A partir de 2023, 22 parlamentares do Espírito Santo que buscavam a reeleição ou tentavam alcançar novos cargos vão ficar sem mandatos. São 16 deputados estaduais, cinco federais e uma senadora que deixarão as cadeiras que hoje ocupam no Poder Legislativo e terão de buscar novos rumos no ano que vem, dentro ou fora da política.
A reportagem de A Gazeta procurou alguns desses parlamentares para falarem sobre os seus planos depois da derrota sofrida na eleição realizada no último domingo (2). Para alguns, o momento é reavaliar a rota e seguir novos caminhos. Outros afirmam que ainda estão focados na disputa do segundo turno das eleições e não definiram o que farão ao fim do mandato.
Um deles é o deputado estadual Bruno Lamas (PSB), que não conseguiu se reeleger depois de dois mandatos na Assembleia Legislativa, mesmo tendo recebido 16.473 votos. No momento, porém, ele prefere se dedicar à campanha do governador Renato Casagrande, do mesmo partido, que disputará a reeleição em um segundo turno contra Carlos Manato (PL) no dia 30 de outubro. Depois, pode retomar o caminho profissional que seguia antes da vida política.
"Minha prioridade hoje é ajudar a reeleger o governador Renato Casagrande no segundo turno e seguir com o mandato que me foi conferido pela população capixaba até o dia 31 de janeiro, fazendo boas entregas à sociedade. Ao final deste ciclo, vou avaliar a minha volta ao mercado de trabalho. Sou administrador de empresas e atuo junto à área de comunicação visual. Trabalho com a minha família desde os 14 anos", disse Bruno Lamas.
Quem também disse estar focado no segundo turno é o deputado estadual Torino Marques (PTB), mas em lado oposto ao de Bruno Lamas. Com 6.604 votos, ele não conseguiu se eleger como deputado federal. Agora, antes de terminar o mandato na Assembleia, ele quer focar, no segundo turno, na campanha de Manato (PL) ao governo do Estado. "Todas as minhas forças vão estar concentradas nisso", disse Torino.
Mais votada no partido de Torino (59.988), Soraya Manato (PTB) não se reelegeu como deputada federal. Agora, além de acompanhar o marido na disputa do segundo turno pelo governo estadual, ela informou que deverá voltar a seguir a carreira médica, como ginecologista, depois do fim do mandato na Câmara Federal.
Outro deputado federal que não se reelegeu foi Felipe Rigoni (União Brasil). Em 2018, ele havia sido eleito com a segunda maior votação do Estado: 84.405. Desta vez, obteve 63.362, mas não conquistou a vaga porque seu partido, do qual é presidente, não atingiu o quociente eleitoral, que foi de 208 mil votos — a legenda obteve 123.947. Além de se dedicar ao fim do mandato, que vai até 31 de janeiro de 2023, Rigoni disse estar avaliando convites que recebeu nos últimos dias, sem dar maiores detalhes.
Com mais de 40 anos de vida pública, Rose de Freitas (MDB) não conseguiu se reeleger senadora, sendo derrotada por Magno Malta . Em entrevista para A Gazeta, ela disse que vai concluir o mandato e, depois, planeja retomar o curso de Direito, que não concluiu há muitos anos devido ao tempo dedicado à política. “E não vou me afastar dos problemas do Estado. Tem muita coisa que a gente iniciou, projetos maiores, e pretendo estar por perto, contribuindo como prouver”, disse à reportagem.
Tentando alçar voos mais altos, o presidente da Assembleia Legislativa (Ales), onde está desde 2015, Erick Musso (Republicanos) entrou na disputa ao Senado pela primeira vez. Mas, com 337.642 votos (17,24%), acabou tem terceiro. Ele fica sem mandato político a partir do próximo ano. A assessoria de imprensa do parlamentar disse, apenas, que não há informações sobre o que ele fará após 31 de janeiro.
Derrotada na busca pela reeleição como deputada federal, a cantora Lauriete (PSC) deve continuar sua missão religiosa no ministério evangélico que exerce, o que já fazia durante o mandato, segundo informou a assessoria dela. “Ela nunca deixou de cantar e permanecerá levando os louvores por todo o Brasil”, informa a nota enviada à reportagem.
O deputado federal Neucimar Fraga (PP), que também não conseguiu a reeleição, disse que ainda não tem planos definidos. De acordo com a assessoria de imprensa, ele seguirá trabalhando na Câmara dos Deputados e seguindo sua agenda política normalmente, até o fim do mandato.
Advogado e pecuarista, Luiz Durão (PDT) exerceu por duas vezes o cargo de deputado federal (1995 e 2001), nessa última na condição de suplente. Foi eleito deputado estadual em 2010 e, como suplente, assumiu a cadeira por duas vezes na legislatura passada (2016 e 2018) e agora na atual legislatura (2021). No pleito de 2018, Durão recebeu 17.820 votos. Agora, com o fim do mandato se aproximando, ele disse que vai seguir tocando seus negócios e pretende dar uma atenção maior à família.
“Tive voto nos 78 municípios porque sempre estou em movimento, passei os últimos dois anos viajando de norte a sul do Estado e acabei deixando minha vida pessoal em segundo plano. Quero ser um marido, pai e avô mais presente, curtir finais de semana em família — o que já não era mais possível por causa da correria da vida pública —, e encerrar o mandato com a sensação de dever cumprido, honrando os votos que recebi tanto nessa quanto na eleição anterior”, disse o deputado.
Atuando pela segunda vez como deputado estadual, Sergio Majeski (PSDB) é professor com 31 anos em sala de aula e mestre em Educação pela Ufes. Como não conseguiu se reeleger, ele programa voltar a dar aulas de Geografia, seguir estudando e ingressar em doutorado, além de também dar palestras.
Aos 83 anos, depois de quatro mandatos consecutivos na Ales, Doutor Hércules (Patriota) deixará o cargo após ter recebido 23.543 votos, que não foram suficientes para levá-lo à reeleição. O parlamentar começou a carreira política em 1970, como vereador de Cachoeiro de Itapemirim. Em seguida, por cinco vezes, foi vereador em Vila Velha (1992, 1996, 2000 e 2004).
Doutor Hércules atua como ginecologista, obstetra e médico do trabalho e disse que "vai naturalmente seguir sua profissão". Outros planos para o fim do mandato ainda não foram avaliados.
Dr. Rafael Favatto (Patriota) não respondeu a reportagem. A assessoria de imprensa da deputada federal Norma Ayub (PP) informou que ela não estava em condições de responder, pois se encontrava no velório de um amigo.
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