Edna Luzia Furtado, de 52 anos, carregou no nome de urna e na corrida eleitoral em 2020, em Cariacica, a profissão que a permitiu ser conhecida e ocupar cargos nas áreas de saúde e assistência social no município. Enfermeira Edna (Avante) é a vice-prefeita na chapa eleita, encabeçada por Euclério Sampaio (DEM), para comandar a cidade a partir do ano que vem.
Edna não estreou nas urnas neste ano. Em 2012, concorreu ao cargo de vereadora pelo PTB, partido que estava filiada desde os 16 anos, por influência da atuação política do avô, mas ficou como suplente. Dois anos depois, o então vereador Marcos Bruno (Rede) foi eleito deputado estadual e Edna assumiu o mandato na Câmara municipal em 2015. Em 2016, tentou a reeleição, pelo do PRB (atual Republicanos), foi a 14ª mais votada, mas não conseguiu se reeleger.
Desde 1999, Edna trabalha na estrutura da administração municipal. Começou com contratos temporários, como assistente de atendimento médico no Pronto-Atendimento de Itacibá, até 2005, e, depois, como assistente administrativa na Prefeitura de Cariacica, no período do governo de Helder Salomão (PT).
Em 2006, Edna concluiu a faculdade de Enfermagem e, do ano seguinte até 2010, ainda na gestão de Helder Salomão, atuou como enfermeira, também por meio de contratos temporários.
Após perder a eleição para vereadora em 2012, assumiu, no ano seguinte, a coordenação do Programa Saúde da Família (PSF) na gestão do prefeito Juninho (Cidadania). Ficou no cargo até 2015, quando assumiu a cadeira na Câmara. Sem sucesso nas eleição de 2016, tornou-se subsecretária municipal de Assistência Social, a convite do chefe do Executivo municipal.
Em 2020, Edna aceitou o convite de Euclério para compor a chapa como vice-prefeita. Desta vez, pelo Avante. Passada a eleição e com a vitória garantida, planeja agora levar as experiências que teve nas comunidades para a prefeitura. "Não quero ser uma vice-prefeita de gabinete", diz.
Eu ajudava o meu avô de consideração, o João de Souza, conhecido como Joãozinho, aqui onde moramos, em Tucum, Cariacica. Muito atuante na comunidade, ele foi candidato por duas vezes em uma época onde ainda se votava em cédulas de papel. As ruas eram todas de barro, não tínhamos escadarias aqui, as pessoas desciam e caíam. O meu avô ia muito na prefeitura, para a população. Com isso, conseguimos asfaltar as ruas. Ele era muito atuante e eu o ajudava na campanha. Erámos eu, ele e umas quatro pessoas. Ele era sempre bem votado, cerca de 1 mil a 1,5 mil votos, mas nunca conseguiu se eleger como vereador. Então, entrei na política por meio da participação popular e também por ter o ajudado.
Um dos fatores é eu ser mulher, o meu histórico como guerreira e a minha história de vida. Minha família veio da roça, meu pai é lavrador e minha mãe, dona de casa. Somos oito irmãos. Acredito que por ser uma mulher negra, ter essa sensibilidade, ter sido vereadora por dois anos e ter tido esse contato com a comunidade.
Eu me senti muito importante. Na campanha, eu ia a um bairro e o Euclério, a outros, porque Cariacica é muito grande. Então, não daria para visitar todos. Visitamos tudo a pé, caminhando. Eu ia de casa em casa para ouvir os anseios das pessoas e para elas conhecerem os nossos projetos. Muitas vezes, você coloca o projeto no papel, mas as pessoas não têm o hábito de ler. Então, você falar as propostas para o povo é importante.
Eu já fui vereadora por dois anos e a resposta na minha segunda candidatura foi de 2.062 votos. As mulheres também querem uma candidata mulher. A minha responsabilidade é grande, porque confiaram o voto esperando que eu acolhesse os anseios da população. Hoje, o que as pessoas mais reclamam é a questão da saúde e eu já fui enfermeira.
Desde segunda-feira (30), as gestões já estão conversando, inclusive com o auxílio do prefeito de Viana, Gilson Daniel (Podemos), juntamente com o Euclério e o Juninho. Eu fiquei muito feliz, porque o Gilson é um excelente administrador.
Eu estarei acompanhando e ajudando. Tem a transição para eu conhecer o meu espaço e definir a minha equipe. Este período passa muito rápido. Logo será a posse, mas eu ajudarei com certeza.
Quando eu fui coordenadora da Estratégia da Família, tínhamos 31 equipes em Cariacica, com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes de saúde. Então, conseguíamos ajudar as famílias das comunidades. Precisamos fortalecer a atenção básica para fazer com que os pronto-atendimentos não fiquem lotados. Quando uma unidade de saúde fecha cedo ou não tem médico, as pessoas acabam superlotando os PAs. Além disso, precisamos valorizar os profissionais da saúde e ouvir os anseios da categoria, para ver como eles estão. Enquanto profissional da enfermagem, sinto muita falta disso. Essa atenção básica precisa ser revista urgentemente. Vamos informatizar as consultas também, fazer os agendamentos on-line para que as pessoas não precisem esperar nas filas, mas pensando em contemplar quem não tem o acesso à informática também.
Percebo que os agressores aproveitam da deficiência da lei porque sabem da impunidade, que podem agredir e que não serão presos. Precisamos colocar mais mulheres na Câmara dos Deputados e no Senado, porque, com mais mulheres, teremos uma atenção maior nas leis. Aqui no município, precisamos criar políticas públicas, acolher, dar cursos, inserir e tratar com atendimento psicológico digno as mulheres. Por isso, vamos criar a Casa Rosa, onde teremos oficinas e atendimento de psicólogos para elas.
Na Secretaria de Assistência Social, teremos o cargo de igualdade racial ocupado por uma pessoa negra. E estamos vendo também a possibilidade de ter uma mulher ou várias na nossa administração. A minha equipe, por exemplo, será composta, em sua maioria, de mulheres.
Já conversamos sobre o assunto, mas eu preferi não assumir nenhuma secretaria. Ficamos muito fechados, não conseguimos ver o todo. Quero fazer mais um trabalho de assessoramento e de avaliação dos serviços, nas ruas.
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