Ex-assessor de Gerson Camata, Marcos Venicio Moreira Andrade já havia confessado que matou o ex-governador e ex-senador. O crime foi cometido em dezembro de 2018. Mas nesta terça-feira (3) Marcos Venicio sentou no banco dos réus para ser julgado. O destino dele vai ser decidido por sete juradas.
Em frente ao juiz Marcos Pereira Sanches, ele contou sua versão de como foi o dia do crime: "Tinha esperança de conversar com ele e, lamentavelmente, causei uma tragédia inimaginável. Um sofrimento terrível para família dele e para mim".
"Não tinha intenção de matá-lo de forma alguma", complementou. A tese da defesa é de que o assassinato não foi premeditado, como acusa o Ministério Público Estadual (MPES).
Marquinhos, como é conhecido, chegou a interromper o depoimento, chorando, ao se recordar do momento em que sacou a arma.
"Eu chamei o senador para conversar por dez minutos e ele fez um gesto obsceno com a mão, disse que não tinha nada para falar comigo. Esperei dez anos para conversar com ele e fiquei surpreso com a reação", afirmou.
Foi nesse momento que Marcos Venicio sacou a arma e atirou contra o senador, segundo o réu. Ele disse que nem sabia atirar. "Nunca dei um tiro, não sabia que tinha acertado" relatou.
Na sequência, contou que entrou na loja de um amigo sem saber que Camata havia morrido. E foi nessa loja que aguardou a chegada do delegado (hoje deputado estadual) Danilo Bahiense, a quem entregou arma.
Marcos Venicio alegou que estava com a arma usada no dia do crime, que foi comprada 15 anos antes, por que iria até a Polícia Federal renovar o registro. Ele transportava a arma sem ter autorização para fazer o transporte, segundo informou o juiz.
O réu disse que arma ficou guardada em casa durante anos, enrolada em uma blusa de lã.
Marquinhos, como é conhecido, relatou que havia quase 10 anos queria conversar com Camata sobre denúncias feitas pelo próprio ex-servidor contra o então senador ao jornal "O Globo" em 2009.
Como as acusações, de caixa dois e rachid – ficar com parte dos salários dos funcionários, prática conhecida também como rachadinha – não foram provadas, Camata processou Marcos Venicio por danos morais. Devido a isso, a Justiça bloqueou R$ 60 mil da conta do réu.
O crime ocorreu no dia seguinte ao Natal, em 26 de dezembro de 2018. Gerson Camata havia acabado de comprar um livro e cumprimentava conhecidos em uma calçada na Praia do Canto, em Vitória, quando foi abordado por Marcos Venicio, ex-assessor dele. Aos 77 anos, o ex-governador foi morto com um tiro, um crime que chocou o Espírito Santo.
Marcos Venicio foi detido em flagrante horas depois do assassinato e, no dia seguinte, a prisão foi convertida em preventiva. Ele é mantido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II.
Em 2019, o ex-assessor confessou o crime em interrogatório prestado ao juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Na ocasião, afirmou que não premeditou o crime e que saber que tirou a vida do ex-chefe é uma “tortura diária”. "O presídio é muito duro, mas mais duro ainda é saber que tirei a vida dele", disse Marcos Venicio, de acordo com a transcrição das declarações prestadas por ele em juízo.
Assessor de Camata por 20 anos, Marquinhos, como é conhecido, foi denunciado pelo MPES pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Marcos Venicio relatou ao juiz que abordou a vítima para questionar sobre um processo judicial por danos morais movido por Camata, em que o ex-assessor teve cerca de R$ 60 mil na conta bancária bloqueados pela Justiça.
Ainda em 2019, o ex-assessor foi pronunciado – decisão para conduzi-lo a júri popular – pelo juiz Moulin. A decisão sobre a condenação ou não de Marcos Venicio vai ser tomada pelos jurados e a sentença será proferida pelo juiz de Direito.
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