A presidenciável Vera Lúcia, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), participou do lançamento de duas pré-candidaturas capixabas da sigla: o capitão Vinicius Sousa, que deve disputar o governo estadual, e Filipe Skiter, que tentará uma vaga no Senado Federal. O evento aconteceu neste sábado (14), em um restaurante no bairro Jardim da Penha, em Vitória. Durante os discursos, os três propuseram mudanças no sistema político brasileiro.
Único a fazer o discurso em pé, o policial militar – que é membro do movimento "Policiais Antifacismo" – afirmou que ele e os colegas trazem um "recado de indignação" e que as posições deles no processo eleitoral são, principalmente, "espaços de mobilização da classe trabalhadora em direção à revolução brasileira".
Durante a fala, o pré-candidato defendeu que a solução para problemas como pobreza, fome e desemprego, "não está no processo eleitoral, mas na organização do povo" e que, por isso, vai usar este período para alertar as pessoas para não acreditarem que o "atual sistema político possa entregar qualquer coisa transformadora".
Especificamente sobre situações relativas ao Espírito Santo, o capitão Vinicius Sousa defendeu a estatização do transporte público, que, em sua opinião, tenderia à tarifa-zero, e uma mudança no modelo de segurança, pela qual os moradores passariam a escolher os próprios comandantes locais.
Questionado sobre a viabilidade de uma candidatura do partido, diante de pouco apoio, o capitão tem visão otimista. "A candidatura é viável ao que ela se propõe: dialogar com a classe trabalhadora. A solução estaria na construção do socialismo, que seria a transição da barbárie em que vivemos hoje para uma condição de vida em que o povo tenha dignidade e desfrute daquilo que ele mesmo produz", argumenta.
Aos 38 anos, Vinicius Sousa entrou para a política em 2019, quando disputou a eleição suplementar para prefeito de Castelo. No ano seguinte, foi candidato a vice-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim – cidade onde hoje atua pela Polícia Militar – na chapa de Joana D'Arck (PT). A recente experiência, no entanto, não o intimida.
"Não pertencer à esfera política, na verdade, é um atributo. Eu sou o único homem negro e também o único candidato assalariado. Nós, trabalhadores, temos plenas condições de fazer a gestão de qualquer serviço, afinal de contas aprendemos a trabalhar conforme a necessidade, porque é disso que depende a nossa sobrevivência",avalia.
Técnico-administrativo em educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Filipe Skiter é o outro capixaba que teve a pré-candidatura lançada neste sábado (14). Também com uma fala crítica ao sistema político atual e ao capitalismo, ele afirmou que o PSTU será como uma "mosca zumbindo atrás da orelha".
"Esse é o desafio colocado para nós: fazer uma interpelação, uma provocação, a cada um que está aqui para ser mais um no processo de transformação. É ir para a rua a fim de colocar a nossa pauta e o nosso programa para fora. É escutar a nossa sociedade, cada setor. Esse é o desafio" afirma.
Neste ano em que os Estados poderão eleger apenas um senador, tornando a disputa mais acirrada, Filipe Stkiter explicou que não vê a eleição com um "fim em si, mas como apenas uma das formas de transformar a sociedade". Ainda assim, se eleito, ele adiantou que o PSTU prevê algumas posturas diferentes dos demais partidos.
"O salário do parlamentar vai ser o do meu emprego atual e a diferença eu utilizo para financiar a luta. Será uma articulação com o movimento indígena, sindical e popular. É a partir dessa organização que queremos construir a representação. É, de fato, ser porta-voz da necessidade deles através do parlamento", assegura.
Entre as principais pautas defendidas estão: suspensão do pagamento da dívida pública, revogação da Proposta de Emenda Constitucional 55 (do Teto de Gastos Públicos), reversão das reformas trabalhista e previdenciária, e regulamentação de medidas como a dermarcação dos territórios indígenas e quilombolas.
Pré-candidata à presidência, a pernambucana Vera Lucia também fez críticas ao capitalismo e afirmou que os brasileiros vivem uma "realidade dramática", especialmente a partir de 2020. "Tirar o Bolsonaro do governo federal não significa tirar a ultra-direita e acabar com sua organização", afirmou.
Durante os próximos meses, ela deve percorrer, pelo menos, mais sete Estados durante o período eleitoral. "Vir ao Espírito Santo era uma reivindicação antiga de Filipe e aproveitamos o lançamento do capitão Vinicius para debater e conhecer as pessoas mais de perto, fortalecer o polo", explica.
Segundo Vera Lucia, o próprio programa está focado em combater o desemprego, a fome e a violência – buscando recursos dos "supermilionários do país". Ciente das limitações do partido, ela esclareceu que as pré-candidaturas atendem "à necessidade de apresentar projetos para a classe trabalhadora".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta