Dava para sentir o cheiro do Corpus Christi quando a gente levantava de manhã. Era um misto de flores e cipreste. Tinha esse cheiro característico de coisas verdes". É dessa forma que a professora de música, Virginia Ricco Malbino, lembra da tradicional festa de Castelo, na região Sul do Estado. Ela é uma das coordenadoras de grupo e trabalha como voluntária há 14 anos.
Aos 51 anos, Virginia diz que sempre ajudou de forma indireta na confecção dos tapetes. Mas, em 2006, quando foi trabalhar em uma escola particular, assumiu com maior responsabilidade a tarefa. Desde então, não parei mais, mesmo depois que saí da escola continuei o voluntariado na faculdade onde meu esposo trabalha, conta.
Para que os tapetes fiquem prontos no dia da festa, três mil voluntários ajudam no serviço, que dura em média sete meses. A psicóloga Eliane Colodete faz parte desse time há sete anos. Ela é responsável pela coordenação de um dos quadros, mas é voluntária na festa desde a adolescência. E tem diversas recordações.
O que mais me marcou, ainda na adolescência, eram os trabalhos que antecediam a festa. Reuníamos amigos, familiares e vizinhos para preparar o material, era um motivo de alegria, conta a psicóloga.
A voluntária comenta ainda que era tudo feito de forma manual, desde moer até pintar as pedras. É uma parte nostálgica, ao mesmo tempo em que era árduo, era um prazer muito grande, lembra.
A pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento e isolamento social impedem aglomerações na festa este ano. E, quando estavam com quase tudo pronto para começar a colocar a mão na massa para a preparação do material, as duas voluntárias receberam a notícia que, desta vez, não teriam tapetes.
Confesso que foi frustrante, já havíamos sentado e feito o planejamento da passadeira. Iria ser um trabalho bastante diferenciado, uma novidade. Além do dissabor de não ter a festa, e abalada no sentido espiritual, ainda tem o dissabor de não cumprir com a expectativa do que estava planejado. Mas é um momento atípico e vamos passar por isso, disse Eliane.
De acordo com ela, as novidades vão ficar para 2021. Quem também sentirá falta dos tapetes é a Virginia. Desde quando nasci estou aqui, deixei de participar apenas três vezes. E agora este ano. Mas todo trabalho que a gente tem é um amor, paixão, é tudo para Jesus Sacramentado passar e não tem nada que pague essa alegria. Sou do grupo de risco e vou acompanhar tudo em casa, explica a professora de música.
Não só a Virgínia, mas todos os capixabas dos 28 municípios do Sul do Espírito Santo poderão acompanhar a tradicional missa das 17 horas pela tela da TV Gazeta Sul. Este ano, um tapete simbólico será confeccionado dentro da igreja Matriz de Castelo. Será mais uma celebração da fé deste povo que há 57 anos realiza a maior festa de Corpus Christi do Espírito Santo.
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