Desde 2011, Ibatiba é conhecida como a Capital Estadual dos Tropeiros, mas quem chega à cidade, no Sul do Estado, até encontra estátuas e placas em relação ao assunto, só não consegue ter acesso ao museu que guarda essa história. Isso porque, há aproximadamente dois anos, a prefeitura interditou o local que preserva essa memória.
Quem mora no município, tem muito orgulho da tradição e lamentam o fechamento do Museu do Tropeiro. Isso aqui era para conservar a história e está deixado a Deus dará. O povo está sentindo falta disso, afirma o morador Alvarino Toledo.
Onézio Gomes, que é filho e neto de tropeiro, conta que já viu pessoas chegarem na cidade perguntando pelo museu. Precisava estar aberto. E tem várias peças que, se deixar, vão estragar e se perder. O pessoal que vem de outros lugares e passa pela BR 262 quer visitar o museu e conhecer melhor essa história. Esses dias, eu encontrei uma moça aqui querendo visitar, mas fechado não tem como.
O museu foi criado para mostrar como era esse trabalho. Tem muita gente que tem tropeiro na família, mas não conhece o que o tropeiro usava. As pessoas mais antigas doaram alguns equipamentos de tropas, que estão ali dentro, mas o museu se encontra fechado, explicou José Nido Fabre.
LOCAL FOI DOADO À PREFEITURA
O casarão onde deveria estar funcionando o Museu do Tropeiro foi construído na década de 20 pelo imigrante libanês Salomão José Fadlalah. Em 1960, quando apenas uma das filhas dele morava no casarão, o imóvel foi dividido e parte foi transformado em uma escola.
Anos depois, o local foi doado para a prefeitura de Ibatiba e passou a funcionar como museu. Em 2011, foi feita uma restauração, que custou mais de R$ 200 mil, mas, em 2017, o local foi interditado com a justificativa de garantir a segurança dos visitantes e servidores e a integridade do acervo.
O QUE É O TROPEIRO
Quem é tropeiro relembra orgulhoso do trabalho, que era um dos principais no município. O tropeiro era aquele que andava no lombo de burros e mulas, em tropas, levando e trazendo alimentos de várias cidades, como Guaçuí e Alegre, e até alguns municípios de Minas Gerais, afirma Jesus Gomes Vieira.
Hoje a gente usa o tropeiro para passear, mas a cidade aqui era conhecida por transportar mantimentos através da tropa de burros e mulas. O costume era já chegar em Ibatiba e topar os animais com a cangalha e carroça. Qualquer coisa que alguém precisasse, já estava tudo ali na mão para fazer o transporte. Os tropeiros eram assim, completou o José Nido Fabre.
POPULAÇÃO ESPERA POR RESPOSTA
Apesar da profissão de tropeiro não ser mais praticada, um grupo de pessoas no município ainda faz a mesma rota que os antigos tropeiros costumavam fazer, como forma de manter viva a história de Ibatiba. Nesses passeios, o museu era sempre um ponto de parada importante.
É triste, porque a gente vem em expedição e, antes, podia ficar aqui no museu, agora o lugar está fechado, lembrou Onézio Gomes.
Para Jesus Gomes, o que eles querem é uma resposta sobre a abertura do museu. A gente queria pedir aos poderes Executivo e Legislativo que tomem as providências. O museu é uma das coisas mais importantes que nós temos dentro da nossa cidade.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Em nota, a prefeitura de Ibatiba informou que para garantir a segurança de visitantes e servidores, bem como a integridade do acervo, foi necessária a interdição temporária do museu, que teve como base laudos de engenheiros da prefeitura municipal e do resultado de vistorias realizadas pelo Corpo de Bombeiros e por uma museóloga da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), que apontaram a necessidade de intervenções no casarão centenário que abriga o museu.
Disse ainda que, paralelamente a essa medida de segurança, a prefeitura vem buscando parcerias para a realização das melhorias necessárias e o projeto está em fase final de ajustes para reapresentação junto ao Governo do Estado.
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