Comunidade da Zona Rural de Vargem Alta, no Sul do Estado, Morro do Sal teve mais de 20 casas derrubadas com a enxurrada que atingiu a região na sexta-feira (17). A moradora Rosinéia da Silva Correia, de 61 anos, afirma ser filha de indígenas e que veio do Mato Grosso. Ela, que perdeu muita coisa na enchente, lamenta não ter condições de seguir a vida após a devastação causada pela chuva. "Estou passando um sufoco", afirmou.
Rosinéia afirma que pediu uma moradia, um lugar que pudesse levar seus animais, e que a ofereceram um apartamento cujo aluguel é R$ 500. "Não tenho condição, sou aposentada, não tenho ganho de nada", disse. No dia da enxurrada, ela diz que não teve medo e que continuou dentro da casa.
"Tive certeza que Deus ia nos salvar. Agora juntei minhas coisas para levar. Para arrumar uma casa para morar preciso pagar aluguel. Como eu vou fazer? Esperar por Deus. Vou ficar aqui com meu esposo e meus vizinhos. Estamos sem energia, cheguei a ficar cinco dias sem comer nada", contou a aposentada.
Quando o rio transbordou e levou a casa dos vizinhos, Rosinéia disse que ficou em oração, e que alguns deles estavam chegando da igreja na hora que as casas desabaram. "Fiquei pedindo a minha Nossa Senhora Aparecida quando vi meus vizinhos perdendo tudo. Vi tudo despencando, meus vizinhos gritando. Estou muito triste com isso" completou.
A aposentada ainda salvou uns filhotes de porco que desceram rio abaixo. "Prendi e mandei o homem buscar, porque eu não ia ficar com eles. Coloquei comida e estão ali presos no banheiro", disse.
Morro do Sal fica na Zona Rural de Vargem Alta. Para chegar até lá, dá para ir de carro até certo ponto e depois seguir a pé. A estrada que margeava o rio, por onde passavam os carros, praticamente desapareceu, não existe mais. O rio também levou várias pequenas pontes, poucos acessos que os moradores tinham para transitar de um lado do rio para o outro.
A única ponte que existe agora no local foi construída pelos próprios moradores no final de semana. Os carros, que estão dentro das garagens, não conseguem sair porque não têm onde passar. A reportagem conversou com alguns moradores, muitos perderam o pouco que tinham.
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