Um dia após a eleição em que perdeu a disputa por uma diferença de pouco mais de 74 mil votos, a senadora Rose de Freitas (MDB) avaliou nesta segunda-feira (3) que o resultado é reflexo do cenário nacional. Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do mesmo partido, Magno Malta saiu vitorioso e vai retornar ao Senado Federal em 2023 para um mandato de oito anos. A emedebista se coloca no lado oposto na corrida presidencial e, agora para o segundo turno, declarou voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Rose de Freitas ainda reafirmou o seu apoio à reeleição de Renato Casagrande (PSB) para o governo do Espírito Santo e disse que pretende dedicar mais tempo no segundo turno para a campanha do socialista, cuja candidatura, conforme analisou a senadora, também foi atingida pelo "efeito Bolsonaro." "A eleição nacional está um pouco misturada com a regional", observou.
Na ponta do lápis, Rose obteve 747.104 votos e Magno, a preferência de 821.189 eleitores. Com mais de 40 anos de vida pública, a emedebista disse que a derrota faz parte do processo, mas considerou que o momento atual da política brasileira tem impactos distintos de outras épocas. Ela lembrou que foi deputada federal e senadora, passando por presidentes de diferentes espectros políticos, e transitava bem no governo federal para buscar atender as demandas do Estado.
Agora, disse a emedebista, há um movimento que tenta convencer o eleitor de que, se não houver alinhamento com o presidente, as demandas não vão ser atendidas, seja de um parlamentar, como ela, seja do Executivo. Rose de Freitas ressaltou, porém, que constitucionalmente não se pode negar recursos e apoio a um Estado por afinidade política.
"Tentam passar isso, por exemplo, com o Renato, falando que, se Bolsonaro ganhar, ele não será respeitado como governador. Dizem 'eu sou amigo do presidente, vou trazer isso para cá'. Isso não é questão de amizade, é uma questão constitucional. No meu mandato, trouxemos muita coisa para o Espírito Santo em matéria de educação, independentemente de quem estava na presidência", apontou.
Questionada se tinha algum arrependimento pela maneira como conduziu a campanha, já que não conseguiu se reeleger, Rose assegurou que não. "Trabalhei muito dedicadamente, não deixei de dialogar e fazer entrega para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Agora quem, estando na aliança, foi capaz de fazer política diferente do que era a proposta do grupo que estava com Renato pode ter arrependimento. Acho que nem todo mundo que estava na chapa e na aliança foi leal à candidatura de Renato. E muitos sequer me apoiaram. Uns porque queriam a vaga, outros porque têm forma de fazer política em que não se sentem responsáveis pelas decisões", afirmou a senadora, mas sem relacionar nomes.
Durante a conversa, em vários momentos Rose de Freitas fez a defesa da gestão de Casagrande, afirmando que se trata de um governo bem avaliado e que a população deve fazer uma reflexão sobre o segundo turno. "Uma coisa é certa: não se pode arriscar quando se trata de poder para construir políticas públicas. É preciso raciocinar."
No âmbito nacional, a disputa também prossegue, com Lula e Bolsonaro. No primeiro turno, Rose apoiava Simone Tebet (MDB), do seu partido, mas agora disse que vai votar no petista.
"Tem coisas que são prioridades, como prezar pela democracia. Tenho receio de alguém que possa colocar isso em dúvida. Nenhum dos dois candidatos seria o ideal, mas não tenho dúvidas também de que o Lula tem compromisso social mais intenso e isso pode ajudar muito as classes menos favorecidas e a reduzir os altos índices de mortalidade induzidos pela fome", argumentou.
Sobre o futuro, a emedebista vai concluir o mandato e planeja retomar o curso de Direito, inconcluso há muitos anos devido ao tempo dedicado à política. "E não vou me afastar dos problemas do Estado. Tem muita coisa que a gente iniciou, projetos maiores, e pretendo estar por perto, contribuindo como prouver."
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