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STJ determina retorno de Nacib Hadadd ao cargo na Câmara da Serra

STJ determina retorno de Nacib Hadadd ao cargo na Câmara da Serra

Vereador, que é dono de uma empresa de limpeza pública, foi denunciado pelo Ministério Público em um esquema de formação de cartel para licitações no Estado. Afastado em abril de 2019, ele terá menos de um mês de mandato

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 20:45

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Vereador Nacib Haddad
Vereador Nacib Haddad (DEM): parlamentar alega ser inocente e diz que decisão foi "perseguição política". (Guilherme Ferrari)

O vereador Nacib Haddad (DEM), afastado desde abril de 2019 da Câmara da Serra, retomou o cargo na última segunda-feira (7) após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que revogou seu afastamento. Nacib é acusado de fazer parte de um esquema de cartel e fraude em contratações públicas de serviços de limpeza. Com a decisão, Haddad volta à Câmara Municipal faltando menos de um mês para o fim do mandato, já que ele não foi reeleito para a próxima legislatura.

O vereador foi um dos alvos da Operação Assepsia, do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que denunciou o parlamentar e outras 13 pessoas, que são sócios ou representantes de empresas, que teriam agido em conjunto para combinar preços em licitações para serviços de limpeza pública, prestado para prefeituras.

Nacib é sócio da empresa Braslimp, uma das investigadas no esquema, e apesar de o vereador estar formalmente afastado do comando da firma, o MP aponta que ele ainda atuava como administrador. O vereador nega a acusação.

O afastamento foi revogado por unanimidade, na Quinta Turma do STJ. O relator, ministro João Otávio de Noronha, argumenta que o caso do vereador ainda não tem condenação em primeira instância e a prorrogação do afastamento configura uma "verdadeira cassação indireta do mandato".

"A medida cautelar, ainda que aplicada em substituição à prisão preventiva, é excepcional e não definitiva, razão pela qual não deve prolongar-se no tempo, assumindo o caráter de definitividade quando é originariamente cautelar", escreve o ministro, cujo voto foi acompanhado pelos outros integrantes do colegiado.

De volta ao cargo, Nacib afirma que a decisão de seu afastamento é "absurda" e que a acusação feita contra ele é fruto de perseguição política. Ele alega ainda que na época em que ocorreu a licitação a qual foi acusado de fraudar, ele estava afastado da empresa e concentrado no mandato como parlamentar.

"A investigação se baseia em uma denúncia anônima e me acusam de montar um cartel com 300 empresas, baseado em dois telefonemas que eu dei. É impossível. Eu sou inocente. Esse afastamento, além de absurdo, prejudicou minha campanha, pois os adversários usaram isso contra mim, dizendo que eu não ia assumir se fosse eleito, sendo que o processo não tem nem sentença. Tenho cinco mandatos como vereador, quero terminar esse último e, pelo menos por um tempo, me dedicar à minha empresa", argumenta.

Nas eleições de 2020, Nacib teve 1.552 votos, e ficou como 1º suplente do vereador Wellington Alemão (DEM). 

RELEMBRE O CASO

A investigação foi iniciada em 2017, quando o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPES, passou a apurar possíveis irregularidades em pregão lançado no ano anterior pela Secretaria de Estado de Educação (Sedu). A pasta contratou empresas para a limpeza e conservação de escolas e unidades administrativas.

O Gaeco concluiu que as três empresas que arremataram os quatro lotes em disputa agiram em conluio para se manterem nas áreas em que já atuavam com contratos emergenciais. Foram elas: a Conservo, vencedora dos lotes 1 e 3; a Braslimp, vencedora do lote 2; e a Serdel, vencedora do lote 4. Elas eram terceira ou quarta colocadas na lista de melhores lances, mas acabaram vencedoras dos lotes do pregão.

Os lotes pagos às empresas pela Sedu somam R$ 118,3 milhões. O restante dos contratos suspeitos, no total de R$ 170,1 milhões, foram com prefeituras do Estado. A investigação contou com trabalho de cooperação entre o Gaeco e a Secretaria Geral de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado.

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