Na noite em que as fortes chuvas devastaram a cidade de Iconha, o motorista Dirceu Mozer teve o carro levado pela enchente. Na manhã do dia seguinte encontrou o veículo preso em tronco às margens do rio, mas teve que esperar o nível da água diminuir na região para resgatá-lo. Quando finalmente retornou ao local, na última terça-feira (22), descobriu que ele havia sido depenado: levaram as rodas, bateria, o rádio e outras peças.
Uma situação que deixou Mozer revoltado. "Meu prejuízo já era grande em decorrência da enchente, mas aumentou com a falta de compreensão e de solidariedade de algumas pessoas. É revoltante. Nem sei quando vou ter dinheiro para consertar o carro", relatou.
O veículo, um gol vermelho pendurado na beira do rio, foi registrado em vídeos feitos pelo advogado Magno Martins, que percorreu o Rio Iconha na manhã de sábado. Uma imagem que retratava a força da enchente que atingiu a cidade. Para retirá-lo do local Mozer precisou conseguir quatro rodas para que o carro fosse arrastado até o asfalto, onde o guincho pode trazer o veículo para a cidade.
O dano, que ele estima em pelo menos R$ 10 mil, vem três meses após terminar de pagar a última parcela do financiamento de 5 anos "Mas dei sorte de estar vivo, pelo menos o dano foi só ao carro", desabafa.
Mozer conta que na noite da enchente, na última sexta-feira (17), tinha ido ao centro de Iconha socorrer as duas irmãs, cujas casas estavam sendo inundadas. Estacionou o carro na rua principal e, quando retornou, já tinha um metro de água na rua. Tentou empurrar o veículo, que já boiava, para um canto, mas ele acabou sendo arrastado.
O motorista subiu no terraço de uma loja e lá ficou até 1 hora da manhã de sábado. "Foi quando decidi que tinha que ir para casa, estava preocupado com minha esposa, que não sabia onde eu estava", conta. Ele enfrentou o caminho de volta, para o bairro Ilha do Coco, a cerca de um quilômetro do Centro , nadando. "A correnteza era forte, levava carros, motos e o que encontrava, mas consegui chegar em casa salvo", relata.
Naquela noite as moradias de suas irmãs foram invadidas pela água, que atingiu até a casa do segundo andar. "Elas, com os maridos e filhos, incluíndo um bebê, passaram a noite no terraço, "Tentamos salvar os móveis da casa térrea, levando para a casa do segundo andar, mas a água subiu ainda mais. Elas perderam tudo", conta Mozer.
O mesmo aconteceu com o patrão dele, proprietário de uma loja de material de construção. "Nem sei se ainda tenho emprego", lamenta o motorista.
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