Há 75 anos foi eleita a primeira mulher para um cargo legislativo pelo Espírito Santo. A pioneira a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Espírito Santo foi Judith Leão Castello Ribeiro, eleita em 1947 com 1.170 votos, aos 49 anos.
A professora e escritora da Serra era filiada ao PSD e chegou a ser reeleita outras três vezes, tendo como uma das principais bandeiras a educação. Seus projetos também tinham como objetivo levar infraestrutura, como luz e estradas, para cidades do interior do Estado. E também ajudou a destinar recursos para entidades filantrópicas e igrejas.
Um dos seus projetos mais relevantes — e também pioneiro — foi conceder licença-maternidade de quatro meses para funcionárias públicas, benefício que hoje alcança todas as trabalhadoras brasileiras.
Judith marcou a história política do Espírito Santo e, com isso, seu nome foi parar em ruas, como uma avenida movimentada de Jardim Camburi, e escolas pelo Estado. Batizou ainda o prédio da Câmara Municipal da Serra, cidade onde nasceu e cresceu.
Antes de ser eleita, em 1947, ela chegou a concorrer ao cargo de deputada, quando tinha apenas 35 anos e por uma candidatura avulsa, ou seja, sem ser filiada a legenda por discordar do regime de interventoria nos estados implantado pelo presidente Getúlio Vargas. Ela não conseguiu se eleger, mas teve votação expressiva.
E Judith não foi pioneira só na política. À frente de seu tempo, ela também foi a “primeira mulher” em outras atividades. A deputada foi também a primeira mulher a entrar na Academia Espírito-Santense de Letras, a primeira a receber a Comenda Jerônimo Monteiro e a primeira presidente da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras. Essa última foi fundada por ela em 1949, ao lado de 11 mulheres, quando teve o ingresso na Academia Espírito-Santense recusado por ser do sexo feminino.
Tendo sua determinação como característica marcante e projetos que melhoraram a vida das mulheres, funcionários públicos e dos trabalhadores do interior, Judith era admirada pelo eleitorado feminino, o qual inspirou com seus discursos. Muitos desses discursos foram publicados em jornal, conforme relata Ester Abreu Vieira de Oliveira, presidente da Academia Espírito-Santense de Letras.
“Ela fazia seus discursos em prol da educação e isso envolvia as professoras. Judith era inspiração e apoio para mulheres e professoras, porque mostrava as dificuldades pelas quais passavam. Judith era muito determinada e essa característica fez ela ganhar destaque sendo a única mulher deputada entre muitos homens. Ela lutava muito para conseguir tudo o que queria”, conta Ester.
Por 35 anos, ela foi a única mulher eleita deputada no Espírito Santo. A segunda a conseguir se eleger deputada estadual foi Rose de Freitas, atual senadora, em 1982, segundo consta no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nesse mesmo ano, outra mulher teve seu momento de pioneirismo ao se eleger a primeira deputada federal. Nascida em Vitória, a bacharel em Direito e líder sindical Myrthes Bevilacqua Corradi foi eleita para representar o Espírito Santo em Brasília aos 43 anos. Nos anos seguintes de seu mandato, ela assumiu secretarias de Ação Social do governo do Estado.
As mulheres representam 53% do eleitorado do Espírito Santo. Apesar disso, o número de cadeiras ocupadas por por elas ainda está longe desse número. Na Assembleia Legislativa, na legislatura atual, há três mulheres entre 30 deputados eleitos. Na Câmara Federal, a participação é um pouco maior, com três deputadas entre as 10 cadeiras destinadas ao Estado.
Nas Eleições 2022, as candidaturas femininas bateram recorde no Espírito Santo, com 34% dos registros. Nos dois últimos pleitos gerais — após vigência da lei que assegura o percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo —, o índice ficou em 31%.
Antes da aprovação da lei, as mulheres não passavam de 14% dos postulantes. Entre 2010 e 2002, ficou entre 13% e 14%. Em 1998, elas representavam apenas 9% dos candidatos.
Diferente do que foi publicado na primeira versão desta matéria, não há apenas uma deputada estadual, mas sim três mulheres ocupando cadeiras na Assembleia Legislativa em 2022.
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