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PT celebra 40 anos, evita autocrítica e admite desafio de eleger nomes no ES

PT celebra 40 anos, evita autocrítica e admite desafio de eleger nomes no ES

Data foi comemorada com sessão solene na Assembleia Legislativa. Sigla foi fundada em 1980, chegou à Presidência da República, ao governo do Estado, mas hoje tenta retomar espaço de protagonismo no Espírito Santo

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 00:13

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Sessão solene em comemoração aos 40 anos do PT. (Natalia Devens)

Completando 40 anos de fundação nesta segunda-feira (10) o Partido dos Trabalhadores (PT) celebrou a data com seus filiados em uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, por iniciativa da deputada estadual Iriny Lopes (PT). No evento, os discursos das lideranças não passaram por uma autocrítica do partido, que tem sido cobrado pela opinião pública por conta dos escândalos de corrupção no país dos últimos anos e das consequências de sua política econômica no governo federal.

A sigla voltou para a oposição após ter ficado mais de 13 anos no comando do país e tenta recuperar seu discurso original, com um maior contato com as bases. No Espírito Santo, se coloca hoje como um adversário do bolsonarismo, reforçando a fronteira do ponto de vista estratégico e eleitoral e reforçando a identificação com as ideias socialistas.

Hoje, o PT no Estado conta apenas com dois representantes em cargos eletivos de maior expressão: Iriny, na Assembleia, e Helder Salomão (PT), na Câmara dos Deputados. Além deles, há políticos petistas apenas nas Câmaras Municipais. O partido perdeu recentemente seu único prefeito, Alencar Marim, de Barra de São Francisco, que decidiu se desfiliar da sigla.

O evento foi marcado por homenagens e vídeos históricos e teve cerca de três horas de duração. Nos discursos, entretanto, nada se falou sobre a necessidade de aumentar a representação do partido no Estado e os problemas com corrupção. A reportagem abordou alguns petistas ao final do evento para ouvi-los sobre esses temas.

A presidente do PT no Espírito Santo, Jackeline Rocha, comentou sobre a estratégia da sigla para tentar reverter essa situação no pleito deste ano e aumentar o tamanho institucional do PT no Estado. Segundo ela, já há 23 municípios com pré-candidaturas.

“O partido hoje tem candidaturas em todos os municípios da Grande Vitória, e no interior também estamos fazendo articulações. Temos 52 diretórios municipais, os outros são comissões provisórias. Então, é um saldo muito positivo. O fim das coligações faz com que a gente continue organicamente defendendo ainda mais as ideias do PT, com viés mais identitário, que dialogue com as pessoas. Por isso que estamos inovando, para que tenhamos mandatos compartilhados. As candidaturas do PT têm que ser coletivas. Não dá mais para ter um processo interno em que só uma pessoa seja a grande referência, e os demais, não sejam”, afirmou à reportagem.

Para Jackeline, é preciso que os membros do partido dialoguem com a sociedade e mostrem os feitos do PT. Além disso, que eleja o maior número de prefeitos e vereadores, e que sejam  pessoas comprometidas com a história do partido, mas também atuem com a pauta moderna.

"Em 40 anos, passamos por diversos movimentos. As Diretas Já, o combate à ditadura militar, a defesa dos trabalhadores, a Constituição de 1988, todos são marcos históricos que têm uma digital do PT muito forte, e não é à toa que ele é o maior partido da América Latina, e um dos maiores da esquerda no mundo hoje. Na nossa realidade do Estado, o maior desafio é fazer uma reoxigenação do partido e elaborar programas que estejam dialogando com as cidades e a nova classe trabalhadora", avaliou.

Depois de ser fundado como um partido de oposição, se colocando à esquerda dos presidentes da República pós-ditadura militar (1964-1985), o PT chegou ao poder em 2003 com Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou o Palácio do Planalto após quatro vitórias eleitorais, com a derrubada de Dilma Rousseff em 2016, em razão de um impeachment por manobras fiscais. Desde que o vice Michel Temer (MDB) passou a comandar o país, passando pela eleição de Jair Bolsonaro (sem partido), o PT está na oposição.

ALIADOS DE PARTIDOS DE ESQUERDA ESTIVERAM PRESENTES

Na sessão solene desta segunda, também estiveram presentes representantes de outros partidos de esquerda e centro-esquerda, que parabenizaram o PT, entre eles o presidente do PSB, Alberto Gavini, e em nome do PCdoB, o ex-vereador Namy Chequer, e do PCB, Mauro Ribeiro. No evento, a deputada Iriny homenageou alguns filiados, que tiveram atuação expressiva na sigla, e também membros que já faleceram. O ex-deputado estadual Cláudio Vereza (PT) também esteve presente, em posição de destaque.

Perly Cipriano, um dos fundadores do PT no Espírito Santo, defendeu que o PT lidere uma união da esquerda em prol da defesa de seus valores.

"O partido tem que radicalizar a democracia: internamente, como já fazemos, e também na sociedade. Democratizar as associações, partidos, sindicatos, igrejas. Uma luta por democracia, liberdade e soberania. O PT precisa conversar muito com os outros partidos de esquerda e movimentos sociais para ter um projeto que possa contrapor o que aí está. Impedir que nossas conquistas sejam perdidas, retornar ao governo e que o PT não volte sozinho, busque a unidade. Lutar nas ruas, no parlamento, nas instituições e nas redes sociais", destacou.

A deputada Iriny Lopes também apontou o que considera que precisa ser feito pelo partido daqui para a frente.

"Para mim, a prioridade tem que ser trabalhar a nossa tática eleitoral e de base contra esse governo neofascista. Temos muitas tarefas, o PT é um partido muito enraizado na sociedade. Desde 2005 viemos sofrendo uma perseguição implacável, mas ainda continuamos sendo o partido de maior confiança do povo brasileiro e o Lula continua sendo a maior liderança pública do país. Significa que ainda temos muitas responsabilidades."

Ela discorda que o partido necessite de grandes mudanças. "Não se trata de mudar rumos, e sim de entender a realidade e escolher a melhor tática para o convencimento da população. Fazer um bom processo eleitoral, eleger o máximo de representantes, e retomarmos nossa presença no mundo político. Há um processo para nos isolar, e não permitiremos isso", afirmou.

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