Faltando três meses para as eleições municipais de 2020, adiadas devido à pandemia do novo coronavírus, 59 prefeitos de municípios capixabas devem buscar a reeleição para continuar à frente dos Executivos por mais quatro anos. Os nomes dos pré-candidatos no pleito de novembro foram fornecidos pelas executivas estaduais dos partidos e publicados na última sexta-feira (31) em A Gazeta.
O número representa 10% dos mais de 500 nomes apresentados até agora pelas legendas. Entre os partidos, o PSB é a sigla com mais chefes de administrações municipais pré-candidatos, com dez postulantes ao cargo. O partido do governador Renato Casagrande também lidera o ranking do total de pré-candidatos.
O Republicanos aparece em seguida, com sete prefeitos que tentarão se manter na gestão das cidades. Depois, figuram na lista MDB e Cidadania, com seis pré-candidatos à reeleição cada um. (Veja a lista completa no final deste texto)
Na Grande Vitória, apenas Max Filho (PSDB) poderá concorrer à reeleição em Vila Velha. Os outros atuais gestores já estão no segundo mandato consecutivo e, por isso, não podem disputar. Isso não quer dizer, no entanto, que não influenciem a corrida eleitoral: candidatos buscam o apoio dos atuais prefeitos, já que muitos preparam o caminho e fazem campanha para emplacar um sucessor.
Dos 59 nomes que estão autorizados a concorrer e pretendem continuar no cargo, quatro são prefeitos interinos: Thiago Peçanha (Republicanos), em Itapemirim; Mateusinho (PTB), em Conceição da Barra, Dorlei Fontão (PSB), em Presidente Kennedy, e Martha Scherrer (Patriota), em Piúma. Eles assumiram após o afastamento, determinado pela Justiça, dos titulares eleitos em 2016.
Em Conceição da Barra houve a cassação da chapa (prefeito e vice), mas a eleição suplementar foi inviabilizada pela pandemia de Covid-19. Mateusinho, até então presidente da Câmara, comanda o Executivo municipal.
Já Domingos Fracaroli (PSDB), de Castelo; Pretinho (PDT), de Fundão; Edmilson Meireles (MDB), em Irupi, e Renato Prúcoli (PTB), de Muqui, que estão na lista de pré-candidatos, foram eleitos em pleitos fora de época, após os prefeitos e vice-prefeitos, eleitos em 2016, perderem os cargos por problemas com a Justiça Eleitoral.
A pandemia de Covid-19 também mudou o cenário no município de Água Doce do Norte, onde Jacy Donato (PV), então vice prefeito, assumiu a prefeitura após a morte do ex-prefeito, Paulo Márcio Leite Ribeiro (PSB), vítima da doença. Mesmo tendo passado quase metade do mandato de vice morando nos EUA, Jacy pretende disputar a prefeitura.
Os prefeitos de Barra de São Francisco, Governador Lindenberg, João Neiva, Mimoso do Sul e Ponto Belo, que poderiam concorrer à reeleição, pois não estão no segundo mandato consecutivo, não estão citados nas listas de pré-candidaturas enviadas pelos partidos à reportagem de A Gazeta.
Os prefeitos afastados de Itapemirim, Luciano de Paiva Alves, e de Presidente Kennedy, Amanda Quinta, não estão filiados a partidos políticos e não são pré-candidatos nestas eleições. O prefeito afastado de Piúma, José Ricardo Costa (PDT), o Professor Ricardo, não integra a relação de pré-candidatos do PDT.
Estar à frente da prefeitura numa corrida eleitoral pode beneficiar ou prejudicar um candidato, a depender de como está a aprovação da gestão no município. Diante de um cenário de crise sanitária e econômica, a atuação dos gestores nos últimos meses se torna ainda mais decisiva. É o que ressalta o consultor em marketing político Darlan Campos. Ele acredita que no dia 15 de novembro os eleitores irão "julgar a atuação de seus prefeitos diante da pandemia".
O consultor aponta que a pandemia tomou proporções grandes o suficiente para que seu enfrentamento possa decidir uma possível reeleição. "Vai ser o elemento chave. O tamanho do impacto da pandemia pode apagar, até mesmo, três primeiros anos ruins de gestão e vice-versa", afirma. O ambiente de apreensão, diz o especialista, também fez com que os eleitores prestassem mais atenção nas ações dos mandatários e até "os canais de comunicação das prefeituras tiveram grande aumento de audiência."
Campos ressalta, ainda, que um bom enfrentamento significa liderança. Para ele, muito mais do que abrir ou fechar comércio e defender ou não o uso de medicamentos, a população avalia positivamente líderes que assumem a posição e passam confiança. "A questão é a população olhar para o líder e sentir que é ele quem está conduzindo o processo", assinala.
De acordo com o consultor, alguns prefeitos se esconderam diante da crise e, outros aproveitaram para agir de forma a se aproximar do eleitorado, por exemplo, "criando auxílios emergenciais e distribuindo cestas básicas".
O diretor do Instituto Futura José Luiz Orrico concorda que o enfrentamento à crise será a questão central de todos os debates e discussões. "Temos feito algumas pesquisas e visto que alguns prefeitos estão bem avaliados nesse período, por isso devem se beneficiar do cenário, mas há também aqueles que estão perdendo aprovação", assinala.
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