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STJ manda soltar juiz denunciado por suspeita de venda de sentença no ES

STJ manda soltar juiz denunciado por suspeita de venda de sentença no ES

Alexandre Farina está em cela especial no Quartel da Polícia Militar, em Vitória, desde a última quinta-feira (29). Ele foi preso preventivamente no âmbito da Operação Alma Viva

Publicado em 5 de agosto de 2021 às 19:36- Atualizado há 3 anos

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farina
Juiz Alexandre Farina Lopes está detido preventivamente desde o dia 29. (Bernardo Coutinho)

Denunciado no âmbito da Operação Alma Viva por suposta venda de sentença e preso preventivamente para não atrapalhar as investigações, o juiz estadual Alexandre Farina Lopes obteve um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta quinta-feira (5), permitindo liminarmente que ele responda ao processo em liberdade. 

O magistrado estava detido havia uma semana em uma cela especial no Quartel da Polícia Militar, que fica no bairro Maruípe, em Vitória. Ele deixou o local durante a madrugada desta sexta (6). A prisão preventiva foi um pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) atendido pelo Tribunal de Justiça (TJES) na mesma data. Horas após o Pleno deliberar sobre a prisão, no último dia 29, Farina foi ao quartel e se entregou.

Relator do caso, o ministro Joel Ilan Paciornik destacou que "em que pese a gravidade concreta do delito, verifica-se, em uma análise superficial, a desnecessidade da custódia cautelar", uma vez que anteriormente o TJES já havia imposto medidas cautelares alternativas ao denunciado, tais como:

Aspas de citação

Não havendo notícias do descumprimento das referidas medidas, estas se mostram, a princípio, suficientes ao resguardo da ordem pública e da instrução processual

Joel Ilan Paciornik
Ministro do STJ e relator do caso
Aspas de citação

"Por tais razões, defiro a liminar para, revogando a prisão preventiva, restabelecer, até o julgamento do mérito do presente habeas corpus, as medidas cautelares impostas anteriormente pela Corte estadual, bem como fixar nova medida alternativa consistente na proibição de contato com os corréus, a ser implementada pela autoridade coatora, sem prejuízo da possibilidade de fixação de novas medidas caso se entenda necessário", decidiu.

No pedido, a defesa de Farina, composta por oito advogados, entre eles Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, pondera que não foram "demonstrados elementos que evidenciassem estar o réu causando embaraço à investigação criminal ou risco à aplicação da lei penal". A defesa também destacou que outras medidas alternativas já haviam sido determinadas pelo TJES e ressaltou a extemporaneidade, ou seja, o tempo decorrido entre as suspeitas apontadas e a prisão.

TAMBÉM JUIZ, GUTMANN TEVE HABEAS CORPUS NEGADO

Ainda no âmbito da Operação Alma Viva, foi preso preventivamente, também no último dia 29, o juiz Carlos Alexandre Gutmann. A defesa do magistrado impetrou habeas corpus no STJ, mas em decisão assinada no último dia 3 e disponibilizada nesta quinta, o ministro Joel Ilan Paciornik negou o pedido de prisão domiciliar.

Para o ministro, "não é possível identificar de plano o constrangimento ilegal aventado" pela defesa.

Os advogados Israel Jorio, Raphael Boldt e Matheus Mota alegaram que não foi apresentada fundamentação idônea para a decretação da prisão preventiva e que Gutmann não demonstrou nenhuma conduta que justificasse a medida. Ainda destacou "a ausência de contemporaneidade da prisão, decretada após mais de 4 anos dos fatos, afirmando não existir qualquer risco atual à instrução criminal".

O QUE DIZ A DEFESA DE GUTMANN

Procurada nesta quinta (05),  a assessoria de imprensa do juiz Carlos Gutmann informou nesta sexta (06), por nota, que foram adotadas "todas as medidas jurídicas cabíveis para sanar o erro que gerou a atual situação de desigualdade e injustiça estão sendo adotadas".

O QUE DIZ A DEFESA DE FARINA

Em nota, a defesa de Alexandre Farina destacou que obteve uma "importante conquista" com a liberdade do magistrado e reforçou que "não há motivos suficientes para a medida extrema da prisão preventiva, uma vez que Farina sempre se colocou à total disposição do tribunal e não chegou sequer a ser ouvido".

Em nota enviada no final da manhã desta sexta-feira (6), a Polícia Militar informou que o juiz Alexandre Farina "não se encontra mais custodiado na área militar".

AS PRISÕES PREVENTIVAS

Por unanimidade, a prisão preventiva dos dois juízes foi determinada pelos desembargadores do TJES durante sessão do Pleno no dia 29 de julho. No voto, a relatora do caso no TJ, desembargadora Elisabeth Lordes, registrou que a medida visava garantir a instrução processual, já que há indícios que os magistrados estavam atuando para "atrapalhar as investigações, constranger testemunhas e destruir provas".

"Para a garantia da instrução processual, que ora se inicia, com oferecimento de denúncia feita ontem (28), refutando que com a aplicação de outras medidas cautelares não seria possível impedir acesso ao processo dos investigados enquanto estiverem em liberdade. Assim, estou votando pelo acolhimento do pedido", registrou, no voto.

A OPERAÇÃO ALMA VIVA

A suspeita sobre a venda da sentença, que foi proferida pelo juiz Carlos Gutmann em março de 2017, surgiu a partir de outra investigação, a da morte da médica Milena Gottardi. O ex-marido dela, o ex-policial civil Hilário Frasson, foi denunciado como mandante do crime.

O executor confesso, Dionatas Alves Vieira, afirmou que Hilário gostaria que o crime fosse cometido na Serra, onde teria "um juiz amigo". Em análise de mensagens e ligações feitas pelo celular de Hilário, o MPES chegou ao nome do magistrado Alexandre Farina. Junto com Hilário, ele teria intermediado a negociação de uma sentença sem relação com o caso Milena.

O ex-marido da vítima manteve contato com Eudes Cecato, interessado na titularidade de um terreno, e com Farina que, por sua vez, segundo as investigações, atuou ao lado de Gutmann para garantir que a decisão judicial beneficiasse o empresário, em troca de pagamento de vantagem indevida.

Ao todo, sete pessoas foram denunciadas pelos crimes de corrupção passiva ou ativa, entre eles os juízes Alexandre Farina e Carlos Gutmann.

A denúncia foi apresentada pelo MPES no último dia 28. Já a investigação começou em maio deste ano. Inicialmente, os autos do processo estavam sob sigilo, derrubado em julho deste ano. O TJES ainda tem que analisar a denúncia. Se ela for recebida, os acusados tornam-se réus. Somente depois, eles devem ser julgados e podem ser condenados ou absolvidos.

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Errata Atualização
6 de agosto de 2021 às 13:19

A Polícia Militar enviou nota sobre o caso. O texto foi atualizado.

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