O radialista capixaba Max Pitangui (PTB) já se encontra em solo brasileiro. Considerado foragido desde dezembro de 2022, ele estava vivendo no Paraguai havia dois meses e tinha mandado de prisão em aberto, expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeita de incentivar atos antidemocráticos, atuar em milícias digitais e atacar ministros da Suprema Corte.
O radialista tinha asilo provisório no Paraguai e foi preso nesta quinta-feira (14), juntamente com o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza, que tinha prisão determinada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) pela tentativa de atentado à bomba no aeroporto de Brasília na véspera do Natal passado.
Depois de presos, na Ciudad del Este, no país vizinho, eles cruzaram a Ponte da Amizade, na fronteira com o Brasil, e foram entregues à Polícia Federal já em solo brasileiro e levados para Foz do Iguaçu, no Paraná, na tarde desta quinta. Imagens do momento da entrega dos dois à PF foram registradas pela emissora de TV RDC Foz do Iguaçu.
As prisões deles foram efetuadas em coordenação com a Polícia Nacional e o Departamento de Migração do Paraguai, por meio de colaboração internacional entre as autoridades brasileiras e paraguaias e chancelarias e ministérios da Justiça e Interior, segundo informações da PF. O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), elogiou a atuação das polícias.
O advogado de Pitangui, Marcelo Brasileiro, diz que conversou com o cliente por telefone, após ser procurado por um agente da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, já no início da noite desta quinta-feira.
Ele ressalta que seu cliente não teve participação nos atos de 8 de janeiro, que a prisão dele foi determinada em dezembro e assegura que o radialista não teve qualquer relação com os atos de vandalismo que destruíram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Brasileiro reitera que, segundo Pitangui, ele foi preso pela Polícia Internacional (Interpol) ao ser convidado a comparecer ao órgão paraguaio para tratar do documento definitivo de asilo naquele país. "Quando ele saiu de casa, já havia uma equipe da Interpol nas ruas. Ele me disse que foi muito bem tratado pela equipe que efetuou a prisão e eu pedi que a PF me mantenha informado do paradeiro dele", acrescenta.
Segundo o advogado, o destino de Pitangui ainda não foi informado, mas ele acredita que o seu cliente deva ser enviado para Brasília. Porém, pretende pedir para que ele seja mantido o mais próximo da família, já que sua esposa e os três filhos também estavam vivendo com ele no Paraguai.
Antes de se tornar alvo de mandado de prisão, o radialista vivia na Serra, onde tem parentes atualmente. "Ele me pediu para cuidar da família dele, mas ainda vou conversar com a esposa para saber qual a decisão dela, se vai querer continuar no Paraguai, porque ela também é asilada", afirma o advogado.
Maxcione Pitangui de Abreu é natural de Vitória, tem 41 anos, e concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa do Espírito Santo pelo PTB, em 2022, mas não foi eleito, recebendo apenas 895 votos.
Dois meses depois da eleição, Pitangui foi um dos alvos da megaoperação da Polícia Federal em oito Estados, incluindo o Espírito Santo, e no Distrito Federal contra atos antidemocráticos, cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão.
A operação foi realizada no dia 15 de dezembro e Pitangui chegou a fazer postagem de vídeo em suas redes sociais alegando não ter praticado atos antidemocráticos e afirmando que não faz parte de grupos radicais. “Todas as coisas que eu falei de política foram dentro da Constituição. Tenho certeza que esse pedido de prisão não tem a ver com uma questão nacional. Porque eu, recentemente, fiz denúncias contra a procuradora (geral de Justiça)”, disse, à época.
Durante a operação, foram presos no Espírito Santo o vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), afastado do cargo após a prisão, e o proprietário do site Folha do ES, Jackson Rangel. Ambos continuam presos. No mesmo dia, o deputado estadual Capitão Assumção (PL), e o ex-parlamentar Carlos Von (DC) receberam tornozeleira eletrônica.
Dias depois também foi preso o pastor Fabiano de Oliveira, que se escondeu no acampamento bolsonarista instalado em frente ao 38º BI, na Prainha, em Vila Velha.
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