Além de ter surpreendido o mercado político ao vencer as eleições municipais para prefeito na Serra, Weverson Mereiles (PDT), eleito neste domingo (27) para governar a cidade, após derrotar o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), também entra para História do Espírito Santo como o nome responsável por quebrar uma sequência de quase três décadas de apenas dois nomes revezando no comando do Executivo serrano, embora seja do grupo político do atual prefeito, Sérgio Vidigal (PDT).
A título de contextualização, é importante destacar que desde a metade dos anos 1970, apenas quatro prefeitos comandaram a Serra. Alternando-se em dois ciclos, que passam por 11 eleições realizadas, primeiro José Maria Miguel Feu Rosa (PTB) e João Baptista da Motta (PSDB), e depois Sergio Vidigal (PDT) — padrinho político e principal incentivador da candidatura de Weverson à sucessão — e Audifax Barcelos (PP), revezaram-se como chefes do Poder Executivo serrano nos últimos 48 anos.
Audifax saiu da corrida eleitoral deste ano como terceiro colocado na disputa, com 23,96% dos votos válidos (58.643), ficando, pela primeira vez, de fora do segundo turno de votação.
A falta de novos governantes na Serra vinha de uma sequência tão longeva que, para efeito de comparação, no mesmo período, iniciado em 1976, o Brasil teve 11 presidentes da República, em um intervalo que inclui o fim da ditadura militar e o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já no Espírito Santo, 10 governadores passaram pelo Palácio Anchieta, ainda que, desde 2003, apenas Paulo Hartung e Renato Casagrande (PSB) tenham se alternado no comando do Executivo estadual.
Apesar de chegar à prefeitura como um novo nome, Weverson foi alçado ao poder como herdeiro político de Vidigal, ou seja, o grupo político no comando do Executivo serrano seguirá o mesmo.
A eleição de Weverson colocou fim a uma era que começou em 1976, ainda durante a ditadura militar, com a eleição de José Maria Miguel Feu Rosa (então na Arena) para o comando do Executivo serrano. Àquela época, o município ainda era majoritariamente rural e poucas famílias tradicionais controlavam a política, entre elas a Feu Rosa.
"Zé Maria" Feu Rosa saiu vitorioso na segunda eleição municipal após o golpe militar de 1964. Na época, não havia reeleição e o mandato durou seis anos.
Feu Rosa foi sucedido por João Baptista da Motta (PMDB), o Mottinha. Eleito em 1982, era oposição ao regime militar e representou uma ruptura na gestão, em um período no qual a Serra iniciou seu processo de industrialização, com a inauguração da então Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) – hoje ArcelorMittal Tubarão. Ele cumpriu mandato regular, saindo do cargo em 1987, depois de perder as eleições para seu antecessor.
Feu Rosa (então no PTB) assumiu novamente o cargo de prefeito serrano em 1988. Assassinado em junho de 1990, ele não concluiu seu segundo mandato, e o vice Adalto Martinelli assumiu a vaga. Em 1992, o resultado das eleições municipais garantiu a João Baptista da Motta a volta ao comando do município.
O final da gestão de Mottinha, em 1996, inaugura um dos mais longevos revezamentos entre prefeitos de que se tem memória em território capixaba: a "era Vidigal-Audifax", que dura até os dias atuais. Justamente em um período em que a industrialização e a atração de novas empresas avançaram na Serra.
Vidigal assumiu o cargo de prefeito pela primeira vez em 1997. Geriu a Serra até 2000 e foi reeleito para seguir administrando a cidade até o final de 2004. No pleito de 20 anos atrás, Vidigal, impossibilitado de concorrer ao terceiro mandato consecutivo, decidiu apostar em Audifax Barcelos, que era seu secretário de Administração e estava filiado ao PDT na época.
A aposta feita por Vidigal deu certo e Audifax terminou a disputa eleito com 111.887 votos nas eleições de 2004, garantindo a permanência do PDT no comando da cidade. Porém, ocorreu um rompimento em 2008, quando a legenda decidiu barrar a candidatura do então prefeito à reeleição, optando por investir no nome de Vidigal, que almejava voltar a administrar a Serra.
O desfecho das eleições de 2008 foi positivo para Vidigal, possibilitando seu retorno à prefeitura. Já na condição de adversários políticos, em 2012, o pedetista sofreu um revés e perdeu a reeleição para Audifax, eleito para seu segundo mandato de prefeito pelo PSB.
O confronto se repetiu em 2016 e Audifax saiu novamente vitorioso nas urnas sobre Vidigal. Em 2020, atendendo ao que determina a legislação eleitoral, ele não disputou a continuidade no cargo e decidiu investir no nome do então vereador Fabio Duarte (Rede) para a sucessão. No entanto, Vidigal foi quem venceu a corrida eleitoral, iniciando em 2021 o mandato que chega ao fim em dezembro deste ano, quando seu pupilo assume a cadeira de mandatário da cidade.
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