Homens, com idade entre 45 e 49 anos, casados. Esse é o perfil da maioria dos 328.346 moradores do Espírito Santo filiados a partidos políticos. Mas quando as legendas são analisadas separadamente, a distribuição de sexo e faixa etária ocorre de maneira distinta, o que traz indicadores, por exemplo, do apelo de uma determinada sigla entre os mais jovens ou da adesão feminina.
Mulheres representam 43% dos filiados a partidos políticos no Espírito Santo, embora elas não estejam igualmente representadas em todas as legendas. O Novo, composto por 77,5% de homens, é o partido com a menor participação feminina no Estado (22,5%).
Já no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), no Partido da Mulher Brasileira (PMB) e no Partido Comunista Brasileiro (PCB), mais da metade de seus adeptos são mulheres. Nenhum deles, contudo, tem representação no Congresso Nacional ou na Assembleia Legislativa do Estado. Os dados, relativos a junho de 2022, são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
É importante lembrar que, em 2018, foi registrado no Espírito Santo apenas 30% de candidaturas femininas, o mínimo exigido por lei.
Elas são ainda menos numerosas entre os ocupantes de cargos em governos, Senado, Câmara e Assembleia. Há quatro anos, foram sete eleitas contra 37 eleitos no Estado.
Junto ao Novo, outras cinco siglas têm menos de 40% de participação feminina, incluindo o Patriota e o União Brasil (partido que surgiu da união do Democratas e do PSL).
Além de ser um meio majoritariamente masculino, os partidos políticos também são compostos principalmente por pessoas mais velhas. O Progressistas (PP) tem mais da metade dos filiados com mais de 60 anos. O mesmo vale para o PCB e para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que tem o maior número de filiados do Estado, com 36.927 adeptos.
Mesmo nas legendas que registram certa presença de jovens, eles mal passam de 6% do total. No Espírito Santo, o Psol é a sigla com mais filiados de até 24 anos (6,1%). Em seguida vem a Rede, com 3,7%. Os dois partidos estão federados pelos próximos quatro anos.
Em números absolutos, o PT é o partido com mais jovens, com 510 filiados de até 24 anos. A legenda foi a que mais ganhou apoiadores no Estado nos últimos dois anos, com 3,5 mil pessoas a mais neste ano do que o registrado em 2020.
Para o cientista político e professor do Insper Leandro Consentino, os partidos políticos ficaram para trás diante das mudanças que aconteceram na sociedade, o que se traduz em uma falta de representatividade.
“Os partidos não se abriram à participação democrática. Atualmente, as pessoas querem participar e não serem sujeitos passivos. Um segundo ponto é a falta de transparência. As decisões do partido são como uma grande caixa-preta. A maioria das pessoas não entende os mecanismos, não sabe como funciona”, explica.
Dessa forma, essas organizações, fundamentais para a democracia, se tornaram ultrapassadas e falham em recrutar filiados mais jovens e minorias, por exemplo. O resultado são bases principalmente formadas de homens mais velhos.
Em relação à falta de participação feminina, o professor salienta que o machismo se soma à falta de participação democrática e de transparência nos partidos.
“A política é há muito tempo território masculino e tem sido dominada pelos homens. Assim, mulheres têm pouca capacidade em articular candidaturas competitivas”, diz o especialista.
Há uma lei que determina que chapas em eleições proporcionais, como deputado e vereador, por exemplo, tenham no mínimo 30% de mulheres. Contudo, mesmo que essa cota seja cumprida, ela não se traduz necessariamente em um aumento no número de mulheres eleitas para esses cargos.
“Estudos dizem que isso está intimamente ligado ao fato de haver poucas mulheres em cargos de comando dos partidos. Então, se ele tem poucas mulheres em sua executiva, tende a absorver menos mulheres competitivas”, opina.
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