O ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, reagiu de forma irônica aos ataques da ex-ministra Marina Silva, que o chamou de ignorante pelos comentários sobre o seringueiro Chico Mendes. "Que diferença faz quem é Chico Mendes neste momento?", disse Salles no programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda, quando perguntado sobre o ativista morto em 1988.
Na terça, Marina disse que Salles estava "desinformado" e que Mendes "faz parte do Panteão da Pátria e é reconhecido mundialmente". "Obrigado, Marina Silva, estou seguindo seu conselho e indo me informar", tuitou Salles na madrugada desta quarta (13). Junto com a mensagem, replicou uma matéria de 2014 do site G1 intitulada 'Família de Chico Mendes é condenada por desviar verba da instituto'.
No caso citado por Salles em resposta à Marina, a viúva e a filha de Chico Mendes foram acusadas de desvio de recursos de convênios com o Governo do Estado do Acre, aplicando-os em desconformidade com a sua destinação, segundo a sentença judicial. Pelo menos R$ 685 mil teriam sido aplicados em outra finalidade não prevista nos convênios entre 2007 e 2009
As declarações de Salles na TV sobre o ativista ganharam repercussão nas redes. Ele reconheceu que desconhece a história do seringueiro e que ouve relatos díspares sobre sua vida. Após as menções, as pesquisas sobre Chico Mendes no Google dispararam.
"Do lado dos ambientalistas, mais ligados à esquerda, há um enaltecimento. As pessoas que são do 'agro', que são da região dizem que o Chico Mendes não era isso que é contado", disse, acrescentando que já ouviu de ruralistas que o líder ambientalista "usava os seringueiros para se beneficiar, fazia uma manipulação".
Em reação, Marina Silva, que conviveu com o ativista, disse que Salles "não sabe da relevância de Chico Mendes por motivos óbvios: não é ambientalista e é desinformado. Chico faz parte do Panteão da Pátria e é reconhecido mundialmente. Apesar da ignorância de Salles, a luta de Chico permanece viva."
QUEM É CHICO MENDES
Chico Mendes foi um seringueiro e ativista ambiental brasileiro. Ele foi assassinado em Xapuri (AC), sua cidade natal, em dezembro de 1988. Trabalhou em busca da autonomia dos seringueiros. Por meio do movimento sindical, que chegou ao Acre em 1974, difundiu suas ideias e começou a organizar as bases que fortaleceriam o movimento.
Em 1977, é eleito vereador em Xapuri pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição à ditadura militar. Após a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, naquele mesmo ano, sua atividade começa a ser reconhecida pela comunidade internacional.
Torna-se um dos fundadores do PT no Acre. Em 1987, é convidado a denunciar a devastação ambiental no Congresso norte-americano, em Washington, e recebe um prêmio da ONU por sua atuação em defesa do meio-ambiente.
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