O empresário e ex-policial militar Valfrido Chieppe Dias foi detido na manhã desta sexta-feira (27) pela Polícia Federal em mais uma fase da Operação Lesa Pátria. A ação apura quem são as pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os atos golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília (DF).
Segundo apuração de A Gazeta, ele alugou um ônibus para levar bolsonaristas do Espírito Santo a Brasília no dia dos atos terroristas. O veículo foi apreendido na capital federal após a invasão de prédios dos Três Poderes.
Naquele 8 de janeiro, Valfrido postou um vídeo nas redes sociais em que aparece na frente do prédio do Congresso e afirma ter sido atingido por uma bala de borracha no rosto. "[...] bala de borracha no meio da cara. Mas o Congresso está sendo destruído, olha lá. Estamos quebrando tudo", diz no vídeo.
As imagens não estão mais disponíveis nas redes sociais do empresário. No Instagram, não há mais fotos desde maio de 2022.
Segundo o portal da transparência do Estado, Valfrido entrou na Polícia Militar em 1994, mas saiu em 1999. Ele consta como desligado do cargo de soldado.
Anos mais tarde, ele tentou entrar na Justiça para recorrer da decisão que o retirou da corporação. Contudo, o pedido foi negado em segunda instância. No voto, o desembargador que relatou o caso cita que um laudo de inspeção de saúde declarou sua "incapacidade definitiva para o exercício das atividades militares".
Ele atualmente é proprietário de uma empresa de provedor de internet com sede em Paul, Vila Velha.
O nome de Valfrido e o email da empresa da qual ele é dono aparecem em postagens nas redes sociais que convocam manifestantes capixabas para os atos em Brasília.
Uma dessas postagens aponta que o ônibus para a viagem já estaria pago, mas que o grupo aceitava doações via Pix. A chave para a transferência é o email da empresa de Valfrido.
Nos dias posteriores aos atos terroristas, outras mensagens, também figurando o nome do empresário na assinatura, pediram ajuda financeira para trazer de volta ao Espírito Santo os manifestantes que estavam em Brasília, mas foram liberados pela polícia.
Segundo o texto, um dos ônibus foi apreendido e outro voltou para o Estado vazio. "Deserdou!", diz a mensagem.
Uma busca pelo nome de Valfrido no sistema da Justiça Estadual retorna 11 processos. Apenas quatro estão ativos. Entre eles, há um processo de violência doméstica em que ele é suspeito de ameaça, invasão de domicílio e furto. Neste, a denúncia contra o ex-PM foi aceita em outubro de 2022. Ele ainda não apresentou defesa.
Também há uma medida protetiva de urgência expedida em favor de uma mulher contra ele concedida em 2021, dentro da Lei Maria da Penha. Os outros dois processos são por supostos crimes de ameaça praticados em 2020 e 2021, ambos ainda em fase inicial.
A Gazeta falou com um familiar de Valfrido e aguarda retorno com posicionamento sobre a prisão. Caso haja resposta, este texto será atualizado.
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