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Volta de Bolsonaro anima PSL no ES, mas pode afetar relação com Casagrande

Volta de Bolsonaro anima PSL no ES, mas pode afetar relação com Casagrande

Atual presidente do partido, Alexandre Quintino (PSL) é aliado do governador, que é crítico a Bolsonaro e faz parte de um campo de centro-esquerda na política

Publicado em 15 de março de 2021 às 20:52- Atualizado há 4 anos

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Renato Casagrande, Alexandre Quintino e Jair Bolsonaro
Renato Casagrande, Alexandre Quintino e Jair Bolsonaro: volta do presidente para o PSL pode afastar o partido do governo estadual. (Montagem/A Gazeta)
Autor - Iara Diniz
Iara Diniz
Repórter de Política / [email protected]

O eventual retorno do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao PSL anima filiados da legenda no Espírito Santo, mas pode pôr em xeque a relação da cúpula do partido com o governo estadual. Isso porque o atual presidente da sigla, o deputado Alexandre Quintino (PSL), é aliado do governador Renato Casagrande (PSB) e tem se aproximado cada vez mais de partidos de centro-esquerda, conforme observado nas eleições de 2020.

Em Vitória, por exemplo, o PSL, que é um partido de direita e com viés conservador, compôs chapa com Fabrício Gandini (Cidadania) para a prefeitura. Em outros municípios houve alianças com partidos da base de Casagrande. 

Alguns correligionários apontam que a postura do PSL no Estado pode ser colocada na mesa, caso Bolsonaro volte para o partido. Uma das condições do presidente para filiação, inclusive, é ter controle da Executiva nacional e diretórios. Quintino, contudo, não acredita que a aliança com Casagrande gere qualquer conflito na sigla, e vê com bons olhos um possível retorno do presidente.

“O PSL fará bem para o Presidente Bolsonaro e Bolsonaro fará muito bem ao PSL”, afirmou.

Bolsonaro está sem partido desde novembro de 2019, quando se desfiliou do PSL após um racha interno. Na época, a sigla ficou dividida entre uma ala bolsonarista e uma ala bivarista, mais alinhada ao presidente nacional do partido, Luciano Bivar (PSL).

Seguindo o chefe do Executivo, alguns políticos também deixaram a legenda para se filiar à Aliança pelo Brasil, partido que seria criado pelo presidente em 2020. Mas a Aliança pelo Brasil ainda não saiu do papel, e dificilmente será concretizada a tempo para as eleições de 2022.

Com a tentativa frustrada de criar o próprio partido, Bolsonaro tem conversado com algumas legendas em busca de uma filiação. Na última quinta-feira (11), durante uma live, ele disse que vai decidir o futuro político até o fim de março e admitiu negociações com o PSL, partido pelo qual foi eleito em 2018.

A hipótese não é totalmente descartada por BIvar. Mas, de acordo com o presidente do partido, caso haja uma reaproximação, o retorno de Bolsonaro à legenda vai ser analisado pelos filiados e não pela Executiva nacional. Isso, contudo, leva tempo, como ele mesmo afirmou. 

PARTIDO FORTELECIDO NO ES

No Espírito Santo, um eventual retorno de Bolsonaro ao partido é visto com bons olhos por Alexandre Quintino. O deputado afirma que o diretório recebe bem essa possibilidade, e que isso fortaleceria a sigla. “O PSL só tem essa musculatura política hoje por causa de Bolsonaro", opina. 

O secretário-geral do partido, Amarildo Lovato (PSL), compartilha da opinião. Para ele, o PSL no Estado se fortalece com a filiação de Bolsonaro, apesar de ele ter dúvidas sobre a volta do presidente. 

"Existe uma ala muito forte do partido, em nível nacional, que quer trazer Bolsonaro de volta. Eu só acredito depois que ele estiver filiado; é uma pessoa instável. Mas é claro que todo mundo quer um presidente da República no partido. E isso soma muito, ajuda a crescer o PSL aqui no Estado”, pontuou. 

Quando Bolsonaro se desfiliou do PSL, era Amarildo Lovato quem liderava o partido no Estado. Aliado do presidente, ele deixou clara sua fidelidade ao mandatário, mas foi substituído na presidência pelo deputado estadual Alexandre Quintino, em março de 2020. A mudança foi feita em acordo com Luciano Bivar, e a Lovato foi garantida a sigla para concorrer às eleições em Vila Velha.

A mudança no diretório estadual também levou a um racha no PSL no Estado. O deputado Danilo Bahiense, que era líder do partido na Assembleia Legislativa, renunciou à posição. Logo depois, o parlamentar entrou com um processo de desfiliação, sendo autorizado pela Justiça a sair da legenda sem perder o mandato.

RELAÇÃO COM CASAGRANDE

À frente do PSL, Quintino deu uma nova cara ao partido. Diferentemente de seu antecessor, não se mostrou um grande defensor do presidente, e tem se aliado cada vez mais ao governador Renato Casagrande, mantendo diálogo e parceria com siglas de centro-esquerda.

Se Bolsonaro voltar mesmo para o PSL, há quem aposte em mudanças no diretório. "Acho que essa relação que Quintino desenvolveu com Casagrande pode ser colocada na mesa, porque vai de encontro à essência do partido, que é conservador, de direita. Acho que, nesse sentido, Amarildo até poderia voltar a assumir a presidência", declarou um filiado. 

Amarildo, contudo, não vê a relação de Quintino com Casagrande como um problema para o partido. “O PSL sempre teve muita autonomia nos Estados, então não acredito que haja um impacto nas relações políticas que o partido tem aqui", declarou.

 Quintino reforça o discurso de Amarildo. Para ele, o retorno de Bolsonaro ao PSL não impediria uma aliança com Casagrande ou afastaria o partido do governo estadual. 

“Não acho que teria mal-estar algum, ou impactaria o PSL no Estado. Estou à disposição do PSL. Presidindo ou não, sou um soldado do partido", finalizou. 

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