Candidato a prefeito mais votado no primeiro turno na Serra, o deputado federal Sergio Vidigal (PDT) agradeceu os votos que recebeu e pediu ao seu adversário no segundo turno, o vereador Fabio Duarte (Rede), "mais debate sobre a cidade". Ele acusa Duarte e os outros adversários que disputaram a primeira etapa do pleito de terem promovido discursos de ódio durante a campanha.
Com 100% das urnas apuradas, Vidigal somou 100.837 votos, 47,46% do total de votos válidos. Já Fabio alcançou a preferência de 41.194 eleitores (19,39%).
No comitê central do PDT na Serra, em Jacaraípe, a expectativa de aliados era de que ele fosse eleito no primeiro turno, como apontavam as pesquisas.
Cerca de 80 pessoas aguardavam o resultado no local, em um espaço de eventos onde funciona o QG da campanha. Quando houve a confirmação de que o pedetista iria para o segundo turno com Fabio Duarte, muitos militantes deixaram o local. Duarte é o candidato apoiado pelo atual prefeito, Audifax Barcelos (Rede), principal adversário de Vidigal na Serra. O clima no comitê era de frustração. Alguns apoiadores pediram para que as pessoas ficassem no espaço e recebessem o candidato, que estava a caminho.
"É bom que a eleição tenha ido para o segundo turno, porque agora teremos debate. Nós nos preparamos para uma eleição com dois turnos. Não foi uma surpresa. Não foi uma disputa acirrada, fomos para o segundo turno por excesso de candidatos mesmo. Espero que agora nossa cidade possa debater os dois projetos: da ruptura com o atual governo ou da continuidade dessa gestão. Quero que possamos discutir e debater com o nosso adversário os próximos quatro anos da Serra. O primeiro turno foi só de acusação, fake news, uso da máquina pública. Não deu para discutir a cidade. Amanhã recomeçamos a campanha e vamos buscar novos aliados entre os outros candidatos", afirmou.
Um dos fatos citados por Vidigal tem relação com uma decisão da Justiça Eleitoral que suspendeu inaugurações na Serra, após Audifax citar o slogan do candidato Fabio Duarte numa cerimônia em 15 de outubro, conforme mostrou A Gazeta, embora o prefeito não tenha mencionado o nome do candidato ou pedido voto diretamente.
Vidigal disputa pela sexta vez a Prefeitura da Serra. Em todas as eleições, ele terminou o primeiro turno na frente. Em 2008, Vidigal se elegeu prefeito da cidade, seu último mandato. Mas, mesmo vencendo na primeira etapa da disputa em 2012 e 2016, não conseguiu se reeleger. Acabou perdendo no segundo turno para o atual prefeito da Serra, Audifax Barcelos.
"O debate do novo caiu por terra. Agora é o debate da competência, de quem tem experiência e condições de enfrentar esses novos desafios que o próximo ano vai exigir", disparou. Vandinho candidato pelo PSDB ficou com 16,87% dos votos válidos.
O pedetista acompanhou os votos de casa e comemorou a vitória parcial com aliados. O segundo turno ocorre em 29 de novembro.
Não. Na verdade, nós nos preparamos para uma eleição de dois turnos. A surpresa seria se fosse uma eleição de um turno só, com oito candidatos disputando a eleição, no meio de uma pandemia. Um outro fator foi o número de abstenções (foram 86.059 abstenções, que representam 26% do eleitorado da Serra que não foram às urnas), acredito que não tenham ido votar por medo da Covid. Espero que agora no segundo turno, a gente possa discutir e debater com o nosso adversário os próximos quatro anos da Serra. O primeiro turno foi só de acusação, fake news e uso da máquina pública. Não deu para discutir a cidade. Com o segundo turno fica mais fácil fazer esse debate.
Nós vamos recomeçar nossa campanha amanhã. A gente vai buscar apoio, é claro. A nossa proposta principal é que agora a gente coloque a cidade em debate com a sociedade. Vamos enfrentar no ano que vem queda de receita, comprometimento do orçamento da prefeitura, precisamos discutir o plano municipal de educação, que em 2024 precisa ter 50% das escolas com tempo integral e garantir, nas creches, as vagas de zero a três anos. Agora teremos oportunidade de discutir as propostas. Nós não tivemos isso no primeiro turno. Enquanto eu trabalhava, os outros candidatos batiam em mim. Foi uma campanha de sete contra um.
O eleitor vai fazer uma avaliação de quem está mais preparado. O grande debate era a questão de um nome 'novo'. Mas se você observar, o candidato do Audifax permite mais quatro anos de mandato, certo? O debate do novo caiu por terra. Agora é o debate da competência, de quem tem experiência e condições de enfrentar esses novos desafios que a cidade vai exigir. O discurso do novo já não existe mais. Ele acabou com Vandinho não indo para o segundo turno. Que, aliás, é novo no cargo de prefeito, porque já foi eleito em outros mandatos.
Não vou atacar ninguém. Vamos discutir a cidade. Vamos falar sobre o hospital materno-infantil que foi entregue e deram para o Estado, temos que discutir as obras que foram inauguradas e não estão funcionando. Quero discutir esse cenário da cidade. Quero discutir a redução de profissionais da saúde na rede básica do município, da saúde primária e no desmonte da especialidade médica. É um momento bom para discutir.
Além da tensão pelo resultado das urnas, havia também preocupação com a segurança do comitê central. Homens armados, sem uniformes de vigilantes, estavam na porta de entrada e controlavam o acesso de veículos. Um outro comitê do partido foi vandalizado durante a noite anterior.
Durante a apuração dos votos em Jacaraípe, o acesso de pessoas na sede do partido era controlada. Era pedido para que os motoristas desligassem os faróis e se identificassem. Horas antes, o quintal da casa do vice na chapa de Vidigal, Thiago Carreiro (PDT), foi invadida por um adolescente. Ele ameaçou a esposa de Carreiro, que correu para dentro de casa e se escondeu, junto com o pedetista. O jovem pulou o muro de outras casas, mas acabou apreendido minutos depois pela Polícia Militar.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Vidigal sobre os homens armados no comitê. Assim que houver um retorno, este texto será atualizado.
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