A três dias antes do primeiro turno das Eleições 2022, no dia 2 de outubro, cinco candidatos ao governo do Espírito Santo ficaram cara a cara durante o último debate do período de campanha, promovido por A Gazeta e a Rádio CBN Vitória na manhã desta quinta-feira (29).
O evento permitiu que Aridelmo Teixeira (Novo), Audifax Barcelos (Rede), Carlos Manato (PL), Guerino Zanon (PSD) e Renato Casagrande (PSB) fizessem e respondessem perguntas, além de apresentarem propostas em um momento crucial da campanha. Pelas regras, os participantes foram selecionados conforme a representação do partido no Congresso Nacional (com no mínimo cinco parlamentares).
Dividido em cinco blocos, o debate foi marcado por embates entre os candidatos. A gestão atual do governador e candidato à reeleição e administrações passadas, à frente de prefeituras, dos nomes na corrida dominaram o evento. Ainda no início, Audifax acusou o atual governador de ter fechado comércios sem critério na pandemia, enquanto Casagrande citou as dificuldades de governar durante o período, relembrando que o ex-prefeito da Serra também foi às redes sociais orientar que as pessoas se cuidassem.
Guerino, ex-prefeito de Linhares, relembrou sua gestão e os empregos criados no município e condenou a qualidade da atual administração estadual. Manato defendeu a meritocracia na distribuição dos cargos públicos e alfinetou, sem citar nomes, a prática de colocar “amigos” não eleitos em posições de destaque, em uma crítica implícita a Casagrande.
Aridelmo criticou a queda no desempenho estadual na educação e defendeu a criação de uma “incubadora de inovação” nas escolas de ensino médio, preparando os jovens para exercer uma profissão que agregue valor à economia local.
Repetindo discurso da sabatina A Gazeta/ CBN, Guerino voltou a defender a criação de incentivos destinados aos municípios do Sul capixaba, em contraponto aos benefícios destinados aos municípios inseridos na área de abrangência da Sudene, no Norte do Estado. “Nós vamos unir o Norte e o Sul, o 027 e o 028, transformar o Espírito Santo em um único Estado.”
Na sequência, os candidatos responderam a perguntas feitas por jornalistas e colunistas da Rede Gazeta, que tiveram como foco mobilidade urbana, privatizações, políticas de inclusão, segurança e educação.
Aridelmo prometeu rever os contratos que gerem subsídios exagerados, ao responder sobre as subvenções para as empresas que detêm a concessão do Sistema Transcol, e fazer novo contrato de concessão da Terceira Ponte. Ele também indicou que, se eleito, pretende fazer a Reta da Penha e a Avenida Leitão da Silva funcionarem como mão e contramão, ou seja, cada uma das avenidas teria apenas um sentido.
Manato indicou que adotará um tom mais liberal se for eleito, destacando que avalia ceder a Cesan à iniciativa privada e confirmou que privatizará a ES Gás. Uma eventual privatização do Banestes foi descartada.
Casagrande citou dificuldades para conceder o Estádio Kleber Andrade, em Cariacica e, ao ser indagado sobre propostas para reverter o problema da evasão escolar, que se agravou no Estado durante a pandemia, falou em dar continuidade a iniciativas que já estão em andamento. “O Unicef está nos ajudando a fazer a busca dos alunos que deixaram a escola, para tentarmos levá-los de volta, estamos em trabalho nos municípios, levando tecnologia.”
Questionado sobre a ausência de políticas públicas para segurança de pessoas LGBTQIA+ em seu plano de governo, em meio a um contexto de aumento de violência contra essa parcela da população, Guerino disse que “tudo está incluso” e que, em outras gestões, sempre respeitou “os diferentes”. O candidato afirmou ainda que discorda da abordagem de temas relacionados à sexualidade na educação.
“O que não aceitamos é que o Estado queira interferir na educação dos nossos filhos. A educação, que a gente faz em casa, quem dá é pai e mãe. Quando a pessoa adquire uma certa idade, a opção é dela.”
Audifax propôs a criação de um aplicativo que rivalize com Uber e iFood e crie mais oportunidades de emprego e renda para os capixabas. “Isso pode ser gerido pelo Estado, ou a gente pode buscar um parceiro.”
A terceira parte do debate foi voltada para perguntas entre os candidatos, com temas pré-determinados. Guerino exaltou as forças de segurança do Estado e defendeu a escolha de um secretário que conheça a realidade capixaba. Já Aridelmo defendeu o investimento em inteligência e a valorização dos agentes.
Manato defendeu a descentralização da saúde, cobrando dos municípios a realização do atendimento à saúde primária. Também declarou planos de estadualizar o Hospital Geral de Linhares (HGL), construir um novo hospital em São Mateus e criar meios para que outros hospitais consigam realizar atendimentos de maior complexidade.
Audifax atacou a gestão de Casagrande por não cumprir promessas realizadas na campanha anterior, declarou que realizará projetos de mobilidade que não saíram do papel e que reduzirá as taxas de pedágio da Rodosol.
Casagrande rebateu os ataques, destacando, não pela primeira vez no debate, que “ser candidato é diferente de ser governador” e chamou atenção para os feitos de sua gestão, como criação de um fundo de proteção aos empregos, elevados índices de transparência e boa gestão fiscal.
No quarto e último bloco, Audifax informou que, caso seja eleito, a segurança pública será sua prioridade, pretendendo aumentar o efetivo da Polícia Militar e criar delegacias da mulher no interior do Estado.
Manato disse ver falta de transparência na gestão do Fundo Soberano, enquanto Guerino criticou a forma de gestão dos recursos públicos e o montante disponível nos caixas do Estado em um momento em que a população passa fome.
Aridelmo prometeu gestores técnicos na área da saúde e a ampliação dos serviços, para acabar com filas por vagas em hospitais. Já Casagrande prometeu dar andamento a obras de infraestrutura, tendo sido atacado em seguida, por Audifax, pelo número elevado de feminicídios do Estado. O ex-prefeito da Serra também criticou o atual governador por “dar uma de vítima”, ao não responder diretamente sobre o assunto.
O debate foi concluído com as considerações finais dos candidatos ao governo do Espírito Santo, que tiveram a oportunidade de apresentar propostas e pedir voto aos eleitores.
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