O vereador da Câmara de Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo, Ademar Antônio Vieira (PSD), conhecido como Alemão de Vila Paulista e Lemão Vitorino, foi condenado a 5 anos e 9 meses de prisão por corrupção passiva, após ter assediado sexualmente uma servidora do município em 2017, durante o mandato anterior. A Justiça decretou ainda a perda de mandato e o pagamento de multa de pouco mais de R$ 4,4 mil.
Segundo decisão do juiz Ivo Nascimento Barbosa, o político chantageou a mulher, pedindo favores sexuais em troca de mantê-la no cargo. Reeleito em 2021, Ademar ocupa atualmente o posto de presidente da Câmara municipal.
De acordo com a sentença, a vítima teria apoiado o político na campanha eleitoral de 2016. Após a vitória de Ademar nas urnas, o vereador prometeu um cargo para a vítima, que tinha um pai que passava por tratamento de câncer. A mulher foi contratada como técnica de enfermagem pelo município.
A vítima relatou que, durante troca de mensagens por WhatsApp, Ademar se insinuou, querendo sair com ela. Na conversa, o vereador fez referência ao cargo que ela tinha, já que tinha sido contratada através de indicação dele. A vítima mostrou as mensagens para o marido e denunciou o vereador à polícia.
Em depoimento, ela relatou: “Que após conseguir o emprego Alemão passou a assediar a depoente, buscando vantagens de cunho sexual, alegando que a depoente teria que ficar com ele, e em uma ligação chegou a querer marcar um encontro com a depoente, estipulando um prazo, e que se a depoente não ficasse “ele não poderia garantir a permanência da depoente no trabalho”; que a depoente ficou extremamente pressionada”, afirma o documento.
Ademar foi condenado por corrupção passiva pelo assédio. Segundo o Código Penal, o crime é de corrupção passiva ocorre quando alguém solicita ou recebe, para si ou para outra pessoa, direta ou indiretamente, alguma vantagem indevida em razão da função pública que ocupa.
Na sentença, o juiz afirma que “os motivos são desprezíveis, visando unicamente a satisfação de sua lascívia”. O documento também diz que o vereador teria estipulado um prazo para a vítima colocando o emprego dela em risco.
O magistrado ainda acrescenta que ficou devidamente demonstrado o nexo entre a vantagem indevida de natureza sexual solicitada pelo acusado e a sua atividade exercida de vereador.
A reportagem entrou em contato como vereador, que pode recorrer da decisão em liberdade. Em nota, ele disse classificou a sentença como "contraditória" e afirmou que vai recorrer ao Tribunal de Justiça "para provar a minha inocência".
"Kamais condicionaria qualquer oportunidade de trabalho a qualquer tipo de favor imoral e ilegal. Como já disse diante da autoridade policial, a municipalidade precisava de uma profissional com a capacidade da servidora em questão e por isso ela ficou com a vaga", afirmou em nota.
O vereador ainda disse na nota: "Tenho família, uma esposa leal e dois filhos lindos. A servidora em questão também tem família, um marido trabalhador e leal. Nem minha família e nem a família dela mereciam essa publicidade a uma situação resolvida no âmbito particular, entre as duas famílias."
Ele concluiu dizendo que deseja agora"seguir em frente em minha vida pública e familiar, tomando em conta as palavras que Jesus proferiu para a mulher que era apedrejada pelos legalistas: 'Vá e não peques mais'".
Também procurada pela reportagem para se manifestar, a Câmara de Barra de São Francisco não respondeu.
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