O senador Fabiano Contarato (PT) foi lançado, nesta segunda-feira (21), como pré-candidato ao governo do Espírito Santo pelo Partido dos Trabalhadores. Mas, a candidatura só vai sair do papel caso a federação entre PT e PSB não se concretize. Do contrário, Contarato assumiu que "a lógica" é que o PT recue.
"Acontecendo a federação, o acordo é selado, é uma questão de cumprimento desse acordo. Se o PT e PSB ficarem juntos, é natural que quem vai concorrer a eleição é quem está no cargo majoritário. Eu vou obedecer o que o partido definir. Eu não tenho dúvida disso, pra mim é lógica", afirmou.
PT e PSB têm dialogado em âmbito nacional sobre formar uma federação para as eleições de 2022. O acordo implicaria em abrir mão de candidaturas em estados que um dos partidos já está em um cargo majoritário, como é o caso do Espírito Santo. O governador Renato Casagrande (PSB), apesar de não ter dito que vai disputar a reeleição, deve concorrer. E, assim, teria "preferência" dentro da federação.
A aliança entre os partidos, contudo, tem encontrado entraves em alguns Estados, sendo São Paulo o principal deles. Tanto PSB quanto PT querem lançar candidatos para o governo paulista.
A prioridade dos petistas é clara: a candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto. Isso ficou ainda mais evidente durante o lançamento da pré-candidatura de Contarato nesta segunda-feira. O líder petista não compareceu, nem mesmo de forma virtual. Mas foi lembrado no discurso de todos os membros do diretório estadual.
"Para nós do PT, a federação é um instrumento importante para tirar o Brasil da crise. A gente sabe que não pode fazer isso sozinho. A gente acredita em criar uma frente realmente progressista e representativa. É óbvio que o Lula é o nosso principal objetivo", afirmou a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha (PT), que disse torcer para que a federação aconteça.
"Temos um pré-candidato, Contarato é um bom nome e vamos construir isso. Mas sabemos que existe uma política de aliança e uma federação, que a gente torce para acontecer. O PT tem essa maturidade", destacou.
A pré-candidatura de Contarato ao governo foi anunciada menos de um mês depois da filiação dele ao partido e acontece após críticas feitas pelo governador Renato Casagrande ao Partido dos Trabalhadores. Tanto Contarato quando Jackeline Rocha negam ter "acelerado" o movimento devido aos últimos acontecimentos, que incluíram um encontro entre o governador e o ex-juiz Sergio Moro.
"Eu acredito que houve uma triste coincidência. Estamos em um ano eleitoral, e estamos terminando o mês de fevereiro. E quando você pretende avançar em uma candidatura, esse trabalho precisa ser feito antes. Então coincidiu, é inegável que o fato do governador ter recebido o ex-ministro Sergio Moro, isso foi um comportamento um tanto quanto imprudente, antiético por parte dele. Mas lançar ou não lançar foi uma mera coincidência", disse Contarato.
Jackeline, por sua vez, disse não ver um enfrentamento ao PSB, apesar de considerar que as críticas feitas pelo governador incentivaram o ódio contra o partido. "Muitos petistas se sentiram atacados. Foi um ataque gratuito. Acredito que ele [Casagrande] ainda tem tempo de se retratar", pontuou. Ela, porém, descarta o lançamento de Contarato como uma resposta.
"Nós fizemos uma conversa com Contarato há mais de um ano. Não é um processo de aceleração política, acho que não ficou visível para quem viu de fora que faríamos esse movimento", disse.
Contarato e Casagrande mantém um bom relacionamento e até sentaram para conversar sobre as eleições deste ano, antes do senador se filiar ao PT. Segundo o petista, ele recebeu uma ligação do governador após a mudança de legenda. Contudo, considera que as críticas provocam mais distanciamento do que agregam.
"Ninguém ganha com isso, inclusive ele. É mais positivo sentar na mesa e dialogar. Acho totalmente desnecessário esse tipo de comportamento, não agrega absolutamente nada, pelo contrário, distancia. Lamento esse tipo de comentário", disse Contarato.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta