O governador Renato Casagrande (PSB) sinalizou, nesta terça-feira (04), que quem perder as prévias do PSB de Vitória poderá sair do partido e disputar a prefeitura da Capital por outra sigla. O vice-prefeito Sérgio Sá e o deputado estadual Sergio Majeski foram os únicos a se inscrever na corrida que decidirá será o candidato da legenda.
Não há janela para troca de partido para deputados estaduais este ano (vale somente para vereadores). Majeski já foi sondado por outras agremiações, mas se saísse do PSB sem o aval dos dirigentes socialistas poderia perder o mandato.
O quadro que se descortina agora, no entanto, é diferente.
"É uma responsabilidade da direção municipal do partido (a realização das prévias), mas considero acertada, até porque é um prazo que quem se inscrever como candidato, caso não seja escolhido, também pode buscar outra alternativa partidária", afirmou Casagrande.
"É um mecanismo democrático, mesmo que não esteja prevista no estatuto do partido a realização de prévias, é um acordo tácito. Pode ser considerado, se os filiados participarem, votando, escolhendo uma pré-candidatura, é um instrumento do debate que pode fortalecer a candidatura que sair vitoriosa", complementou.
Majeski, que questiona a própria realização da disputa interna, diz que se não for o escolhido para entrar na corrida eleitoral e a Executiva municipal realmente permitir a saída do partido, vai analisar as possibilidades.
Ele contou que já recebeu convites de Rede, DEM e PSD. As conversas estão mais adiantadas com a Rede. Majeski está filiado ao PSB desde 2018, quando disputou a reeleição para a Assembleia Legislativa. Antes, passou por PT e PSDB.
Majeski tem dúvidas, no entanto, se o partido concordaria com o que Casagrande disse sobre a possibilidade de saída do PSB para quem não for escolhido nas prévias. "Pela lógica, isso é uma opinião dele. A palavra dele tem muito peso, com certeza, mas será que a Executiva e o diretório concordam?".
Já Sérgio Sá diz que não pretende sair do partido, mesmo se não for o escolhido para disputar a prefeitura: "Tenho 14 anos no PSB, estou muito à vontade no partido e não considero essa hipótese. Eu poderia contribuir de outras formas".
As prévias do PSB de Vitória estão marcadas para o próximo dia 17. A escolha oficial de candidatos por parte dos partidos, no entanto, é definida na convenção, que deve, obrigatoriamente, ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto.
Assim, mesmo que os socialistas escolham um nome na prévia, a candidatura somente será formalizada após a convenção e o registro na Justiça Eleitoral.
"O PSB escolherá, se seguir com a prévia, uma pré-candidatura que poderá virar candidatura ou não. Vai depender do desempenho desse pré-candidato. Um pré-candidato pode ou não ser candidato", frisou Casagrande.
"Em tese, sou um candidato competitivo. Se o partido não me quer como candidato, por que vai me liberar para ser oposição a ele em outro lugar? (...) A menos que o partido esteja lançando candidato não para vencer as eleições." A pergunta, de Majeski, soma-se a outro questionamento feito pelo deputado, ainda na segunda-feira (03), após assinar o livro de pré-candidaturas:
"O PSB e o Cidadania são aliados. Se está lançando candidato é porque não está satisfeito com a aliança ou com a administração. Ou tem uma nova ideia de gestão, um novo projeto. Ou o partido talvez tenha a intenção de lançar candidato pró-forma para agradar parte dos filiados, mas na verdade já tem um plano B?"
O Cidadania, do prefeito Luciano Rezende, já tem pré-candidato à prefeitura, o deputado estadual Fabrício Gandini. Luciano até exonerou Sérgio Sá que, além de vice, era secretário de Obras e Habitação. Mas para o governador, está tudo bem.
"O PSB deve manter a conversa com o Cidadania. Como governador, tenho no Cidadania um aliado e vai continuar sendo aliado independente do Cidadania ter candidato, do PSB ter candidato. Minha tarefa é fortalecer o movimento que o Luciano lidera na Capital", afirmou.
Para Sá, a exoneração da secretaria foi retaliação de Luciano. Casagrande não vê o episódio dessa forma.
"Não chamo de retaliação, foi uma posição política. Se o Sérgio Sá se coloca como candidato a prefeito, é até bom para ele ter liberdade para poder seguir em frente e tentar viabilizar sua pré-candidatura", avaliou.
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