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Testemunha ouviu o que assassino disse a Gerson Camata

Testemunha ouviu o que assassino disse a Gerson Camata

Carlos Mariano Miranda Ayres, de 56 anos, estava sentado próximo ao local onde ex-governador do Espírito Santo foi assassinado, na Praia do Canto

Publicado em 11 de abril de 2019 às 22:21

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No final de dezembro do ano passado, a morte do ex-governador Gerson Camata, 77, assassinado por um ex-funcionário em frente a um restaurante na Praia do Canto, Vitória, chocou o Espírito Santo. Quase quatro meses depois, o autor do crime, Marcos Venício Moreira Andrade, permanece preso em Viana, mas as testemunhas do caso, tanto de acusação quanto de defesa estão prestes a ser ouvidas nas audiências marcadas para os dias 22 e 23 deste mês.

Entre elas, está o chefe de cozinha Carlos Mariano Miranda Ayres, de 56 anos. Cassinho, como é conhecido, é morador da Praia do Canto e estava sentado em frente ao restaurante quando o crime aconteceu. Ele lembra que segundos antes de ser atingido pelo tiro, Camata havia acabado de parar para conversar com ele e os amigos. Uma tarde como muitas outras, que conforme ele mesmo relembra, terminou "tragicamente". 

A ENTREVISTA COM CASSINHO AYRES

Por que você estava ali naquele momento?

A Chapot Presvot é a rua em que eu moro desde que nasci. Passo ali sempre. Na quarta-feira, que foi o dia em que o caso aconteceu, eu passei ali para comer um lanche na padaria para depois ir jogar basquete. Era o que eu estava fazendo, estava esperando dar a hora. Ali é um ponto de encontro dos amigos há muito tempo.

Você conhecia Gerson Camata? Conversou com ele naquele dia?

Conhecia. Ele parou para contar um caso para a gente. Estávamos eu, o dono da banca, que também é testemunha, e o sócio da cervejaria que fica ali na frente. Como Gerson sempre fez a vida toda, ele parou para contar um caso. Ele contou, nós rimos e ele saiu. Quando ele saiu, o Marquinho passou, me cumprimentou e chamou Gerson pelo nome: "Oh, Gerson". E os dois pararam para conversar no espaço da banca.

Quando ele chamou, qual foi a reação do ex-governador?

Normal. Parou para conversar com ele. Não fez nenhuma expressão diferente. Foi uma conversa amigável, normal.

Você ouviu o que eles falaram?

Não, não dava para ouvir porque eu estava parado ouvindo música ali. Mas, aparentemente, estava tudo tranquilo. A conversa não tinha nada de alta, gritando ou um clima tenso que a gente pudesse perceber. Essa conversa durou menos de um minuto. Foi rápida. A única coisa que eu ouvi foi quando o Marcos falou para Gerson assim: "Mas eu me sinto roubado".

Ele estava o tempo todo com a mão no bolso. Então, ele falou isso e sacou a arma do bolso. Ele sacou a arma e deu um tiro em Gerson Camata. Foi isso que aconteceu.

E o que acontece em seguida?

Aí o Gerson Camata vem andando em minha direção e fala: "Ele me matou, ele me matou". Começa a sangrar muito. Eu tento segurar Gerson, mas ele já cai no chão do estabelecimento sem vida.

Nessa hora você conseguiu ver o que aconteceu com o Marcos?

Não. Eu não vi nada, porque eu olhei para o Gerson, eu tentei socorrer ele. O pessoal depois até comentou comigo: "Pô, mas e se ele vem e atira em você?". Ele atiraria sem eu ver porque eu só olhei para Gerson Camata, não fiz outra coisa.

Como foi para você passar por tudo isso?

Disseram que eu fiquei igual a uma barata tonta. Eu fiquei de um lado para o outro, tentando ligar, peguei o telefone para falar com a polícia, liguei para o 190. Mas é um susto danado. Foram 20 segundos de desespero total. Eu não sabia desse problema entre os dois. Marquinhos era uma pessoa que estava sempre por ali, mas eu não conversava com ele. Gerson sempre contando caso.

Aí o cara chegou e chamou ele pelo nome. Os dois pararam para conversar. Ninguém podia prever aquela situação. Ninguém imaginaria que ia terminar do jeito que terminou.

Você tinha uma relação próxima com Gerson Camata?

Não, próxima não. Meu pai sempre foi envolvido com política. Desde que Gerson Camata foi governador, ele sempre ia à minha casa, na campanha pra governador, para senador. Fora isso, toda vez que ele estava na rua, por conhecer meu pai, ele falava, cumprimentava. O pai do Fabrício, da banca, era amigo dele, então ele sempre parava, cumprimentava. Era um dia normal e acabou tragicamente.

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