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Ibatiba é a Capital Estadual dos Tropeiros, mas museu está fechado

Ibatiba é a Capital Estadual dos Tropeiros, mas museu está fechado

O principal local que conta a tradição do município está interditado há quase dois anos; local preserva tradição da cidade e moradores pedem por melhorias

Publicado em 16 de dezembro de 2019 às 18:50

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Ibatiba é a Capital Estadual dos Tropeiros, mas museu está fechado. (TV Gazeta Sul)

Desde 2011,  Ibatiba é conhecida como a Capital Estadual dos Tropeiros, mas quem chega à cidade, no Sul do Estado, até encontra estátuas e placas em relação ao assunto, só não consegue ter acesso ao museu que guarda essa história. Isso porque, há aproximadamente dois anos, a prefeitura interditou o local que preserva essa memória.

Quem mora no município, tem muito orgulho da tradição e lamentam o fechamento do Museu do Tropeiro. “Isso aqui era para conservar a história e está deixado a Deus dará. O povo está sentindo falta disso”, afirma o morador Alvarino Toledo.

Onézio Gomes, que é filho e neto de tropeiro, conta que já viu pessoas chegarem na cidade perguntando pelo museu. “Precisava  estar aberto. E tem várias peças que, se deixar, vão estragar e se perder. O pessoal que vem de outros lugares e passa pela BR 262 quer visitar o museu e conhecer melhor essa história. Esses dias, eu encontrei uma moça aqui querendo visitar, mas fechado não tem como”.

“O museu foi criado para mostrar como era esse trabalho. Tem muita gente que tem tropeiro na família, mas não conhece o que o tropeiro usava. As pessoas mais antigas doaram alguns equipamentos de tropas, que estão ali dentro, mas o museu se encontra fechado”, explicou José Nido Fabre.

LOCAL FOI DOADO À PREFEITURA

O casarão onde deveria estar funcionando o Museu do Tropeiro foi construído na década de 20 pelo imigrante libanês Salomão José Fadlalah. Em 1960, quando apenas uma das filhas dele morava no casarão, o imóvel foi dividido e parte foi transformado em uma escola.

Anos depois, o local foi doado para a prefeitura de Ibatiba e passou a funcionar como museu. Em 2011, foi feita uma restauração, que custou mais de R$ 200 mil, mas, em 2017, o local foi interditado com a justificativa de garantir a segurança dos visitantes e servidores e a integridade do acervo.

O QUE É O TROPEIRO

Quem é tropeiro relembra orgulhoso do trabalho, que era um dos principais no município. “O tropeiro era aquele que andava no lombo de burros e mulas, em tropas, levando e trazendo alimentos de várias cidades, como Guaçuí e Alegre, e até alguns municípios de Minas Gerais”, afirma Jesus Gomes Vieira.

“Hoje a gente usa o tropeiro para passear, mas a cidade aqui era conhecida por transportar mantimentos através da tropa de burros e mulas. O costume era já chegar em Ibatiba e topar os animais com a cangalha e carroça. Qualquer coisa que alguém precisasse, já estava tudo ali na mão para fazer o transporte. Os tropeiros eram assim”, completou o José Nido Fabre.

POPULAÇÃO ESPERA POR RESPOSTA

Apesar da profissão de tropeiro não ser mais praticada, um grupo de pessoas no município ainda faz a mesma rota que os antigos tropeiros costumavam fazer,  como forma de manter viva a história de Ibatiba. Nesses passeios, o museu era sempre um ponto de parada importante.

“É triste, porque a gente vem em expedição e, antes, podia ficar aqui no museu, agora o lugar está fechado”, lembrou Onézio Gomes.

Para Jesus Gomes, o que eles querem é uma resposta sobre a abertura do museu. “A gente queria pedir aos poderes Executivo e Legislativo que tomem as providências. O museu é uma das coisas mais importantes que nós temos dentro da nossa cidade.”

O QUE DIZ A PREFEITURA

Em nota, a prefeitura de Ibatiba informou que para garantir a segurança de visitantes e servidores, bem como a integridade do acervo, foi necessária a interdição temporária do museu, que teve como base laudos de engenheiros da prefeitura municipal e do resultado de vistorias realizadas pelo Corpo de Bombeiros e por uma museóloga da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), que apontaram a necessidade de intervenções no casarão centenário que abriga o museu.

Disse ainda que, paralelamente a essa medida de segurança, a prefeitura vem buscando parcerias para a realização das melhorias necessárias e o projeto está em fase final de ajustes para reapresentação junto ao Governo do Estado.

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