro projeto e houve esse impasse ideológico. De qualquer forma, conseguimos conversar num ambiente de muito respeito, apesar das divergências. A campanha eleitoral não é um processo simples, mas estamos confiantes."
Apesar de ser uma candidatura coletiva, Gilberto Campos afirma que, caso eleito, não será um mandato coletivo. A função de Rafaella será mesmo a de suplente. Nessa chapa, a segunda suplência é de Wilson Jesus Lucas Junior.
A cientista política Luciana Santana, professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), explica que o mandato coletivo passou a ser admitido nas eleições de 2016, para cargos no Legislativo, e tem por princípio ser uma atividade parlamentar mais colaborativa, ampliando o diálogo. Muitas vezes forma-se um grupo heterogêneo, para representar diferentes perfis, mas que tem demandas em comum.
"Essas pessoas, em conjunto, participam do levantamento de demandas, de alternativas para resolver problemas, contribuem na elaboração de projetos de lei, no processo de tomada de decisão. É um mandato colaborativo, com relação horizontal entre os membros", aponta a professora.
Embora o coletivo seja aceito pela Justiça Eleitoral, o registro da candidatura é feito no nome de uma só pessoa e, se eleita, será a responsável legal pelo mandato, inclusive para receber a remuneração do cargo. A divisão do salário será feita conforme os critérios que o próprio grupo estabelecer.
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