Desde que assumiu a cadeira de presidente da república, 18 meses atrás, Jair Bolsonaro (sem partido) já teve 10 mudanças no comando de seus ministérios. Em meio a uma crise sanitária e econômica, o país tem duas pastas sem titulares oficiais: o Ministério da Saúde continua com o ministro interino, Eduardo Pazuello, e agora, com a saída de Abraham Weintraub, o Ministério da Educação também está sem liderança definida. Dos 10 ministros que caíram, oito saíram definitivamente da administração e dois foram realocados em cargos dentro da estrutura do governo.
Além das baixas ministeriais, Regina Duarte, que ocupava a Secretaria da Cultura e, portanto, integrava o 1º escalão do governo federal, também foi exonerada após três meses no cargo. Quando comunicou a saída de Regina da pasta, Bolsonaro havia dito que ela assumiria um cargo na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, mas a exoneração foi publicada no Diário Oficial 20 dias depois. A atriz deve ser substituída por Mario Frias, colega de profissão e na admiração pelo presidente. Apesar da possibilidade, Frias ainda não tomou posse e, portanto, a cadeira segue vazia.
Entre os que foram realocados estão Floriano Peixoto, que saiu da Secretaria-Geral para a presidência dos Correios, e Gustavo Canuto, que assumiu a presidência da Dataprev após sair do Ministério do Desenvolvimento Regional. Outros dois nomes também foram remanejados para outras pastas: Onyx Lorenzoni (DEM) saiu da Casa Civil para a Cidadania e André Luiz Mendonça deixou a Advogacia-geral da União para substituir Sergio Moro na Justiça. Relembre quem foram os 10 ministros que caíram em 18 meses.
O ex-ministro da Educação anunciou sua saída da pasta nesta quinta-feira (18). Weintraub afirmou em vídeo que sai do MEC para atuar como diretor-executivo do Banco Mundial, em Washington, por indicação do governo brasileiro. O ex-ministro sai após uma série de desgastes que tornaram sua permanência difícil de sustentar: problemas com o Enem, falta de medidas e planejamento efetivos, problemas diplomáticos causado por comentários em redes sociais e insultos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) são algumas deles. Weintraub é investigado no inquérito das fake News que tramita no STF. Em seu lugar, ainda vago, deve entrar o secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim. O provável candidato é seguidor de Olavo de Carvalho e defensor da educação familiar, pontos que atendem a exigências da ala ideológica do governo e da base eleitoral de Bolsonaro.
Menos de um mês foi o tempo que Nelson Teich, oncologista e substituto de Luiz Henrique Mandetta, ficou no cargo de ministro da saúde. O médico pediu demissão em 15 de maio por um motivo similar ao que levou seu antecessor a sair do cargo: divergências com o presidente a respeito da estratégia de enfrentamento da Covid-19. Teich se demitiu após ser pressionado pelo mandatário para alterar o protocolo do Ministério de Saúde sobre o uso de cloroquina e ter demonstrações claras de falhas de comunicação: foi informado pela imprensa de que Bolsonaro tinha adicionado academias, salões de beleza e barbearias na lista de atividades essenciais. O militar Eduardo Pazuello assumiu interinamente o ministério e permanece na pasta até o momento.
Um dos maiores selos de qualidade do governo Bolsonaro, Sergio Moro carregava na própria figura o discurso pelo qual Bolsonaro se elegeu: a luta contra a corrupção. Após ficar conhecido pelo seu trabalho na operação Lava Jato, Moro abandonou a magistratura para assumir como ministro da Justiça no governo de Bolsonaro e sua saída foi vista com surpresa por grande parte dos seguidores do presidente muitos chegaram a abandonar o capitão para abraçar a narrativa do ex-ministro e defendê-lo. Moro pediu demissão no dia 24 de abril, quando fez diversas acusações a Bolsonaro em seu pronunciamento. O motivo da crise seria a insistência do mandatário para trocar comandos da Polícia Federal, primeiro no Rio de Janeiro e, depois, o diretor-geral da corporação. Atualmente, Moro é parte em um inquérito que investiga supostas interferências políticas de Bolsonaro na PF. Seu substituto, André Luiz Mendonça, saiu da Advogacia-Geral da União para assumir o cargo
Em meio a uma crise sanitária mundial, Bolsonaro demitiu o então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, no dia 16 de abril deste ano. Até então, quase 2 mil pessoas tinham perdido a vida para a Covid-19, número que agora se aproxima dos 50 mil. A exoneração foi anunciada após semanas de desentendimentos entre a pasta e o presidente quanto às estratégias de combate à doença. Mandetta defendia o isolamento social, enquanto Bolsonaro fazia passeios por Brasília ignorando todas as recomendações da OMS e de seu próprio ministro. Mandetta foi substituído pelo oncologista Nelson Teich, que também saiu do cargo menos de um mês depois
Ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra foi demitido em fevereiro deste ano. A exoneração veio após suspeitas envolvendo a pasta, que contratou uma empresa suspeita de ter sido usada para desviar verbas dos cofres públicos. O ex-ministro voltou para a Câmara, onde é deputado eleito pelo Rio Grande do Sul. Em seu lugar assumiu a pasta Onyx Lorenzoni, que até então estava na Casa Civil, que por sua vez passou a ser chefiada por Braga Neto.
Estreando as baixas de 2020, Gustavo Canuto foi exonerado do Ministério de Desenvolvimento Regional no dia 6 de fevereiro. A exoneração foi publicada como a pedido no Diário Oficial. Canuto, assim como Floriano Peixoto, foi realocado dentro da administração de Bolsonaro, como presidente da Dataprev, empresa de tecnologia e Informação da Previdência Social, estatal ligada ao Ministério da Economia. No lugar dele, Rogério Marinho assumiu a pasta.
Em 13 de junho de 2019, Carlos Santa Cruz, ou General Santa Cruz como é mais conhecido, foi demitido do cargo de ministro da Secretaria de Governo. O general foi alvo de críticas de Olavo de Carvalho, ideólogo com forte influência entre os bolsonaristas, e o filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos). Santa Cruz foi exonerado após supostamente falar mal dos filhos do mandatário em mensagens do WhatsApp. A Polícia Federal concluiu, meses depois, que as mensagens eram falsas. Ele foi substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos.
Vélez foi exonerado em 8 de abril de 2019 após intensa crise dentro do Ministério da Educação e críticas vindas de fora. Com uma disputa interna entre grupos rivais, o MEC teve quase 20 exonerações. Ele foi substituído por Abraham Weintraub, que agora também foi demitido.
Substituto de Bebianno, o militar Floriano Peixoto deixou o ministério em junho de 2019, quatro meses após assumir o cargo interinamente. Diferentemente da maioria dos outros ministros exonerados, Peixoto não deixou o governo, mas foi realocado como presidente dos Correios. Com a saída, o ministério da Secretaria-Geral ficou com Jorge Antônio de Oliveira.
Após tensões causadas por desavenças com Carlos Bolsonaro e denúncias relacionadas ao financiamento de campanhas laranjas do PSL, partido do qual Bolsonaro e Bebianno faziam parte, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência foi exonerado em 18 de fevereiro de 2019. Bebianno chegou a afirmar, dias antes, que não pretendia pedir demissão mas foi exonerado e substituído pelo general da reserva Floriano Peixoto. Bebianno morreu em março deste ano, vítima de um infarto
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