Em entrevista que foi ao ar na noite deste domingo (06), o presidente da República, Michel Temer (PMDB), admitiu que parte da reforma da casa de uma de suas filhas foi paga pela mulher do coronel Lima, alvo de investigações e inquérito da Lava Jato. Delatores da JBS disseram que entregaram R$ 1 milhão em propina ao coronel, que é amigo do presidente. A suspeita é que esse dinheiro tenha sido usado para fazer obra no imóvel de Maristela Temer em São Paulo. Em entrevista ao SBT, o peemedebista disse que o pagamento foi legal e negou qualquer irregularidade.
Na entrevista ao programa "Poder em foco", que foi ao ar na noite deste domingo, no SBT, Temer reafirmou que pode abrir mão de sua candidatura à reeleição para apoiar um nome de "centro". Ele indicou os nomes de possíveis aliados na campanha eleitoral. Segundo Temer, "se necessário", ele abriria mão da candidatura "com a maior tranquilidade".
Temer citou nominalmente Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (PMDB), Flávio Rocha (PRB), Afif Domingos (PSD) e Paulo Rabello de Castro (PSC) como possíveis companheiros de chapa. Quando perguntado se havia esquecido Rodrigo Maia (DEM), Temer respondeu que também considerava o presidente da Câmara.
"Se nós quisermos ter o centro, não podemos ter 7 ou 8 candidatos. A classe política precisa se mobilizar para que escolha um nome de centro", afirmou o presidente.
Na sexta-feira (04), em entrevista à EBC, Temer fez declaração semelhante, mas não havia citado o nome dos possíveis aliados. No fim da semana passada, Alckmin telefonou ao presidente, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, e ouviu de Temer que ele seria recebido para uma conversa sobre eventual aliança para a disputa presidencial. A ligação serviu para uma abertura dos diálogos neste sentido.
Sobre a possível candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência pelo PSB, Temer disse que é um nome "bem recebido", mas não acredita que possa ter sucesso na campanha apenas "por ser negro" ou "porque foi pobre".
"Se me permite, eu não concordo com o fato de ele ser presidente porque é negro. Nem ser presidente porque foi pobre. Pobre eu também fui. Eu tive uma infância... parece que não, mas eu para ir à escola andava 6 quilômetros, para ir e para voltar. O Lula foi pobre. Não é esta razão que vai fazer com que fulano seja ou não seja presidente."
REFORMA
Temer também foi questionado sobre o inquérito dos portos, do qual é alvo. Mas não se sentiu confortável em falar sobre o assunto. Afirmou que a reforma da casa de uma de suas filhas, Maristela Temer, foi realizada com absoluta licitude.
"Eu lamento que estejamos conversando sobre isso ao invés de conversarmos sobre o Brasil."
Na última quarta-feira (02), a Polícia Federal (PF) colheu depoimentos no inquérito que trata do caso e investiga se Temer recebeu propina de empresas do setor portuário. O foco das oitivas foi aprofundar a apuração sobre a reforma, que teria sido bancada pelo coronel João Baptista Lima, amigo de Temer e acusado de receber dinheiro sujo em nome dele.
A PF ouviu fornecedores de serviços contratados para a obra.
"Foi uma reforma regularmente paga, regularmente esclarecida. Eu não tenho os dados do depoimento que ela prestou ontem (quinta-feira) ao delegado da Polícia Federal, mas soube que foi tudo pelas melhores", disse Temer.
Sobre a recuperação da economia, Temer afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2018 dificilmente chegará a 3% - previsão inicial da equipe econômica. "Agora, a previsão é de 2,5% a 3%. Como agora se fala em 2,75%."
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