A promessa era de que "assim que se confirmasse" sua recondução ao cargo de presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos) iria protocolar um projeto para revogar a resolução que concentrou o poder da Mesa Diretora na caneta do presidente. Depois, já reeleito, o republicano disse, em entrevista coletiva, que "se não antes, logo após o carnaval" o texto seria apresentado para ser apreciado pelos demais parlamentares. O carnaval passou, mas a construção do projeto caminha a passos lentos na Casa.
A Assembleia argumenta que a sessão desta segunda-feira (22) foi a primeira após o carnaval. Mas, por telefone, o líder do governo na Casa – que também acumula o posto de 1º secretário da Mesa – Dary Pagung (PSB), confirmou que as conversas para definir o texto do projeto a ser votado nem sequer começaram. "Pedi uma reunião com ele (Erick) para conversar sobre o assunto. Até agora não tem nada conversado não. Eu pedi essa reunião hoje", conta.
Trata-se da revogação de uma resolução de fevereiro de 2019 que esvaziou o poder de fato dos cargos do secretariado. O presidente da Mesa passou a poder assinar atos (de nomeações a contratos) sem a necessidade de uma segunda assinatura. Antes, os atos deveriam ser assinados pelo presidente e também pelo 1º ou pelo 2º secretário da Mesa Diretora.
Além disso, a resolução também permite que o presidente delegue ao diretor-geral da Assembleia as atribuições administrativas da Mesa. Na ocasião, Roberto Carneiro, presidente do partido de Erick, ocupava o cargo.
A revogação do ato foi uma promessa feita pelo presidente ao governador Renato Casagrande (PSB) para conseguir apoio do socialista na disputa pela reeleição. Na época da aprovação da resolução, no entanto, tudo parece ter sido costurado com a anuência do governo. O texto aprovado às pressas foi assinado por 23 deputados e protocolado como de autoria de Euclério Sampaio (DEM), então deputado estadual, da base governista.
Além disso, o pedido de urgência na votação foi feito pelo próprio líder do governo na Casa, na época Enivaldo dos Anjos (PSD). Acordo que culminou na desistência de Marcelo Santos (Podemos) de ocupar a vaga deixada por Valci Ferreira no Tribunal de Contas. Luiz Ciciliotti, candidato do governador à vaga, acabou sendo escolhido pelos deputados.
Na eleição da Mesa deste ano, quando conseguiu a bênção do chefe do Executivo para ser o único candidato ao cargo, Erick havia colocado mais urgência no assunto. Disse que levaria o projeto para ser apreciado pelos colegas assim que passasse a reeleição, que aconteceu no dia 1º deste mês.
Como resultado das articulações, Erick ficou na presidência, mas "emparedado" por dois dos deputados mais casagrandistas da Casa: o líder do governo, como 1º secretário, e Alexandre Quintino (PSL). como 2º. Com os poderes retomados, o governo passaria a ter mais trânsito nas decisões do Legislativo. Até o momento, no entanto, os dois seguem com o papel figurativo ao qual se resumiram os cargos.
Erick diz, via assessoria de imprensa, que "nos próximos dias", sem data exata, o movimento deve acontecer. "Pela tramitação, talvez na próxima semana (seja a votação)".
Enquanto isso, o secretário da Casa Civil, Davi Diniz, principal via de comunicação e articulação entre o Palácio Anchieta e o plenário, está de férias e a pasta afirma "não ter informações" sobre o assunto.
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