> >
Cartaz feito por filha para proteger mãe da Covid-19 chama atenção no ES

Cartaz feito por filha para proteger mãe da Covid-19 chama atenção no ES

Senhora de 74 anos estava sem graça de recusar visitas; especialista reafirma a necessidade de maior distanciamento, mas alerta que processo não pode ser traumático

Publicado em 20 de março de 2020 às 17:14

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Cartaz com pedido aos amigos e familiares foi colado na tarde desta sexta-feira (20). (Gecileia Pinto e Silva)

“Gostaria de informar que em minha casa não estarei recebendo visitas nos próximos dias. São tempos de seguir normas e orientações dos profissionais da saúde, sei que todos compreenderão. Se cuidem e só saiam de casa quando for imprescindível. Se todos colaborarem, em breve voltaremos a conviver como antes. Beijos, Geneth."

Foi com essa mensagem simples, impressa em uma folha de papel sulfite e colada no portão da casa, que a professora Gecileia Pinto e Silva deu fim a um problema que a própria mãe, de 74 anos, está enfrentando em meio à pandemia do novo coronavírus: sem graça, a idosa não tinha coragem de recusar visitas.

 > CORONAVÍRUS | A cobertura completa

“Minha mãe é muito idosa e os parentes e amigos estavam indo vê-la. Todo mundo que passava por lá parava para dar um abraço. Ela estava com receio de receber, mas não tinha coragem de falar. Dessa forma, fica menos dolorido para ela e para quem chega, porque já vê o cartaz e vai embora”, explicou a filha, idealizadora da solução.

A ideia, de acordo com ela, deve ser expandida para além do bairro Alvorada, na cidade de Anchieta, no Sul do Estado. “Eu tenho duas tias-avós, uma de 70 e outra de 80 anos. Vamos fazer isso para elas também”, comentou Gecileia. “Além disso, divulgamos a ideia em vários grupos daqui e já tem um monte de gente querendo fazer”, revelou.

Um casal de amigos de Gecileia gostou da ideia e também aderiu à iniciativa. (Reprodução)

DISTANCIAMENTO É FUNDAMENTAL, MAS NÃO PODE SER TRAUMÁTICO

Procurado para comentar a iniciativa, o médico infectologista Crispim Cerutti Júnior reforçou a importância do distanciamento social por parte dos idosos durante esse processo de pandemia, mas ressaltou que o entendimento dessa necessidade precisa ser feito com base em diálogos para não gerar traumas, e que medidas alternativas de contato devem ser adotadas.

“Se o idoso está sem graça, essa atitude é bem-vinda; mas essa medida não pode ser imposta. Tem de haver uma conversa entre as partes para que seja esclarecida a gravidade da situação. É fundamental que os idosos saiam da circulação social, mas isso deve ser feito com cuidado, porque eles também são mais suscetíveis a problemas como depressão, por exemplo”, explicou.

Aspas de citação

Os idosos têm mais risco de contrair o vírus, de desenvolver um caso grave da doença e também de morrer. Estão mais suscetíveis a todos os estágios relacionados ao novo coronavírus

Crispim Cerutti Júnior
Médico infectologista
Aspas de citação

Na tentativa de mostrar o quanto é importante que os idosos fiquem em casa, Cerutti traduz a gravidade em números. “A possibilidade do novo coronavírus gerar um quadro clínico grave é de 10% a 15% em todas as faixas etárias. Entre os idosos, essa taxa triplica. Em termos de mortalidade, a taxa geral é 3,5%. Nos idosos, ela sobe para 15%”, detalhou.

Mas, para tentar contornar a falta de contato físico, o especialista dá dicas. “Conversar com o filho e com o neto é muito importante para os idosos, até para ajuda-los a atravessar melhor essa fase, que costuma deixá-los assustados. Pode ser por vídeo, por telefone, ou presencialmente, desde que adotados todos os procedimentos de higiene pessoal e que não haja toques”, afirmou.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais