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Segundo turno: último debate entre Coser e Pazolini é marcado por troca de acusações

Segundo turno: último debate entre Coser e Pazolini é marcado por troca de acusações

No confronto, bloqueio de bens do ex-prefeito e políticos ligados ao deputado estadual ganharam destaque. Os dois disputam o segundo turno das eleições em Vitória e subiram o tom da campanha nos últimos dias

Publicado em 28 de novembro de 2020 às 02:39

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João Coser e Lorenzo Pazolini durante debate na TV Gazeta para o segundo turno das eleições de 2020
João Coser e Lorenzo Pazolini durante debate na TV Gazeta. (Reprodução TV Gazeta)

O ex-prefeito de Vitória João Coser (PT) e o deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos) se enfrentaram, nesta sexta-feira (27), na TV Gazeta, no último debate antes do segundo turno das eleições na disputa pela Prefeitura de Vitória.

O tom da curta campanha subiu nos últimos dias e o derradeiro embate foi marcado por acusações entre os dois candidatos. A dois dias das eleições, já quase no final da noite, Pazolini afirmou que Coser responde a processos e que teve bens bloqueados.

Coser contra-atacou, em determinado momento, apontando pessoas que fazem parte do passado recente do deputado estadual, como o ex-senador Magno Malta (PL) e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, Damares Alves. E o ex-deputado José Carlos Gratz, mais uma vez, virou um personagem da disputa, mencionado pelos dois.

Houve perguntas também sobre propostas, principalmente no bloco em que temas foram sorteados, mas promessas não foram as protagonistas do debate.

Muitas das expressões ditas pelos dois já haviam sido exibidas quase à exaustão durante a campanha, como o bordão "paz e igualdade" de Pazolini e a palavra "experiência", uma das preferidas de Coser.

Debate entre João Coser e Lorenzo Pazolini, candidatos a prefeito de Vitória
Mário Bonella, mediador, João Coser e Lorenzo Pazolini no debate da TV Gazeta. (Natalia Devens)

BENS BLOQUEADOS

Pazolini trouxe para o debate a afirmação que vinha divulgando em sua propaganda eleitoral de que Coser tem R$ 200 milhões bloqueados por decisões judiciais. A Justiça Eleitoral concedeu direito de resposta para o petista se defender dessas acusações. Inserções foram veiculadas na TV nesta sexta.

No final da tarde, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) julgou um pedido de Pazolini para suspender o direito de resposta. Por 4 a 3, a Corte não atendeu ao mandado de segurança. 

No debate, Pazolini disse que o petista havia sido derrotado no tribunal. "Eu tenho sofrido com fake news e, caso o senhor não tenha conhecimento, houve uma sessão hoje no Tribunal Regional Eleitoral no final da tarde. A decisão foi revista pela Corte e ela já foi readequada. Isso é um fato que o senhor talvez não tenha conhecimento, mas já estou comunicando ao senhor".

A reportagem teve acesso à decisão judicial à qual o candidato se referiu. O TRE decidiu não suspender o direito de resposta de Coser. O voto o relator do caso, juiz Rodrigo Marques de Abreu Júdice, frisou que a veiculação da campanha de Pazolini sobre o bloqueio de bens não era inverídica, mas adotou um tom de urgência e de algo recente, o que não condiz com a realidade e, assim, não concedeu o pedido de Pazolini.

No bloco de perguntas temáticas, Coser fez um questionamento a Pazolini sobre medidas de combate à corrupção. O candidato do Republicanos então retomou o assunto: "Temos o compromisso de não retornar para as páginas negativas, onde tivemos gestores denunciados pelo Ministério Público, que respondem a processos judiciais, que estão com os bens bloqueados. Isso é muito ruim para a cidade porque afasta o investidor, afasta as pessoas da cidade de Vitória".

O ex-prefeito rebateu o deputado. "Durante 8 anos, investimos mais de R$ 1 bilhão em obras. Não tem contra mim nenhum processo ou denúncia de corrupção. Todas as minhas contas foram aprovadas no Tribunal de Contas. Tenho solidário, com alguns parlamentares, por improbidade administrativa", disse.

No bloco seguinte, de perguntas livres, Pazolini questionou Coser quanto ao bloqueio, sobre "como ele iria conseguir governar a cidade, se está em vias de ser condenado, com patrimônio de R$ 200 milhões bloqueados pela Justiça".

O petista então citou que a ação movida por ele para suspender o direito de resposta foi negada. "Ele realmente entrou com recurso no TRE, foi derrotado novamente, por 4 a 3, portanto não é verdade que foi vitorioso e que retiraram a pena. Retiraram todos os programas dele do ar, por ofensa, inverdade. É impossível que isso seja verdade, porque meus bens todos devem girar em R$ 1,5 milhão. Eu não sou ordenador de despesa, quem são os secretários", disse.

Pazolini, na réplica, leu um trecho da decisão judicial da Justiça Eleitoral, a qual, de fato, pontuou que o candidato possui bloqueios judiciais.

Procurada, a advogada Aline Dutra, uma das advogadas responsáveis por representar João Coser, esclareceu que entre os três processos citados na Justiça Eleitoral, que totalizariam R$ 200 milhões em bloqueio de bens do candidato, em um deles o valor foi já desbloqueado. Nos outros dois, o bloqueio de bens envolve Coser e outros secretários e empresas, e na verdade, totaliza cerca de R$ 28 milhões, correspondentes a todos eles juntos. A advogada esclareceu ainda que em nenhum dos processos ainda houve condenação.

INVASÃO DE HOSPITAL

O petista também voltou a trazer à tona o episódio da "visita surpresa" de Pazolini ao Hospital Dório Silva, na Serra, em junho, chamada por Coser de "invasão". O deputado, acompanhado de parlamentares apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), esteve na unidade um dia após o presidente incentivar que pessoas "arrumassem um jeito" de filmar a ocupação de leitos hospitalares em meio à pandemia de Covid-19.

"Temos um presidente que desdenha da vida do povo. 'É uma gripezinha.' E nós temos um candidato, inclusive, que faz invasão de hospital com o argumento que vai proteger a vida das pessoas. Essa é a minha preocupação. Que prefeito nós teremos para isso?", questionou Coser.

Pazolini rebateu, como já havia feito em outras ocasiões. Disse que a visita a hospitais é uma constante do trabalho dele como parlamentar e que isso resultou em melhorias para a unidade.

"Nós fomos ao hospital para efetivamente garantir a vida e o bem-estar dos profissionais de saúde. Constatamos lá que os profissionais estavam em situação absolutamente difícil, alguns dele em um leito sobre o chão, no papelão, no cimento. Além disso, não havia medicação suficiente e adequada a sedação dos pacientes", afirmou Pazolini. 

QUEM APOIA QUEM

Quando Pazolini ressaltou que age com independência, Coser provocou: "Essa 'independência', né? Toda a independência com o Magno Malta com a sua filha (a filha do Magno), do Bolsonaro, Damares, é muita inverdade. Inclusive com a assessoria de José Carlos Gratz. Eu não gosto de falar isso, mas ele fala de uma forma que me leva a fazer essas referências, como se não existissem parceiros, como se não tivesse gente no entorno dele e, principalmente, dos partidos em seus gabinetes em seu comando de campanha. Não é verdade o que ele fala aqui".

E foi quando Pazolini imputou a Coser proximidade com Gratz: "O outro candidato foi secretário na Mesa Diretora junto com José Carlos Gratz. Ele era deputado estadual, dividia bancada com José Carlos Gratz e foi segundo secretário junto com José Carlos Gratz em uma Mesa presidida por Madureira".

Madureira é conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Estado (TCES) e atuou na chamada "Era Gratz". Ele é o primeiro suplente da coligação que elegeu Pazolini.

ERROS DO PT

O tema corrupção foi um dos sorteados no segundo bloco do debate, mas casos relacionados ao Partido dos Trabalhadores, um dos principais alvos da Operação Lava Jato, com outras legendas, não foram citados. Partiu de Coser, ao final do debate, no entanto, fazer um mea-culpa, sinalizando para eleitores que têm rejeição ao PT. 

"Eu sei que neste caminho alguns companheiros do próprio Partido dos Trabalhadores cometeram erros. Quero aqui pedir desculpa e fazer uma autocrítica. Ao mesmo tempo, quero pedir para que vocês saiam dessa posição e venham comigo, com a responsabilidade de construir a cidade de Vitória para o futuro", afirmou.

HISTÓRICO DE GESTORES MODERNOS

Pazolini, por sua vez, no momento das considerações finais, afirmou que a Capital não pode "repetir experiências do passado". 

"Vitória precisa de um gestor moderno e o histórico de Vitória é eleger gestores modernos e não repetir experiências do passado. Eu quero colocar a sua disposição, eleitor e morador de Vitória, de maneira humilde e singela, a experiência de um jovem que perdeu o pai muito cedo, mas que foi à luta", ressaltou.

Com colaboração de Iara Diniz e Rafael Silva.

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