> >
Mãe e filha contrataram pistoleiros para dar susto em agricultora, diz advogado

Mãe e filha contrataram pistoleiros para dar susto em agricultora, diz advogado

Em depoimento ao delegado Rafael Amaral, nesta quinta-feira (12), acusadas confessaram que pagaram para “dar um susto”, mas a intenção não era matar ninguém, de acordo com informações do advogado de defesa delas

Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 14:56

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Sula Almeida e a filha Flavia Almeida são suspeitas de tramar morte. (Fotos: Reprodução Facebook)

Mãe e filha, presas por suspeita de envolvimento na morte de Thamires Lorençoni, em Vargem Alta, no Sul do Estado, no último dia 30, prestaram depoimentos nesta quinta-feira (12), ao delegado que acompanha o caso, Rafael Amaral, e confessaram que contrataram pistoleiros para “dar um susto”, mas a intenção não era matar ninguém.

As informações são do advogado de defesa, José Carlos Silva, que acompanhou o depoimento, realizado na Delegacia de Rio Novo do Sul. Sulamita Almeida, conhecida como Sula, e Flávia Almeida, mãe e filha, contaram que pagaram R$ 1.500,00 para que criminosos assustassem a Thamires. O objetivo era que ela entendesse que estava gerando problemas, devido ao sofrimento da Flavia, que tinha um relacionamento escondido com o marido de Thamires.

“No depoimento, elas disseram que em nenhum momento falaram em matar ninguém e que a ideia surgiu em função do sofrimento da Flavia, que vinha sendo ameaçada pela Thamires e pelo marido. A Flavia conta, inclusive, que ele, recentemente, fez ela passar uma vergonha, a desmoralizando na frente de todo mundo, em um bar em Vila Maria. Também falou que, por duas ou três vezes, a Thamires jogou a moto em cima dela, lá em Vila Maria”, relatou o advogado.

O OUTRO LADO

A reportagem tentou contato com o marido de Thamires por telefone e também por WhatsApp. Até a publicação desta reportagem, ele não tinha atendido às ligações ou respondido às mensagens.

RELACIONAMENTO EXTRACONJUGAL 

José Carlos também contou que a Flávia confirmou, em depoimento, que ainda tinha um relacionamento com o marido de Thamires, mesmo ele estando casado. “Ela fala que ele queria que fosse escondido e que ele dava esperança de separar da Thamires e assumir o relacionamento com ela. Ela falou que ele a ameaçava e, na hora que ele quisesse, ela tinha que aparecer", diz o advogado.

Sula e Flávia continuam no presídio, em Cachoeiro de Itapemirim, mas em celas diferentes.

DEPRESSÃO

A defesa afirmou ainda que a Flavia sofre com depressão e que isso tem sido motivo de preocupação. “Ela é tremendamente apaixonada por esse rapaz”, ressalta o advogado.

DEPOIMENTO DO MARIDO DE THAMIRES

O marido da agricultora já prestou dois depoimentos ao delegado Rafael, um deles no dia da morte de Thamires e o segundo, em outra ocasião. O advogado acredita que, pela fala dele, é possível identificar que ele tinha contato com a Flávia. “Ele disse que tinha uns 20 dias que não a via, mas dá para perceber que ele tinha contato com a Flávia, porque ele falou que ela mudava de celular direto".

PISTOLEIROS NÃO FORAM LOCALIZADOS

José Carlos contou que até a tarde desta quinta-feira (12), ele não tinha conhecimento se os executores foram localizados. “A defesa tem maior interesse que tudo seja esclarecido. Quem tiver culpa, vai pagar diante da Justiça. Queremos uma investigação segura e o delegado tem feito o trabalho com muita lisura e firmeza", afirmou.

A reportagem de A GAZETA tentou contato com o delegado Rafael Amaral, mas sem sucesso até o fechamento desta matéria.

FINALIZAÇÃO DO INQUÉRITO

previsão dada pelo delegado Rafael Amaral era de que o inquérito fosse concluído ainda nesta semana. José Carlos aguarda essa conclusão. “Nessa fase de investigação a gente só acompanha, mas quem fala nos depoimentos são elas. Só acompanhamos para garantir que não sejam pressionadas ou algo do tipo, mas o delegado também toma as devidas precauções para que seja obedecido o devido processo legal. Assim que o delegado passar as informações ao juiz, ele vai apreciar a necessidade de prisão preventiva ou não delas", disse. 

Assim que o inquérito for concluído, o delegado encaminha as informações ao juiz, que avalia as provas e passa o processo para o Ministério Público. “Essa é a fase judicial e o promotor vai ver a necessidade de oferecer denúncia, se oferecer, os presos são intimados para responder a denúncia. O juiz vai ouvir todas as testemunhas, de defesa e acusação, e dá uma sentença de pronuncia.  Como é um crime doloso contra a vida, vai ao Tribunal Popular do Juri", detalhou o advogado. Todo esse trâmite pode levar meses ou até anos para ser finalizado.

Thamires Mendes, agricultora assassinada em Vargem Alta. (Arquivo da família)

O CRIME: MORTA NA FRENTE DO MARIDO

O crime aconteceu no último dia 30 de novembro. A vítima e o marido estavam em um caminhão, voltando para Santana, zona rural de Vargem Alta, onde moravam, quando um carro os interceptou na estrada.

Imagens da câmera de videomonitoramento de um estabelecimento às margens da rodovia ES 164, que liga Cachoeiro de Itapemirim a Vargem Alta, mostram um carro branco, em que estavam os executores, entrando, às 14h29min25s, na frente do caminhão que era dirigido pelo marido de Thamires.

A versão inicial era de que ela teria sido morta durante uma tentativa de assalto. No entanto, o caso passou a ser tratado como homicídio pela Polícia Civil. As imagens enfraquecem a versão de que Thamires teria sido morta por ter corrido ao ver os criminosos, já que os executores avançaram em direção a ela. O vídeo será anexado ao inquérito.

Nas imagens é possível ver quando o caminhão desce alguns metros na ladeira e um homem aparece correndo, sete segundos depois do início da ação, e vai direto no lado do carona, onde estava a vítima. O comparsa, que tinha ficado no carro, dá a volta e se direciona para a parte de trás do caminhão.

Em seguida, o marido da vítima sai do caminhão às 14h29min59s e corre na direção contrária dos criminosos. Ele volta 17 segundos depois, vai até o lado do carona e começa a sinalizar para outros motoristas que passavam pela rodovia, pedindo socorro. Thamires foi socorrida para um hospital da região, mas não resistiu e morreu.

POLÍCIA CIVIL 

Demanda sobre o caso, a Polícia Civil informou, por meio de nota, que a investigação continua em andamento na Delegacia de Polícia de Vargem Alta. "O prazo legal previsto para conclusão do inquérito policial é de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 dias. Este inquérito policial será concluído no prazo legal. Diligências e oitivas estão em andamento. Não é possível passar nenhum detalhe, pois qualquer divulgação precoce poderia interferir no andamento das investigações", diz a nota.

Este vídeo pode te interessar

"O Disque-Denúncia 181 é a melhor forma da população auxiliar a polícia com informações que levem à prisão de criminosos ou pelo disquedenuncia181.es.gov.br, onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas. O anonimato é garantido e todas as informações são investigadas", finaliza.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais