Os municípios de Iconha, Vargem Alta e Alfredo Chaves, que foram devastados com as chuvas que atingiram o Sul do Estado no último fina de semana, possuem, juntos, 13. 332 moradores em área de risco e 2.591 imóveis localizados nestas regiões. As informações são do governo federal, por meio do Serviço Geológico do Brasil, que desde 2011 emite alerta sobre as áreas de risco no Espírito Santo. Segundo especialista, o problema é complexo, mas poderia ter sido evitado.
As informações, que foram dadas em primeira mão pela coluna Leonel Ximenes, mostram que os relatórios apontam quais eram os principais problemas nas áreas de risco e ainda davam recomendações ao poder público sobre o que deveria ser feito para evitar futuros desastres.
Somente em Alfredo Chaves, são 8.100 pessoas e 1.395 imóveis em áreas de risco. Já em Iconha são 2.810 moradores e 562 imóveis. Em Vargem Alta, são 2.422 habitantes e 634 imóveis.
O professor do departamento de engenharia ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo e pós-doutor em engenharia de Recursos Hídricos, Antônio Sérgio Ferreira Mendonça, acredita que os desastres causados já eram uma tragédia anunciada e podem continuar a ocorrer se o poder público não priorizar assuntos relacionados às áreas de risco e as pessoas continuarem construindo nessas regiões.
O professor acrescenta que vários municípios têm Plano Diretor de Drenagem Urbana, que se colocados em prática evitariam muitos danos, uma vez que ele traça metas a serem feitas a curto, médio e longo prazo. No entanto, os documentos não são executados e são feitos apenas para garantir que as cidades consigam verba do Governo Federal.
Segundo Antônio Sérgio, é importante que o poder público pense em medidas estruturais, como diques, sistema de bombeamento de água, galerias de águas fluviais. E também em medidas não estruturais como mapear áreas de inundação e deslizamento de encosta e impedir que ela seja habitada de forma ilegal. Somente assim será possível reduzir as chances de novas tragédias acontecerem.
É um assunto complexo de ser resolvido, eu acredito que o principal ponto é ampliar a fiscalização para evitar ocupações em área de risco, como nas margens dos rios, para evitar a ampliação do problema. Isso porque a partir do momento que a população já está na região, a solução se torna mais cara e acaba ficando sob a responsabilidade do poder público, como a construção de diques, disse.
No entanto, Antônio Sérgio esclarece que o problema das enchentes e das inundações não são recentes. Eles começaram a se formar há décadas, quando as pessoas começaram a construir suas casas às margens dos rios ou próximo de encostas.
Grande parte das cidades nasceu na beira dos rios porque não havia estradas e a locomoção era por dentro dele. Por causa disso, os leitos dos rios ficaram menores e ele acaba não tendo capacidade transportar todo o volume de água que vem da bacia, inundando as margens, explicou.
RAIO X DE ALFREDO CHAVES
BAIRRO JARDIM CAJÁ
São cinco mil pessoas e mil imóveis em área de risco
Problema
A maior parte das casas foi construída sem nenhum conhecimento técnico, causando instabilidade da encosta. Outros problemas que aumentam os riscos de deslizamentos de solo são a ausência de drenagens eficientes para escoamento de águas pluviais e a existência de diversas bananeiras.
O que precisa ser feito
MARGEM DO RIO BENEVENTE
São 500 pessoas e 100 imóveis em área de risco
Problema
Ocorrência de inundações nas fortes chuvas, sendo que o retorno da água até seu nível normal pode levar de um a quatro dias. Foram relatadas grandes cheias nos anos de 1983 e 1988, porém dados concretos sobre sua extensão não foram obtidos.
O que precisa ser feito
BAIRRO IPANEMA
São 100 pessoas e 20 imóveis em área de risco
Problemas
Ausência da fiscalização ou técnicas para se conter a erosão do solo, bem como obras residenciais sem sistema de drenagem adequados e com as construções apoiadas em taludes. O risco nesta região é de grandes deslizamentos, que podem levar a interdição da rodovia ES 146.
O que precisa ser feito
MORRO DA CAIXA D´ÁGUA
São 1.250 pessoas e 25 imóveis em área de risco
Problemas
Encosta com indícios de movimentação de massa, cercas inclinadas , pavimento de paralelepípedos da via deslocados, postes levemente inclinados e o aparecimento de porções rochosas .
O que precisa ser feito
BAIRRO CACHOEIRINHA
São 550 pessoas e 110 imóveis em área de risco
Problemas
Há um grande risco de ocorrência de deslizamento de solo. Há ainda uma área onde existe um grande número de blocos rochosos, alguns soltos e outros ainda encobertos e correm risco de rolamento. Como as casas estão próximas ao rio Benevente, em caso de deslizamento ou rolamento de blocos, o rio pode ser barrado, piorando o problema de inundação no município. Outro problema no bairro é a ausência de drenagens adequadas para escoamento de águas pluviais.
O que precisa ser feito
BAIRRO SIRIBEIRA
São 700 pessoas e 140 imóveis em área de risco
Problemas
Encosta com risco de deslizamentos de solo, principalmente devido às construções irregulares e pela ausência de sistema de drenagem das águas pluviais adequadas.
O que precisa ser feito
RAIO X DE ICONHA
JARDIM DA ILHA (ILHA DAS FLORES)
Problemas
Há blocos na encosta, sendo necessária a avaliação da possibilidade de queda e rolamento destes blocos e risco de atingir as residências.
O que precisa ser feito
RIO ICONHA
São 2.160 pessoas e 432 residências, comércios, uma creche, um hospital, escola, ginásio de esportes e delegacia em área de risco
Problemas
Área de inundação pelo Rio Iconha, a subida da água é rápida, levando cerca de uma hora, e a descida um pouco mais lenta, levando de 2h a 3h. Descarte de lixo e entulhos nas margens do rio e descarte de esgoto em boa parte da extensão do rio.
O que precisa ser feito
RAIO X DE VARGEM ALTA
MORRO DO SAL
São 500 pessoas e 140 imóveis em área de risco
Problemas
As casas, construídas no leito e nas margens do Rio Novo estão sujeitas a sérios danos durante as cheias. Em alguns pontos, a mobilização de materiais terrosos e blocos de rocha provenientes das encostas, pode atingir algumas casas e também causar o represamento do curso do rio, gerando inundação e muitos danos.
O que precisa ser feito
CASTELINHO
São 400 pessoas e 100 residências em área de risco
Problemas
Planície de inundação do rio Fruteiras, afluente do rio Itapemirim, com várias casas construídas no leito e nas margens do rio. Todos os anos, nos períodos de cheias, o nível das águas atinge até mais de um metro de altura nas casas. O grande volume de água e a energia com que ela se desloca pelo canal do rio, aliado à vulnerabilidade das casas, potencializam uma grande destruição nessa área, no caso de uma grande cheia .
O que precisa ser feito
VILA MARIA
São 1.350 pessoas e 348 imóveis em área de risco
Problemas
Área no distrito de Castelinho, situada nas margens do rio Fruteiras, com várias casas construídas no leito e nas margens do rio. Durante as cheias, o nível das águas alcança até um metro de altura nas casas. O grande volume de água e a energia com que ela se desloca pelo canal fluvial, aliado à vulnerabilidade das construções, potencializam uma grande destruição nessa área, no caso de ocorrer uma cheia de grandes proporções.
O que precisa ser feito
VILA FARDIM
São 132 pessoas e 32 imóveis em área de risco
Problemas
Área situada às margens do Rio Novo, com várias casas construídas no leito e nas margens do rio. Durante as cheias, as águas atingem até um metro de altura dentro das casas. O grande volume de água e a energia com que ela se desloca pelo canal do rio, aliado à vulnerabilidade das construções, possibilitam a ocorrência de grandes danos nessa localidade, no caso de uma cheia de grandes proporções .
O que precisa ser feito
VILA DAS PALMEIRAS
São 40 pessoas e 13 imóveis em área de risco
Problemas
Encosta com cobertura de solo superior a dez metros, onde já ocorreu um deslizamento que atingiu os fundos de uma casa. Além da presença de blocos de rocha e de pontos onde a água brota do terreno.
O que precisa ser feito
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