Um dia depois da votação em primeiro turno na Serra, os candidatos a prefeito Sergio Vidigal (PDT) e Fábio Duarte (Rede) já se movimentaram nos últimos dias em busca de apoio para o segundo turno. Até o início da tarde desta quarta-feira (17), contudo, nenhum dos candidatos derrotados declarou apoio a um dos dois na nova etapa do pleito.
Nos bastidores, a maior parte dos líderes partidários afirma que estão com conversas adiantadas para apoiar Vidigal, que tem a seu favor a larga vantagem os 59.643 votos que recebeu a mais que Fábio no primeiro turno. Apesar do encaminhamento de alguns vereadores eleitos para se juntar ao grupo do atual prefeito, Audifax Barcelos (Rede), principal apoiador de Fábio, poucas pessoas apostam na atração de novos partidos para a candidatura do redista.
Nos bastidores, dirigentes partidários contaram à reportagem que esperavam que o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB) tivesse mais chances de chegar ao segundo turno, como apontavam as pesquisas. Fábio aparecia nas sondagens como quarta opção na cidade, atrás de Vidigal, Vandinho e Bruno Lamas (PSB).
Ele ganhou fôlego na reta final, mas ainda assim era Vandinho o mais cotado para fazer frente ao pedetista. No final da apuração foi Fábio que impediu a vitória de Vidigal no primeiro turno e desbancou Vandinho, com 5.356 votos à frente do terceiro colocado.
Segundo aliados de Vandinho, o deputado está visivelmente frustrado com o resultado. Desde o domingo à noite, após a apuração, a reportagem tenta contato com ele, sem sucesso.
Nas redes sociais, Vandinho agradeceu os votos e disse que se sente com o "dever cumprido". Ele também participou de uma reunião, enquanto presidente do PSDB estadual, declarando apoio ao deputado estadual e candidato a prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini (Republicanos). Seus 35.838 votos podem fazer a diferença para um dos candidatos ainda vivos na disputa do segundo turno. O montante é essencial principalmente para Fábio Duarte.
Não há, claro, uma migração automática de votos a quem é apoiado por uma liderança política ou por um candidato derrotado.
A aposta no município é que Vandinho fique neutro na disputa, já que durante a campanha não poupou críticas à dupla Audifax e Vidigal. A avaliação de lideranças da cidade é que, apesar da derrota, Vandinho aumentou seu cacife político na Serra. O deputado deve liberar seus aliados para escolherem um dos lados na disputa. O PSDB da Serra e Vandinho devem anunciar uma definição nesta quinta-feira (19).
Audifax conta em seu histórico com uma virada contra Vidigal, quando saiu atrás no 1º turno, mas conseguiu ultrapassá-lo no segundo, tirando dele uma vantagem de 10 mil votos de diferença e terminando com 5 mil à frente de seu adversário, em 2016. Desde 1997, quando Vidigal assumiu a prefeitura pela primeira vez, ele e o atual prefeito se revezam no cargo. Após 23 anos, essa repetição da disputa eleitoral tem mostrado certo desgaste, apesar de a cidade ter dado em 2020 mais um capítulo para a briga histórica no município.
Paradoxalmente, Fábio tem sinalizado que no segundo turno vai se afastar, ao menos um pouco, da imagem do atual prefeito, que é apontado como o responsável por ter dado sobrevida à sua candidatura. No domingo, depois das urnas apuradas, Fábio destacou a palavra "renovação" e disse que ele representa o voto daqueles que "querem renovar a política da cidade sem perder os avanços que já foram conquistados".
Agora, ele tentará nestes 14 dias de campanha, entre o primeiro e o segundo turno, no dia 29 de novembro, para provar aos eleitores da Serra que representa a renovação no município, apesar do DNA com a marca da gestão de Audifax.
Já Vidigal, após a apuração dos resultados, tentou disfarçar o incômodo de não ter liquidado a fatura no primeiro turno. O abatimento entre seus apoiadores no comitê central, que o aguardavam para uma festa da vitória, foi nítido. Alguns nem sequer esperaram a chegada do deputado, que foi até o local levar ânimo aos aliados. Apesar de as pesquisas indicarem a possibilidade dele vencer no primeiro turno, o ex-prefeito garantiu que, desde o início, esperava um resultado em dois turnos. Por estar mais perto da cadeira de prefeito, ele é o favorito para receber o apoio dos demais candidatos.
Quarto lugar na votação, o deputado estadual Alexandro Xambinho (PL) conversa com o presidente estadual do partido, o ex-senador Magno Malta (PL), sobre o posicionamento no segundo turno. Amigo de Vidigal, Magno já apoiou o deputado federal em eleições passadas. Aliados veem o caminho pavimentado para uma nova aliança, que deve ser anunciada até a manhã desta quinta-feira (19).
Vidigal também deve receber o apoio do governador Renato Casagrande (PSB), talvez não diretamente, mas ao menos do partido do chefe do Executivo estadual. O PDT de Vidigal é aliado do governo estadual. Já o candidato do PSB na Serra, o deputado estadual Bruno Lamas, que ficou em quinto lugar na disputa, não tem tanta afinidade assim com o pedetista.
Nos bastidores, Vidigal e Lamas têm algumas divergências, apesar de aliados do socialista não acreditarem que ele possa barrar a investida do PSB, em nome da governabilidade, caso ela aconteça. Além disso, Bruno buscou até o último momento o apoio de Audifax, que tem como vice a presidente do diretório municipal do PSB e mãe do parlamentar, Márcia Lamas. Caminhar com Vidigal poucos meses depois de flertar com o apoio do atual prefeito da Serra poderia soar incoerente.
Outro grupo de olho no posicionamento do governo estadual é o PP de Luciana Malini. Apesar de ter feito parte de quase todo o mandato do atual prefeito como secretária municipal, ela, que ficou em sétimo lugar na votação, deve seguir a orientação estadual. O partido é presidido pelo ex-deputado federal Marcus Vicente (PP), que é secretário de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, no governo de Casagrande. A tendência é de seguir a linha do chefe do Palácio Anchieta.
A sexta candidata a prefeita mais votada foi a delegada aposentada Gracimeri Gaviorno (PSC). Oficialmente, ela disse que vai conversar com o partido sobre sua posição no segundo turno. Municipalmente, o PSC é presidido pelo vereador Pastor Ailton (PSC), que é um dos maiores opositores de Audifax na Câmara.
O candidato Delegado Federal Márcio (MDB), que disputou com a candidatura sub judice, também não se manifestou desde o fim da apuração das urnas. Identificado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aliados de Fábio Duarte apontam para um encaminhamento para anunciar apoio à Rede. A reportagem tenta contato com o candidato derrotado, mas ainda não obteve retorno.
Candidato com menos votos, Ebinho Moraes (PCdoB), declarou que ainda está definindo com o partido como vai se posicionar no município. O partido, que também está na base do governo, deve aguardar um movimento do PSB para mexer suas peças neste tabuleiro.
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