O major da reserva do Exército Angelo Martins Denicoli, morador de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, foi denunciado com Jair Bolsonaro (PL) e outras 32 pessoas pela Procuradoria Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado. Mas afinal, qual a participação do major e por quais crimes ele é acusado?
As investigações apontam que o morador de Colatina integrava o Núcleo de Desinformação e Ataque às Urnas. De acordo com a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, os integrantes propagavam notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizavam ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo.
"Todos estavam cientes do plano maior da organização e da eficácia de suas ações para a promoção de instabilidade social e consumação da ruptura institucional", afirma Paulo Gonet.
No entendimento do procurador-geral, o major integrava, "de maneira livre, consciente e voluntária, uma organização criminosa constituída desde pelo menos o dia 29 de junho de 2021 e operando até o dia 8 de janeiro de 2023, com o emprego de armas e utilização de violência e grave ameaça com o objetivo de impedir o regular funcionamento dos Poderes da República e depor um governo legitimamente eleito".
Por conta disso, o major, Bolsonaro e os demais aliados do ex-presidente foram denunciados por:
A reportagem de A Gazeta tenta contato com a defesa de Angelo Martins Denicoli. O espaço segue aberto para as devidas manifestações.
Na denúncia, é citado que, com o intuito de perpetuar narrativas já sabidas como infundadas de fraude e, assim, enfraquecer o sentido de legitimidade do processo democrático, a organização criminosa preparou materiais para divulgação pelo influenciador argentino Fernando Cerimedo, conforme noticiado pela colunista Letícia Gonçalves em fevereiro de 2024.
Durante uma transmissão ao vivo (live) no YouTube, realizada em 4 de novembro de 2022, Cerimedo apresentou um dossiê, publicado no seu canal La Derecha Diario36, com informações falsas sobre o sistema de votação brasileiro.
De acordo com a denúncia da PGR, a preparação do material divulgado contou com a relevante contribuição do major de Colatina, que fazia o elo do grupo criminoso com Cerimedo. "Identificou-se que uma pasta no serviço de nuvem Google Drive, disponibilizada pelo argentino, fora alimentada com arquivo de autoria de Denicoli", afirma Paulo Gonet.
É apontado ainda que o major participou da elaboração de um relatório do Instituto Voto Legal (IVL), contratado pelo Partido Liberal (PL), em que se disse, de forma inverídica, haver “desconformidades irreparáveis de mau funcionamento” nas urnas fabricadas antes de 2020.
A ligação de Denicoli com Cerimedo foi confirmada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que afirmou em delação premiada que o major se empenhava em buscar fraudes nas urnas eletrônicas.
As penas somadas podem ultrapassar 28 anos de prisão em caso de condenação. A denúncia foi fatiada. A peça apresentada na terça (18) atinge a “cúpula” do plano golpista. Além de Bolsonaro, outras 33 pessoas foram denunciadas. São eles:
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