A CPI da Covid entra, nesta segunda-feira (31), em seu segundo mês de trabalho. Na semana passada, os senadores ouviram a secretária de Gestão de Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. O colegiado também aprovou requerimentos para convocação de nove governadores estaduais e a reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga.
O relator da CPI, Renan Calheiros, apontou contradições nas declarações da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Entre elas estão, por exemplo, falas relacionadas ao aplicativo Tratecov e ao chamado "tratamento precoce" contra a Covid-19 — uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o novo coronavírus. Já o depoimento de Covas ficou marcado pela afirmação de que o Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação. Veja no vídeo abaixo os destaques do que ocorreu na quarta semana de depoimentos.
A CPI da Covid foi instalada no Senado na segunda quinzena de abril. Formada por 11 senadores titulares e sete suplentes, o colegiado tem como objetivo apurar as ações e possíveis omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia de Covid-19, além do uso da verba da União por Estados e municípios. A CPI tem um prazo inicial de 90 dias para juntar depoimentos e documentos e, então, preparar um relatório final que pode ser encaminhado ao Ministério Público e Polícia Federal para eventuais responsabilizações.
Por movimentação de aliados do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a investigação de governadores estaduais também foi acrescida aos objetivos centrais da comissão. Na última-quarta-feira (26), os senadores aprovaram a convocação de nove governadores que foram citados pela Polícia Federal em operações que apuram desvios de verbas destinadas ao combate à pandemia. A presença dos chefes dos Executivos estaduais, no entanto, é incerta porque a convocação pode extrapolar a competência dos senadores.
Entre os 11 titulares, quatro são governistas, dois oposicionistas e cinco considerados independentes. Os trabalhos são coordenados pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM) e têm como relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Nesta quinta semana, os senadores ouvirão a doutora Nise Yamaguchi, médica oncologista e imunologista, conhecida por ser próxima ao presidente Bolsonaro e defensora do tratamento precoce para Covid-19, comprovadamente ineficaz.
Segundo o depoimento do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, Yamaguchi estava na reunião em que foi pedido para que a agência reguladora alterasse a bula da cloroquina, para incluir o tratamento à Covid-19.
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