A festa de Corpus Christi de Castelo é considerada um dos maiores eventos religiosos do Espírito Santo. Turistas vêm de diversas partes do país e do mundo para apreciar a confecção dos tapetes, feitos por quase três mil voluntários. Somente no ano passado, Castelo recebeu mais de 80 mil turistas no evento. Mas nem sempre foi assim, tudo começou com apenas um tapete.
O primeiro quadro, confeccionado há 57 anos, foi feito por Zuleide Pereira da Silva, a Irmã Vicência, das Filhas da Caridade. Foi em frente à Capela de Nossa Senhora das Graças, da Santa Casa de Castelo. E foi apenas um quadro feito com flores e folhas. Este foi o primeiro registro que encontramos. As passadeiras foram incluídas apenas no ano seguinte, em 1964, contou Joelma Cellin, pesquisadora e autora do livro Corpus Christi, que traz toda a história do evento na cidade.
Antes da irmã Vicência começar a tradição, os fiéis católicos da cidade celebravam a data de outra forma. No dia de Corpus Christi, cobriam as ruas do Centro da cidade com folhas de mangueira, e a procissão passava por cima delas. Não tinham nenhuma preocupação estética, isso só veio a ser feito depois do primeiro tapete, relata Joelma.
A história mudou e o que eram apenas folhas verdes espalhadas pelas ruas, ganhou cor e forma. Ao longo dos anos, os participantes foram aprimorando a maneira de fazer os tapetes e desenhos. E, com isso, o tamanho dos quadros e passadeiras cresceu.
O trajeto por onde passam os tapetes mudou algumas vezes. Foram sete trajetos diferentes, alguns até maiores do que os 1,5 km atuais. Este se mantém há mais tempo. Começa em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora; segue pela Rua Carlos Lomba, desce pelo Frei Manoel, depois, percorre toda a extensão da Avenida Ministro Araripe e termina na Rua Antônio Machado, retornando à Igreja Matriz.
Em 1992, a confecção dos tapetes de Castelo foi suspensa, devido à pandemia de Cólera na América Latina, inclusive no Brasil. Na época, a aglomeração de pessoas era um risco e poderia aumentar a transmissão da doença, pois a cidade já recebia muitos turistas.
E, desta vez, é a segunda vez que a história se repete. Ninguém imaginaria que este ano, mais uma vez, teríamos uma pandemia pela Covid-19. Nem mesmo com fortes chuvas nós deixamos de fazer os tapetes, esperávamos passar e fazíamos, lamenta Joelma.
Desde 1999, a cidade de Castelo conta com uma exposição permanente sobre a história dos tapetes. O acervo com as informações fica dentro do Centro Cultural. A pesquisadora Joelma foi uma das responsáveis pela criação, e teve a oportunidade de levar a Irmã Vicência na inauguração.
Por muitos anos, os materiais utilizados na confecção dos tapetes tinham que ser preparados de forma manual. As pedras eram quebradas pelos voluntários e pintadas à mão. Atualmente, a pintura é feita em betoneiras e as pedras já são adquiridas quebradas.
Antes das ruas serem asfaltadas, o piso era de paralelepípedos. Dessa forma, a prefeitura preparava a rua com uma base de areia, antes da confecção dos tapetes. Com a rua nivelada, os voluntários começavam a confecção dos quadros e passadeiras
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