Os passageiros do ônibus de turistas mineiros que sofreu um grave acidente na tarde deste sábado (2) em Soturno, Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, revelaram neste domingo (3) que o coletivo que saiu de Belo Horizonte, Minas Gerais, com destino ao balneário de Itaoca, no litoral Sul do Espírito Santo, estava com problemas mecânicos desde o início da viagem. Três passageiros - duas crianças e uma mulher - e o motorista morreram.
Segundo uma lista não oficial que a Polícia Militar teve acesso, 55 pessoas estariam no ônibus. O número total de passageiros, porém, ainda não foi confirmado. O proprietário da empresa, Hugo Alcântara, informou que a lista era do total de passageiros previstos para a viagem e que houve desistência de algumas pessoas que não embarcaram. O promotor de vendas Henrique Santos conta que desde a partida já percebeu que havia algo estranho com o veículo.
"Saímos da praça da Cemig e lá já estava apresentando problemas na marcha. Quando o motorista colocava a primeira, ela ficava arranhando. Nisso, fez de quatro a cinco paradas de Lajinha ao Espírito Santo, para continuar e chegar a praia para depois consertar o ônibus e voltar no domingo. Na descida da serra o cabo da embreagem arrebentou, o ônibus ficou sem freio motor, ficou desgovernado", disse o passageiro, que viajava com a família.
A diarista Fabíola Nascimento estava na viagem com o marido. Eles receberam alta neste domingo (3). Ela também diz ter presenciado problemas mecânicos durante a viagem. "A gente já percebeu desde Belo Horizonte que o ônibus estava com problema na embreagem, mas seguimos viagem. Em Venda Nova do Imigrante foi quando começou mesmo a amarrar com arame, aí pararam no posto para fazer uma solda e depois disso o ônibus andou mais ou menos uma hora e meia até acontecer o acidente."
Fabíola contou ainda que, mesmo com dores e ferimentos, conseguiu ajudar a tirar o marido e as crianças do veículo. "Foi horrível, uma cena que não vou esquecer. Só pensei em ajudar as crianças que estavam no ônibus, pois gritavam com medo de pegar fogo. Foi terrível. Não há nem como explicar."
Segundo testemunhas, o ônibus desceu descontrolado, bateu em uma árvore e tombou por volta das 12h30, próximo ao ponto conhecido como curva da morte, em Soturno, distrito de Cachoeiro. O estudante William Jefferson sofreu escoriações pelo corpo, mas já recebeu alta. Ele lembra que, momentos antes do acidente, o ônibus estava em alta velocidade no trecho de descida.
"Coloquei a cabeça para fora da janela para ver o que estava acontecendo. Na hora que olhei, bateu o retrovisor na placa e voltei para dentro, abracei o banco e baixei a cabeça. No impacto, bati a cabeça no banco e ralei o ombro no vidro, mas nada de grave. Quando levantei vi que meu tio perdeu os quatro dedos de uma mão e chamei meu cunhado para ajudar ele a sair", lembrou o adolescente.
Doze passageiros ainda permanecem internados em hospitais de Cachoeiro de Itapemirim. A empresa proprietária do ônibus, Alcântara Turismo, informou que coletivo somente é usado para excursões e é licenciado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Informou que o veículo chegou de viagem e passou por manutenção antes de vir para o Estado. A Polícia Civil disse que já começou a ouvir passageiros para abrir um inquérito e iniciar as investigações sobre o acidente.
Questionados sobre os problemas relatados pelos passageiros durante a viagem, a assessoria jurídica da Alcântara Turismo disse, por meio de nota, que a empresa está "profundamente abalada" com o trágico acidente ocorrido na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, que vitimou quatro pessoas e deixou muitos feridos.
A Alcântara Turismo informou ainda estar prestando toda assistência às vítimas e aos familiares. Em relação às investigações, a empresa contou que está à disposição das autoridades para prestar todos esclarecimentos necessários para a elucidação da causa do acidente.
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