Foram as postagens nas redes sociais esta semana, com ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e ainda afirmações de que não temia voltar para a prisão, que levaram o capixaba Marcos Soares Moreira voltar a ser detido. O fato ocorreu nesta sexta-feira (22), por ordem do ministro Alexandre de Moraes no âmbito das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Mas quem é o empresário de 40 anos?
Marcos é morador da Serra e, além de empresário, sendo conhecido por atuar em uma empresa de fabricação própria de cortinas, já atuou como modelo. Em seu perfil nas redes sociais, ele se apresentava como pré-candidato a vereador do município e chegou a publicar vídeos da sua presença na convenção do PL, realizada em julho deste ano em Vila Velha.
Ele também participou dos atos de vandalismo e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. Foi preso em 9 de janeiro, quando estava no acampamento bolsonarista próximo ao quartel-general do Exército na Capital Federal, e permaneceu detido por 120 dias, até 8 de maio.
Quando saiu, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele já havia sido recebida pelo plenário do Supremo, e ele se transformou em um dos réus em processo contra os que participaram dos atos golpistas.
Mas sua liberdade estava condicionada a cumprir medidas cautelares, como: proibição do uso das redes sociais; proibição de encontros com os demais investigados; uso de tornozeleira eletrônica; retenção do passaporte; e comparecimento ao fórum da cidade onde reside a cada segunda-feira. O que ele descumpriu.
Com isto a prisão dele foi determinada na quarta-feira (20), pelo ministro Alexandre de Moraes, e cumprida nesta sexta-feira (22). Na decisão foi destacado que, mesmo ciente da proibição de usar as redes sociais e "demonstrando total desprezo pela Justiça, o denunciado publicou dois vídeos na rede social TikTok, nos quais ataca esta Corte e profere diversas ofensas à honra dos ministros que a integram".
O capixaba estava na lista dos 1.125 acusados pelos atos golpistas que poderiam firmar acordo de não persecução penal com a Procuradoria Geral da República (PGR), mas também usou as redes sociais para criticar o uso do instrumento para os participantes dos atos de 8 de janeiro, uma vez que uma das exigências para efetivar o acordo é assumir a culpa pelos crimes praticados. Ele ainda conclamou os demais que foram detidos por participarem dos atos golpistas a não aceitarem a proposta da PGR.
Uma publicação dele no TikTok atacando ministros do STF viralizou durante esta semana na internet (veja abaixo) e foi usada por Moraes para justificar o mandado de prisão. No vídeo, Marcos faz ofensas a Moraes e a Rosa Weber, presidente do Supremo. E chega a pedir para ser preso novamente.
"Me prendam novamente. Não estou com medo. Para mim, é indiferente, estar aqui ou lá dentro. Mas eu jamais vou me curvar a vocês, bandidos, que têm o poder da caneta nas mãos, porém são bandidos. Alexandre de Moraes, Rosa Weber, todos vocês aí, são bandidos, vagabundos. Não vou me curvar a vocês", atacou.
Apesar de afirmar no vídeo em que ataca os ministros do Supremo que não temia voltar para a prisão, Marcos fechou os comentários das postagens e o seu perfil no Instagram após viralizar na internet, na última quarta-feira (20).
O empresário chegou a fazer duas postagens no perfil da sua empresa nesta sexta-feira (22), mas, segundo o superintendente da Polícia Federal, Eugênio Ricas, foi localizado à tarde e preso. Marcos não estava em casa no momento da prisão e foi levado inicialmente para o Centro de Triagem de Viana. Ricas informou que a determinação à PF era apenas prendê-lo e não havia informação sobre a possibilidade de transferência do empresário para Brasília.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) afirmou que Marcos foi levado, posteriormente, para o Centro de Detenção Provisória de Viana II, onde permanece.
Por nota, a advogada Margarida da Silva, que faz a defesa do empresário, que no momento, "não cabe qualquer discussão em relação ao mérito ou a produção de provas."
E acrescentou: "Porém, em razão de não conhecermos a decisão do ministro Alexandre de Moraes, ainda não entramos com qualquer pedido. Em razão disso, somente segunda-feira (25) entraremos em contato com o gabinete para tomarmos ciência da decisão e entrar com a medida judicial cabível. No entanto, de antemão, reafirmamos nosso respeito pelas instituições, bem como pelos ministros da Suprema Corte."
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